A 20ª edição da Casa Cor Minas Gerais recebe a mostra Pau Ferro no ambiente Galeria de Arte, dos arquitetos Fernando Maculan e Mariza Coelho da Mac Arquitetura.
A mostra com curadoria da Pau Ferro Cultural, de Luciana Garcia-Waisberg, é uma exposição coletiva de arte contemporânea que apresenta ao público obras representativas da cena artística mineira.
Esta primeira edição trafega por diferentes suportes técnicos e estéticos para investigar como diversas formas de operação artística trabalham questões ligadas à memória, à identidade, ao lugar e ao afeto. Tomando como diretriz a necessidade de inventariar a cultura e a produção de arte local, nada mais acertado do que adotar o próprio cotidiano do artista como ponto de partida para investigação e mapeamento do que seria essa produção de arte contemporânea mineira e qual o seu lugar no cenário brasileiro.
A partir de uma perspectiva de valorização do mercado e da produção cultural mineira, esta proposta curatorial abarca gerações distintas de profissionais, incluindo artistas que já passaram pela Bienal de São Paulo, como é o caso de Nydia Negromonte e Marco Paulo Rolla e também artistas mais jovens, como Ilan Waisberg, que faz parte da coleção de arte da Pinacoteca do Estado de São Paulo e Pierre Fonseca, que acaba de participar do renomado programa de residência do Museu de arte da Pampulha em Belo Horizonte.
De um conjunto de doze artistas, surge uma narrativa diversificada que incide sobre realidades distintas, mas que abrange temas extremamente parecidos em sua essência. Neste conjunto, vemos histórias que passam pelo doméstico, pelo pessoal, pelo familiar, pelo popular, pela natureza, pelo urbano, pelo coletivo, pelas grandes mídias e por vários outros meios que tangenciam nossas vidas e que abrem novas portas de conexão entre o mundo real e imaginário.
Aqui, pinturas geométricas e coloridas representam uma paisagem industrial cinza e chapada, resquícios de um monumento histórico gravados a seco em uma folha de papel branco delimitam a fugacidade da memória coletiva, placas de sinalização urbana são reinventadas para gerar pequenos desvios no cotidiano dos transeuntes, a natureza morta é subvertida para pensar o processo industrial/midiático em que vivemos, uma pintura tem sua superfície pictórica dobrada e transmutada em objetos de guardar coisas e nos revela novas possibilidades programáticas em suas concavidades internas, finas camadas de terra de minério são fixadas sobre folhas de papel criando pequenas derivas ficcionais, legumes são envoltos por uma camada de barro, o corpo é envolto por uma camada de gesso, uma cabeça é simbolicamente despida de sua pele e manifesta, através de sua transparência, imagens de memórias afetivas, que por sua vez voltam a outros planos pictóricos que darão continuidade a um labirinto de conexões entre o real e o imaginário, o tangível e o sensível, entre memória individual e coletiva.
A mostra acontece até o final da Casa Cor Minas, dia 16 de dezembro.
CASA COR MINAS GERAIS
Período: 14 de novembro à 16 de dezembro
Local: Estrada para São Sebastião das Águas Claras, 1.289 – Nova Lima
Informações: www.casacorminas.com.br ou (31) 3286-4587.