Monica Kalman fala sobre sua experiência de 20 anos nos mercados português e brasileiro de eventos

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Realizar projetos com sistemas modulares para construção sustentável, montagem de stands, exposições, eventos e cenografia com um design arrojado, inovador, sustentável e adaptado à cultura local.

Está é a missão da Modular Arquitetura Sustentável, fundada por Monica Kalman. Nascida no Brasil, Kalman mudou-se para Portugal com sua família na década de 80, tendo seu primeiro contato com o país. De volta ao Brasil descobriu sua paixão pela arquitetura, ingressando na FAAP para colocar em prática este amor. “Em 1998 fiz uma viagem para a Europa e decidi transferir a faculdade para a Universidade de Lisboa e aqui reinicie o curso e me formei arquiteta”, conta a executiva.

Foi em terras lusitanas que a Kalman teve contato com o setor de eventos, trabalhando para a IDC Portugal onde era a responsável por desenvolver peças gráficas e a organização dos eventos.

O sistema utilizado para a montagem os stands e cenografia era de uma marca alemã presente em Portugal, modular, versátil com um design inovador e sustentável. A arquiteta se encantou pela técnica e, já formada, abriu seu próprio escritório de arquitetura e design em Lisboa. Em 2011 a com a crise instalada na Europa, Kalman resolveu aceitar o desafio de desenvolver o mercado brasileiro utilizando as mesmas estruturas que tinha trabalhado nos eventos em Portugal.

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Monica nos contou mais da experiência dela ao longo destes anos

Como foi a entrada no mercado brasileiro de eventos?

Quando cheguei ao Brasil, fiz uma análise do mercado e dividi em dois seguimentos, o mercado promocional que atua em feiras de negócios, eventos corporativos e stands, e o mercado cultural, focado, em exposições, mostras, feiras de arte, design e fotografia. Acreditei na inovação, design arrojado e sustentabilidade que esses produtos oferecem e as grandes possibilidades dentro de um mercado enorme que o Brasil podia oferecer. Primeiramente desenvolvi as ferramentas para a fabricação dos sistemas pila petite e clic e fechei os primeiros trabalhos montando feiras de negócios utilizando a mesma técnica de fechamento que utilizava na Europa, mas senti que era necessário adaptar o sistema para a cultural brasileira, o que eu chamei de tropicalização.

Quais as diferenças que você vê entre os mercados brasileiro e português neste setor?

O mercado brasileiro tem uma forma muito particular de trabalhar com os sistemas já existentes, a montagem básica, mista e a tradicional construída. Vi uma oportunidade para introduzir um novo sistema modular de patentes alemãs.  A grande diferença é que na Europa, principalmente a Alemanha, a técnica dos sistemas modulares fazem parte do visual do stand e no Brasil há uma exigência que a estrutura não seja visível e os materiais de fechamento constituam a estética e tenham a função de destacar o produto, ou seja há uma conceito de desenho muito forte na plástica da montagem.

Quais foram seus primeiros trabalhos no Brasil?

Os primeiros trabalhos que fiz foram na área promocional, mas tinha uma vontade enorme de trabalhar com montagem de exposições e, apresentando o sistema para alguns museus, vi a real necessidade de desenvolver novas técnicas de aplicação de materiais, como chapas de mdf, acrílico, tecido, ps nas estruturas modulares. Assim em 2016, introduzindo peças acessórias ao sistema, começo a fazer montagens no mercado cultural, iniciei pelo museu da energia, Prêmio Akzo Nobel no Tomie Ohtake, mostra de museus, MAP Faap, tornando uma montagem mais tropical.

Falando deste trabalho na área cultural. É um mercado mais exigente?

O mercado cultural possui uma exigência mais plástica na montagem. Em algumas montagens é possível introduzir os sistemas modulares visíveis como parte da expografia, mas posso dizer que na maior parte dos casos, há uma enorme resistência que os elementos que constituem os sistemas façam parte do desenho da exposição.

Assim, com técnicas de encaixe dos materiais na estrutura que ocultam totalmente ou parcialmente as peças do sistema, fui encontrando o desenho ideal para cada projeto e daí o resultado alcançado montando projetos como, a Mostra de Museus da Secretaria do Estado de São Paulo, Semana de Arte, Bienal, Feira Paralela na Oca, Artrio, Exposição Fotografar, Casa das Rosas, dentre outros.

Imagino que você também deve ter sentido uma diferença em relação ao funcionamento da empresa no Brasil em relação a Portugal…

Foi necessário fazer uma leitura da gestão de uma empresa no Brasil com todas as implicações burocráticas, fiscais, trabalhistas e etc., que isso implica. O Brasil assusta muito os estrangeiros porque é difícil de entender como conseguimos trabalhar nesse caos e instabilidade. Desde o início, sempre mantive uma estrutura enxuta e aprendendo em cada trabalho. Fiz um investimento inicial nos moldes e no primeiro lote de peças, conforme ia entendendo o mercado e captando novos trabalhos, realizava o investimento através do próprio recurso do projeto. Só tenho a dizer que foram incríveis estes últimos anos o meu trabalho no Brasil, principalmente em São Paulo, que, apesar de um mercado bastante competitivo há muita oportunidade.

Com a chegada da pandemia impactou na empresa?

Desde 2016, vínhamos com um crescimento de resultados, principalmente pela atuação no mercado cultural e nos firmando nesse mercado.  Com a pandemia os trabalhos foram todos suspensos e cancelados. É claro que foi um impacto enorme, mas a crise de 2015-2016, já tinha me ensinado a ter uma estrutura enxuta, o que permitiu focar no que vinha por aí com toda essa transformação.

E como vocês se adaptaram a esta transformação?

Com certeza a transformação digital é o grande futuro e é aí que temos que apostar. Eu acredito que aos poucos os eventos e exposições vão voltar, mas não da forma que fazíamos antes. O mundo viu-se obrigado a se digitalizar mais rapidamente e o futuro será uma fusão entre o físico e o digital. E descobrimos que isso traz algumas boas vantagens financeiras, de maior alcance de visitantes e de interação com os prospects. A pandemia também traz uma enorme oportunidade para os sistemas modulares, na medida que é possível ter um desenho mais arejado, com menos tempo de montagem, mais sustentável e inovador.

Como tem sido a procura por soluções digitais?

Temos sido muito procurados por expositores e organizadores de feiras eventos tanto para a montagem de uma solução 100% digital como a digitalização de montagens já realizadas. Com todos esses anos atuando no mercado desenvolvi uma carteia e confiança de clientes, que vão nos acompanhar nessa transição, é uma mudança tanto para as empresas de cenografia, como para organizadores, expositores e fornecedores em geral do mercado. 

Crédito da imagem: Denise Andrade na galeria Thomas Baccaro