Profissionais do setor de eventos e empresas fornecedoras do mercado estão se mobilizando em busca de alternativas e medidas para evitar o desemprego em massa e outras consequências drásticas que podem ocorrer devido à paralização do mercado pelo coronavírus.
A indústria, que anualmente movimenta R$ 936 bilhões no país e é responsável por cerca de 25 milhões de empregos diretos e indiretos, já estima 55% de desemprego. Com dezenas de eventos cancelados e empresas do setor totalmente paradas, é preciso minimizar os prejuízos para que a situação não se agrave ainda mais, alertam os profissionais.
“A indústria de Eventos é uma das mais importantes da economia nacional e grande geradora de empregos. A cadeia de profissionais envolvidos no planejamento, na produção e execução de eventos é gigantesca. São diretores de produção, gerentes de produção, atendimentos, planners, criativos, diretores técnicos, técnicos, artistas, produtores gráficos, apoios, limpeza, carregadores, seguranças, maquiadores. Uma infinidade de profissionais liberais que estão sucumbindo a esta crise, perdendo seus trabalhos sem perspectivas de quando poderão voltar a trabalhar. Pois as empresas contratantes não estão sinalizando retomada de projetos, deixando as agências e todo o mercado sem sinalização de novos negócios nos próximos meses que possam gerar novos trabalhos para essas pessoas”, afirma o produtor executivo Felipe Guedes.
Pagamentos
Guedes, que acompanha de perto o drama do mercado, divulgou vídeo no Youtube expondo a situação e, entre as principais medidas para que o problema não piore, sugere que, as empresas – tanto agências quanto clientes – negociem para priorizar a remuneração dos profissionais que já estavam contratados para trabalhar nos projetos que foram cancelados ou adiados.
“Quando o cliente derruba um projeto é importante não deixar de pagar os profissionais que estavam comprometidos a trabalhar nos eventos. Do contrário, colocamos essas pessoas diretamente dentro da crise. As agências sozinhas não terão como bancar esses profissionais se os clientes não fizerem sua parte também, honrando, dando suporte, sendo parceiros das agências neste momento. E as agências devem ser parceiras dos clientes, trabalhando em soluções para que aquela verba, que antes iria para um evento, possa ser direcionada a uma outra ação que possa trazer um resultado positivo para a marca do cliente. A parceria, compreensão, cooperação de toda a cadeia podem salvar empregos, valorizar as marcas e dar um pouco mais de segurança a todo o setor. É hora de negociar, de estarmos juntos e trabalhar em conjunto para termos o melhor resultado para toda a cadeia”, apela.
A inadimplência já está sendo sentida pelas empresas fornecedoras desde o início da paralização. “Estamos 100% parados desde o dia 14, recebendo de volta os caminhões com os nossos materiais que estavam na rua, com todos os eventos até junho sendo cancelados. Prometemos à nossa equipe que não iremos demitir, por isso contamos com a ajuda das agências, que já estão deixando de fazer pagamentos, prazos absurdos que chegam a 300 dias já estão nos prejudicando demais. Não recebemos nada desde o dia 14, em 20 anos de mercado nunca passamos por uma situação como essa e se perdurar, não vamos segurar por muito tempo”, alerta o diretor da Sky Company e Sky Energia, Daniel Stacciarini.
A INFOX AGÊNCIA, que atua diretamente com mão de obra, também está sentindo diretamente o impacto da paralização. “Trabalhamos em parceria com diversas agências e, há duas semanas, perdemos em um único dia mais de 12 eventos e a situação vem se agravando diariamente. Estamos fazendo de tudo para preservar todos os nossos colaboradores e tentando encontrar saídas para que os profissionais de serviços autônomos, como promotores, seguranças, limpeza, carregadores, não fiquem desamparados”, afirmou Breno Augusto Vieira França, diretor.
Dividir prejuízos
Entre as ações propostas por Felipe Guedes, que atua há 14 anos com Eventos, está um movimento que ele denomina “De Mãos Dadas com a Sua Agência”.
“Nossa proposta é para que as empresas adotem uma agência para assumirem seus eventos, sem concorrência, por um período mínimo de 10 meses. Este movimento ajudará nos custos fixos da agência, que poderá dar melhores negociações aos clientes, já que todos nós sabemos que o custo das concorrências está cada vez mais alto para as agências. É uma forma de manter a economia funcionando, as pessoas trabalhando, os clientes passando segurança para suas agências e elas, por sua vez, entregando um excelente resultado”, sugere.
Outra sugestão é reduzir os prazos de pagamento já praticados pelo mercado. “Nosso mercado já trabalha com toda a cadeia prejudicada pelos prazos estendidos, que passaram a ser normais dentro do setor e chegam a 180 dias. Diante dessa situação sem precedentes, queremos pedir que as empresas clientes não paguem nenhum projeto acima de 30 dias nos próximos 12 meses, para que agências não tenham que ter mais desgaste interno para executar eventos”, propõe.
E enfatiza: “Voltar e reerguer vai ser um desafio que não vai acabar em 2020. Se o cliente não ajudar, a agência não vai funcionar e o mercado vai estar desabastecido na entrega dos eventos. Teremos agências fechando no próximo mês e, lá em julho ou agosto, as que sobreviverem não terão condições de participar de concorrências para entregar trabalhos de qualidade pois mal conseguirão equilibrar o prejuízo. Se o mercado e os clientes não derem as mãos agora, todosvão sair perdendo”, finaliza Guedes.