Boas perspectivas

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Kai Hattendorf, diretor geral da UFI, traça panorama positivo para o setor de feiras no Brasil e no mundo em 2017

Jornalista de formação, o alemão Kai Hattendorf trabalhou em grandes agências internacionais de notícias, arriscou-se em uma startup de tecnologia, mas se encontrou mesmo na indústria de feiras e eventos. Sempre presente nas exposições, mesmo quando atuava ainda nas reportagens, Kai recebeu um convite para se juntar à Messe Frankfurt, uma das principais promotoras de eventos do mundo. Nesta época, ele trabalhava no Deutsche Telekom Group, onde realizava uma série de trabalhos em torno de comunicações estratégicas. Convite aceito, Kai passou oito anos na Messe Frankfurt, onde exerceu várias posições de liderança em comunicações, marketing e negócios digitais. Só deixou a promotora em 2015, para assumir o cargo de diretor geral da UFI, The Global Association of the Exhibition Industry. A associação, que reúne os principais organizadores de feiras de negócios do mundo, representa cerca de 50.000 funcionários da indústria global de exposições e é formada por mais de 700 associados, de 84 países.

Quais são as principais atividades realizadas pela UFI?
Seguimos três vertentes principais de atividades: promover a indústria de exposições; informar os membros da nossa indústria sobre desenvolvimentos e tendências por meio de pesquisas e projetos educacionais; e, por fim, organizar e realizar eventos em todo o mundo para reunir líderes e especialistas da nossa indústria.

Recentemente, a UFI realizou a 83ª edição do seu congresso global em Xangai, na China. Qual é o saldo que você faz do evento, as referências e resoluções que foram debatidas?
O congresso global da UFI é realizado em uma região diferente do mundo a cada ano. Em virtude disto, fazia 10 anos que tínhamos realizado uma edição na China. Foi o maior evento que já realizamos, com a presença da maioria dos membros, maior número de palestras e palestrantes, etc. Um dos principais pontos levantados é que, apesar de uma desaceleração no crescimento econômico global, as exposições estão indo bem. O nosso setor espera, em média, um crescimento contínuo do volume de negócios para o próximo ano. Os dados apresentados em Xangai sugerem que, em 2017, o crescimento da indústria de exposições pode realmente exceder o crescimento econômico global. Ao mesmo tempo, nos últimos meses, vimos uma votação do Reino Unido sobre o “Brexit”, um fracassado golpe na Turquia, tensões crescentes entre a Rússia e o Ocidente, um acordo de paz colombiano rejeitado pelo povo e uma eleição presidencial nos EUA que dividiu o país. Tudo isso equivale a um nível crescente de incertezas em torno da política e dos negócios. Os acordos comerciais devem ser eliminados? Viajar para mercados vitais permanecerá fácil e seguro? Como os mercados se adaptarão aos níveis cambiais em constante mudança? Existem inúmeras questões sendo abordadas em salas de reuniões empresariais em todo o mundo. É impossível prever como isso irá impactar em nossa indústria.

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Como estão as atividades do Capítulo Latino-Americano?
O Capítulo Latino-Americano representa nossos membros e coordena nossas atividades na região. Apesar de ser o menor Capítulo Regional da UFI, continuamos a ver um crescimento constante nos sócios e estamos muito ativos. Este ano, eu mesmo realizei duas viagens à América Latina. Em março, para o Chile, para participar do Congresso AFIDA e, em seguida, para Buenos Aires, para reuniões com o governo e as partes interessadas da indústria de exposições. Em agosto, viajei para o México para participar do Congresso AMPROFEC, juntamente com o presidente da UFI, Sergey Alexeev. Isso mostra nosso compromisso com a região e que estamos sérios em fortalecer nossos relacionamentos e nossa influência. Queria muito ter participado do ESFE (evento realizado pelo Grupo Radar) em fevereiro, mas infelizmente ele coincidia com o nosso segundo maior encontro da UFI, o Seminário Aberto na Ásia.

