Em entrevista, Alexis Pagliarini (AMPRO) fala sobre os impactos do COVID-19 no setor de eventos

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Alexis Pagliarini tem extenso histórico no mercado de Live Marketing. Foi o head desta área na Coca-Cola do Brasil e na Honda Motors, além de ter sido sócio de uma agência especializada (Impact) e diretor de marketing de um dos maiores complexos para eventos no Brasil: o WTC Events Center/ Sheraton São Paulo WTC Hotel. Além de ter atuado como VP da AMPRO entre 2005 e 2015, foi também o idealizador e coordenador do primeiro workshop sobre Promo & Activation do Cannes Lions, realizado em Cannes, em 2008.

Em janeiro deste ano, Alexis foi o escolhido para ocupar o posto de Presidente Executivo, a AMPRO – Associação de Marketing Promocional.

Como você avalia os prejuízos para o setor de eventos do Brasil com o COVID-19?

São muito importantes. Como sabemos, o primeiro bimestre do ano é muito fraco para o setor. A crise, portanto, pegou o setor na pior hora, quando todos estavam começando a programar suas atividades, com concorrências e Jobs acontecendo. A interrupção abrupta acontece num momento que as agências e os fornecedores estão descapitalizados.

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Hoje a agenda de adiamentos e/ou cancelamentos já atinge eventos marcados para o final de maio. Como você acha que ficará a relação espaço para eventos x eventos? Na sua opinião, teremos agenda para todas estas alterações?

É um “bom” problema. A Ampro capitaneou campanha “Não cancele. Remarque”. É muito melhor lidar com a disputa por espaços do que a ausência de atividades.

Quais tem sido as principais solicitações dos associados junto a associação? Quais medidas estão sendo (e serão tomadas)?

A expectativa é por um fôlego que permita os associados a manterem seus negócios e empregos durante um período de estagnação. Portanto, a principal demanda é por crédito subsidiado e moratória de impostos e demais despesas governamentais. A Ampro foi signatária de pleitos coletivos, um deles capitaneado pela ForEventos, reunindo instituições relacionadas a eventos, e outro via Apresenta, que reúne players do setor de entretenimento, principalmente do Rio. Mas houve também muitas demandas específicas, na área trabalhista e de contratos. A Ampro emitiu diversas orientações jurídicas, seja por meio de entrevistas, seja por intermédio de “guias”.

No caso das solicitações feitas juntos ao governo, já ocorreram respostas?

Com a quarentena generalizada, praticamente todos os setores da economia sofrerão com a interrupção de negócios. Nessas circunstâncias, o governo está apresentando medidas que possam minimizar todos os setores, indistintamente. A DesenvolveSP abriu linha de crédito em condições especiais para a indústria da Cultura e Criativa, que envolve também nossa área. O BNDES também acena com crédito em condições especiais, assim como outras instituições bancárias. Há ainda a moratória de alguns impostos (Simples, por exemplo). As aéreas e o setor de turismo, que sofreram impacto mais visível e mensurável, estão sensibilizando o governo para uma linha de socorro específico.

Quais orientações estão sendo dadas aos associados?

A maior parte delas, no campo jurídico, para que eles possam tomar decisões quanto ao regime de trabalho com seus empregados e lidar com distratos e cancelamentos com clientes e fornecedores.

Após toda a crise passar, quanto tempo você avalia para o setor se recuperar?

O problema é a falta de clareza quanto ao ciclo mais agudo da crise. Serão 3 meses, 6 meses, ou mais tempo sem Jobs? Quando os clientes se sentirão confortáveis para retomar seus projetos? Felizmente, boa parte dos eventos está sendo objeto de adiamento (e não cancelamento). No caso de adiamento, a retomada é mais clara, quase que imediata. Mas eu acredito que a normalidade só retorne depois de um ano.