Almoço-debate LIDE com Sergio Moro

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Considerado um dos maiores especialistas em crimes financeiros, o juiz federal Sergio Moro foi o convidado do Almoço-Debate promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais que aconteceu no dia 24 de setembro, no Hotel Grand Hyatt, na capital paulista.

Moro falou para uma plateia de 586 empresários, autoridades e líderes participantes do evento. Para ele a corrupção é um problema muito sério e não se restringe somente ao Poder Público, “Nesse caso que estou atuando há diversos indícios de que a corrupção chegou a um nível sistêmico”, afirmou Moro.

O juiz citou algumas ações julgadas de pagamentos de propina a agentes públicos. Uma das explicações recorrentes dos julgados era que “essas eram as regras do jogo”. “Nesses casos, não houve extorsão, e sim prática natural de pagamento de propina – o que é realmente assustador”, disse.

Responsável pela Operação Lava Jato, o juíz é um estudioso da Operação Mãos Limpas, uma das maiores investigações ocorridas na Itália na década de 90. “Vejo a Lava Jato não como uma mudança, mas como uma oportunidade. Não acredito que o País vá mudar se não houver mudanças no âmbito da iniciativa privada e dos setores públicos, inclusive no sistema criminal. A iniciativa privada deve dizer não à propina e denunciar”.

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Segundo o juiz, diminuir a corrupção sistêmica já é um ganho enorme para a economia e para o brasileiro. Segundo ele, a sociedade deve estar vigilante sempre.

Na quarta-feira (23), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu separar as investigações da Lava Jato, tirando das mãos do ministro Teori Zavascki e do juiz Sergio Moro, na primeira instância, a apuração de casos desvinculados da Petrobras. A decisão foi tomada na análise do suposto envolvimento da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) em denúncias no Ministério do Planejamento. Com isso, partes dos autos poderão se espalhar pelo País.

Os ministros alegam que as determinações de Moro até agora não serão anuladas. Sobre o tema, o magistrado disse que é um juiz que tem limitações do que pode falar, especialmente sobre decisões de outras instâncias. “Não me sinto confortável em falar sobre isso”, disse.

Moro afirmou que a decisão foi tomada e que se doações privadas forem novamente permitidas, haveria a necessidade de ter regras muito claras. “Doações não oficiais, o caixa 2, é problema real. Há muitas dúvidas sobre esse assunto”.

O juiz ressaltou que, há alguns anos, foro privilegiado era sinônimo de impunidade e que hoje não mais, mas gera problemas processuais e dificuldades. Esses privilégios legais não são muito consistentes e ele é contra.

Durante o debate, o juiz também afirmou que não desamina perante esses desafios. Comparado ao ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, que teria antecipado a aposentadoria devido a pressões, Moro estaria preparado para suportar intimidações semelhantes. “A despeito de todas as pressões”, respondeu Moro, “sigo em frente”.

Ao final do evento foi apresentada a 108ª edição da Pesquisa Clima Empresarial LIDE-FGV, feita com os empresários presentes ao ALMOÇO-DEBATE, revelando pessimismo acentuado nos resultados, especialmente para 2015. “Os índices apontam as piores notas em 13 anos do levantamento”, avaliou Fernando Meirelles, responsável pela pesquisa e presidente do LIDE CONTEÚDO.

 

Fonte: CDN Comunicação