Falando sobre o Brasil, como a UFI vê a atividade de feiras e eventos no nosso país?
O Brasil tem, naturalmente, sofrido com turbulência política e econômica nos últimos anos, e todos na indústria de exposições sabem os efeitos que isso ocasiona em nosso setor. No entanto, temos números e dados que sugerem que as coisas podem melhorar. Realizamos uma pesquisa semestral sobre o desenvolvimento do nosso mercado, o “Global Exhibition Barometer”, e nos últimos dois anos temos coletado dados específicos para o Brasil.

E o que apontou?
Os resultados do nosso último relatório, publicado em julho, mostram que 70% dos entrevistados esperavam que o volume de negócios aumentasse no primeiro semestre de 2017. Além disso, pesquisas realizadas a partir do Relatório Globex da AMR, apresentado na reunião do Capítulo Latino-Americano no nosso congresso em Xangai, mostram que o mercado de feiras brasileiras deverá crescer aproximadamente 4% ao ano até 2020, impulsionado por vários fatores, incluindo a participação internacional (graças ao câmbio), a recuperação de algumas indústrias subjacentes e o desenvolvimento de uma cultura de feiras fora de São Paulo. Se você levar em conta também as melhorias na infraestrutura da cidade de São Paulo e os benefícios que a presença de organizadores internacionais podem trazer, aliados ao tamanho e força da economia (uma vez que a situação política seja resolvida), as perspectivas para o Brasil são as melhores possíveis.

Até meados de 2016, o Brasil teve Ligia Amorim como vice-presidente da América da UFI. Com sua saída do mundo das feiras e desta posição, como é o trabalho feito pela UFI no Brasil?
Estamos muito gratos a Ligia pelo seu inestimável apoio como vice-presidente do nosso Capítulo Latino-Americano e lhe desejamos tudo de melhor no futuro. No entanto, ainda estamos muito bem apoiados no Brasil. Trabalhamos em estreita colaboração com a UBRAFE, assim como fazemos com todas as 55 associações nacionais e regionais parceiras, para apoiá-las onde pudermos. Além disso, desde o ano passado, o Grupo Radar tornou-se um dos nossos parceiros de mídia oficiais que ajudam a levar a mensagem UFI dentro do Brasil. Por último, estamos muito gratos aos nossos membros por seu apoio às nossas iniciativas, incluindo a participação na pesquisa do “Global Exhibition Barometer”.

Teremos algum outro representante brasileiro na vice-presidência do Capítulo?
Realizamos eleições de três em três anos para todos os nossos órgãos de tomada de decisão, incluindo os nossos Capítulos Regionais. A eleição será em junho de 2017. Assim, no início do próximo ano, estaremos em contato com nossos membros no Brasil para pedir que eles nomeiem seus candidatos para a posição. O Brasil é o maior país entre os membros da América Latina e, por isso, espero que exista um representante brasileiro ocupando uma posição. A cadeira de Capítulo também tem um assento no comitê executivo da UFI, que é uma posição com influência considerável.

Qual é a perspectiva para o setor de feiras na Europa com o “Brexit”? O que muda?
A próxima edição do nosso “barômetro”, que mencionei há pouco, está em curso, mas quando realizamos a consulta pela última vez, no verão europeu (antes do referendo da União Europeia), a expectativa no Reino Unido era positiva, semelhante à da América do Norte. As perspectivas também eram boas em vários outros mercados europeus. Na Alemanha, porém, menos da metade dos participantes do estudo anteciparam um crescimento para o primeiro semestre de 2017, em comparação com 2016. Na Turquia, um número significativamente menor de empresas relataram lucros crescentes em comparação aos levantamentos anteriores do “barômetro”. A situação na Rússia permaneceu estável.

Membros brasileiros na UFI
Reed Exhibitions Alcantara Machado, UBM Brasil, Fagga Promoção de Eventos, Grafite Feiras e Promoções, Hannover Fairs Sulamérica, NürnbergMesse Brasil, Koelnmesse / Interfeiras, Riocentro , Expo Center Norte, Transamerica Expo Center, WTC São Paulo, UBRAFE e Grupo Radar.

 

Entrevista tirada da Radar Magazine edição 36.
Para ter acesso a versão digital da Radar Magazine 36, acesse: Radar Magazine edição 36.