Feira desmontada, protesto e nova onda de cancelamentos. Os efeitos da nova proibição de eventos na Itália

Anúncio

60.000 m² de área de exposição, mais de 1.350 empresas presentes, 12 salas temáticas e 77 iniciativas especiais. Os números são da MECSPE, importante feira internacional e referência da indústria 4.0 e do setor mecânico especializado na Itália, que seria realizada de 29 a 31 de outubro em Parma.

Mas em plena fase de montagem, veio a notícia do repentino Decreto Primeiro-Ministro (DPCM) de 25 de outubro que, no art. 9, proíbe a organização de “feiras de qualquer natureza”. A feira, que tinha começado sua montagem no dia 24, teve que iniciar o processo inverso e esvaziar o pavilhão novamente.

“É um duro golpe, tanto para a Feira quanto para as empresas do setor que apreciam a MECSPE há 19 edições, encontrando novas tecnologias, soluções para todas as cadeias produtivas e formação contínua, além de um momento único para fazer negócios e encomendas”, comentou em comunicado Ivo Nardella, Presidente do Senaf e realizador do evento.

O setor mecânico responde por 8,1% do valor adicionado de toda a economia e 6,1% do emprego e apenas na Emilia Romagna, região onde seria realizado o evento, a cadeia de abastecimento da Mecânica representa 56,5% das exportações, amplificando os limites dos danos que esta decisão acarreta para o setor.

Anúncio

“O novo DPCM contrariava o anterior sem levar em conta os tempos de planejamento de um evento profissional como o MECSPE. Além disso, acreditamos que nenhum momento de consulta foi previsto nem com a Confindustria nem com a AEFI. Uma feira que tem impacto profissional junto a quase 90.000 trabalhadores entre empresários, trabalhadores qualificados, técnicos, engenheiros e que impulsiona um setor estratégico para a recuperação do país, não pode e não deve ser realizada da mesma forma que uma festa de aldeia. Esperamos ser convocados pelo Ministro da Economia e Finanças Roberto Gualtieri para avaliar a extensão dos danos”, completou Nardella.

Protesto de montadores

O cancelamento abrupto provocou de imediato o protesto de profissionais que estavam envolvidos no evento. Os manifestantes relembraram que o setor empresa mais de 210 mil pessoas em toda a cadeia. “Agora mesmo estávamos começando a ver uma pequena recuperação. Agora tudo está parado novamente com clientes que investiram muito dinheiro. Pedimos ajuda, também temos famílias para sustentar”, diziam os manifestantes.

Onda de cancelamentos

O decreto provocou ainda outros danos em feiras e eventos italianos. O Italian Exhibition Group (IEG), que na última semana realizou três feiras, foi obrigada a adiar a Ecomondo e a Key Energy – previstas para acontecer de 3 a 6 de novembro com a participação física de 650 empresas.

Como solução de última hora, o IEG ampliou sua plataforma digital que seria destinada a complementar o evento físico. A versão, agora 100% virtual, dos eventos serão realizadas de 3 a 15 de novembro de 2020.

O Rimini Fiera, centro de exposições onde seriam realizadas as feiras da IEG, também viu cancelada a Surfaces, exposição de materiais e produtos inovadores que estava agendada para acontecer de 19 a 21 de novembro de 2020.

Em dezembro o pavilhão tem ainda agendada a Ginnastica in festa, entre os dias 4 e 8, mas o futuro deste evento ainda é incerto – uma vez que o decreto proíbe feiras até 24 de novembro.