Dados de um estudo da Sparks Consutoria e Inteligência Competitiva, analisados no Debate: “O Futuro da Soja no Brasil”, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio e o Instituto de Estudos do Agronegócio (ABAG), em Brasília, no dia 27 de Agosto. Mostrou que a ausência de ações de curto e médio prazos que reduzam os efeitos danosos da ferrugem asiática sobre a cultura da soja pode resultar em perdas de faturamento da ordem de R$ 39 bilhões para o produtor rural, além de um impacto negativo de R$ 19,5 bilhões nas exportações da cadeia e outros R$ 10,6 bilhões seriam perdidos pela menor arrecadação de tributos
O encontro contou com a participação de representantes dos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Meio Ambiente, além da Embrapa e do parlamento, o presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho destacou a importância desse primeiro encontro para debater os impactos socioeconômico da ferrugem asiática na cadeira produtiva da soja.
Segundo estudo, um dos pontos para solução do problema de ferrugem, que pode , em caso extremo, diminuir em até 3 milhões o número de empregos gerados na cadeia da soja, é reduzir a burocracia dos órgãos de fiscalização sanitária, que impede a aprovação de novos produtos para combater a doença.
No caso de uma situação de risco sanitário como o da ferrugem da soja o caso fica ainda mais sério. Na opinião do secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Gaetani, que participou da abertura do evento, o caminho do diálogo e do acerto de pontos divergentes é o mais indicado.
Na mesma linha otimista, opinou o deputado federal Marcos Montes, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária. A seu ver, apesar do país viver uma situação de crise econômica e política, as várias esferas de poder tem se conversado.
Entre as soluções propostas no encontro destacam-se: criação de uma janela para a semeadura, manejo da cultura na entressafra, semeadura de cultivares precoces no início da época recomendada, monitoramento da doença na lavoura e na região suspeita e aplicação de fungicidas nos primeiros sintomas ou de forma preventiva.
“No caso da janela para semeadura, sabemos que nem todos ficam felizes com essa medida, mas o produtor tem de entender que estamos diante de um fungo muito agressivo e que, se nada for feito, o cenário crítico de perdas desenhado para 2025 pode até ser antecipado”, diz Cláudia Godoy, pesquisadora da Embrapa, que fez uma apresentação no encontro.
Para Eduardo Daher, diretor-executivo da Andef – Associação Nacional e Defesa Vegetal, convencer o produtor de soja a obedecer a janela de semeadura é difícil, principalmente quando os preços da soja estão em patamares elevados.
Com tal análise concorda também outro participante das discussões, o presidente do Instituto Pensar Agropecuária (IPA) e vice-presidente da Aprosoja Brasil, Ricardo Tomczyk. “A possibilidade de se ter uma safrinha de soja é um prato feito para o produtor. Nesse sentido, falar em vazio sanitário é realmente complicado”. No caso do Mato Grosso, segundo Tomczyk o que houve foi uma abordagem equivocada para a comunicação sobre a necessidade do vazio. Segundo Cláudia, já se conseguiu acordos em relação a esse ponto em Estados como Goiás e em outros, como no caso do Paraná, o assunto está bem avançado.
Todos os participantes do encontro promovido pela Abag concordaram que a questão burocrática é o grande empecilho para que o assunto seja melhor discutido e solucionado. “Não resta dúvida que a burocracia se torna ainda pior quando ela se soma à ideologia. Fica complicado conciliar e harmonizar três visões distintas do Ibama, Ministério da Agricultura e Anvisa”, afirmou Girabis Evangelista Ramos, diretor do Departamento de Fiscalização de Insumos Agrícolas e Afins do Mapa.
Fonte: Mecânica de Comunicação Ltda.