Contribuição feminina ao desenvolvimento da economia é tema do Fórum de Mulheres Líderes

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Uma comitiva de 25 empresárias brasileiras de diferentes setores embarcou para Anguilla e St. Barth, no Caribe, de 17 a 20 de julho para o FÓRUM DE MULHERES LÍDERES, iniciativa do LIDE e do LIDE MULHER, liderado por Sônia Hess, também presidente da Dudalina, com o objetivo de debater a contribuição feminina na economia, os avanços, desafios e oportunidades para os próximos anos.

Denise Rutherford, presidente da 3M para a América Latina, eleita pela Forbes como uma das mulheres mais poderosas do mundo, abriu o ciclo de palestras com a apresentação sobre “A força da liderança feminina e sua capacidade de inovação corporativa”.

A executiva apresentou diversos estudos sobre a importância das mulheres nas empresas. Um deles, o Firts step: women in world, realizado pela Catalyst, organização norte-americana com a missão de expandir oportunidades para as mulheres e negócios, aumentar os níveis de mulheres empregadas pode aumentar o PIB dos países. O aumento do poder econômico das mulheres pode melhorar o crescimento e a estabilidade de forma mais acelerada nos países em desenvolvimento.

Ela apresentou outros dados para comprovar que empresas com mais equilíbrio de gênero nas posições executivas têm melhor desempenho financeiro. Empresas com maior representação de mulheres líderes têm aumento de 56% no EBIT – lucro antes de juros e impostos, e 41% no ROE – retorno sobre o patrimônio, de acordo com pesquisa da McKinsey.

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Empresas europeias com maior proporção de mulheres em cargos de liderança tiveram aumento de 64% no valor das ações ao longo de um período de dois anos versus 47% entre aqueles que não o fizeram.

A 3M realiza um Fórum de Liderança Feminina na América Latina, com o objetivo de formar mulheres para liderarem a empresa em curto prazo. O encontro enfatiza o papel feminino em alavancar a própria carreira. Segundo ela, a autossabotagem é um dos fatores que mais atrapalha, pois muitas executivas dizem que não estão preparadas para assumirem postos mais altos na empresa.

Temos que lutar para que as próximas gerações não tenham que batalhar tanto por mais espaço. Ela defende que as mulheres não devem brigar com os homens no trabalho e sim agir de forma integrada. “Também não quero que eles fiquem para trás”, afirmou.

“É importante que as pessoas saibam o que querem de sua carreira no lugar certo, na hora certa. Não é possível ter tudo, precisamos fazer escolhas. Vamos ser menos perfeitas e trabalhar mais. Temos que fazer a diferença positiva”, recomendou a empresária.

Sob o comando de Denise estão 8 mil funcionários, sendo 43% mulheres, das quais, 23,6% ocupam cargos de liderança. A América Latina é uma região de alto desempenho, responsável por 10% das vendas globais da 3M. No Brasil, são 4.200 funcionários diretos, com faturamento bruto de R$3,4 bilhões em 2013, e 70% da venda é proveniente de produtos manufaturados localmente. “Os latino-americanos são dedicados e talentosos, com forte cultura proativa. Além disso, possuem experiência em lidar com a volatilidade da economia, o que representa um diferencial e facilidade de superar adversidades e encontrar oportunidades”, disse a líder. Para ela, a inovação pode ajudar a servir melhor os clientes.

A filosofia principal de gestão de Denise é fazer uma diferença positiva a cada dia. As estratégias criadas por ela para a 3M são ampliar a relevância nos clientes e presença no mercado; ganhar participação de forma rentável e acelerar a penetração em todos os mercados; investir em inovação, fortalecendo as oportunidades atuais, já que a 3M recebe prêmios mundiais de empresa mais inovadora do mundo, e explorar as megatendências para saber em que áreas atuar; intensificar capacidades para atingir autossuficiência regional; desenvolver talentos de alta performance e com diversidade global; e direcionar consistentemente para níveis superiores de excelência operacional. Para ela, essas estratégias só têm sucesso se o objetivo principal for melhorar cada lar, cada empresa, e a vida de cada pessoa.

A cultura da 3M, há 112 anos, é de reter talentos, realizar planos de carreiras, para que os funcionários fiquem na organização por muitos anos. Cada funcionário sabe que a empresa vai apoiá-lo caso encontre uma oportunidade em outro lugar. Somos uma das 20 empresas mais ética do Brasil e isso nos confere uma posição de confiabilidade.

As áreas prioritárias, identificadas pela área de inovação da 3M são: saúde, varejo, manufatura, mineração, petróleo e gás, consideradas as mais promissoras nos próximos anos. “A Venezuela, por exemplo, é a maior reserva mundial de petróleo com a menor taxa de extração, o que constitui uma excelente oportunidade para nós”, avalia Denise.

“Eu gostaria de ver o Brasil exportando mais para a América Latina, mas ouço muito que o serviço é ruim, a qualidade não é a mesma e que os custos são altos. Esse é o nosso desafio. Queremos que o Brasil participe mais de outros mercados. Hoje 76% do que é vendido no Brasil, é produzido localmente”, exolicou Denise.

Durante a palestra, Denise frisou que a chave do sucesso da 3M é ter funcionários altamente engajados. Para isso, a empresa desenvolve processos de melhoria contínua, planos de desenvolvimento de carreira, centro de aprendizado localizado no Brasil, mas que atende toda a América Latina, melhoria da percepção da empresa como um bom empregador, mentoring. Entre essas ações, ela destacou a importância de se fomentar e fortalecer a cultura vencedora entre os funcionários. “A essência da liderança está na integridade e os líderes devem dar o exemplo. O alinhamento de expectativas também é fundamental, assim os funcionários podem agir dentro do esperado, em busca da excelência. Além disso, considero que essa cultura é uma importante fonte de vantagem competitiva. Não basta crescer, é preciso crescer no caminho certo”, analisou.

Durante o debate com as empresárias brasileiras, Sylvia Coutinho, presidente do banco UBS, questionou sobre as barreiras que mulheres em alta gestão enfrentam como mudança de países e como os homens lidam com essa mudança de paradigma, de passar a seguir a mulher, quando culturalmente as mulheres deixam as carreiras para acompanhar os maridos. “Vejo muito progresso nisso. Na 3M, procuramos nesses casos, encontrar trabalhos para os maridos nas mesmas regiões para onde as esposas são transferidas, pois sabemos que, se a família não está feliz, a carreira não será bem-sucedida. Outro fator que colabora é que hoje em dia os executivos têm filhas de 20 anos que já ocupam cargos de gestão, então fica mais fácil para aceitarem a liderança feminina”.

Sobre a gestão feminina em situações difíceis, Denise disse que as mulheres conferem um toque mais humano. “Tomamos as mesmas decisões, mas de maneira diferente. Os homens pensam nos resultados e vão em frente, eu  procuro agir de forma que as pessoas sintam-se dignas e bem, mesmo em casos de corte de funcionários, por exemplo,” orientou.