Dois anos de hiato. Um novo mercado digital descoberto. Milhões de trabalhadores sem emprego, rotina. Uma retomada possível, com organização, planejamento e principalmente, recapacitação de mão de obra se faz necessária no setor de eventos.
“A mesma retomada que tanto desejamos, é enfim real, mas não estamos considerando o fator humano e as perdas de mão de obra qualificada”, afirma Ana Medeiros, do Grupo MM.
Todas as etapas da cadeia foram afetadas: dos clientes que tinham a verba, e reduziram para digital; das agências que estão retomando folego após dois anos apenas digitais, da mão de obra responsável pela produção dos eventos, que envolve marcenaria, projeto, iluminação, hidráulica, carreto, entre muitos outros prestadores de serviços.
Muito aqui se perdeu em especial pessoas com experiência e habilidade técnica de produção diante do êxodo do mercado.
O processo criativo não fica de fora dessa cadeia. “Com a retomada, escolher profissionais pelo preço e não pela bagagem e experiência tem sido frequente”, afirma Carlos Pazetto, diretor criativo. Isso traz para o mercado uma fragilidade na tomada de decisões que afetam a cadeia como um todo.
“Projetos criativamente frágeis e inexperientes geram entregas caóticas e resultados inexpressivos. Mais do que preço, é hora de valorizar a experiência e a criatividade”, completa Pazetto.
Na retomada, São Paulo contou na mesma semana, com dois eventos de altíssimo público, projetos enormes. Se de um lado marcas com budget defasado desde 2019 e, claro, novas expectativas, do outro agencias tentando entregar com o melhor caminho estratégia + projetos completos e inovadores.
O resultado: eventos grandiosos com público qualificado e grandes negócios voltando a acontecer, mas erros que comprometem a cadeia, como tetos de stand desmoronados, fornecedores e clientes sem alinhamento já na reta final da montagem, até mesmo um incêndio em um dos stands.
Voltar o mercado é urgente, mas ele também precisa de planejamento, tempo e ser gradativo. Dois eventos de grande porte na mesma semana em uma retomada estão levando o status saúde mental a um nível ainda mais baixo.
Consenso entre todos os profissionais da área, o momento atual é desorganizado e precisa urgentemente de diálogo e empatia. “Matéria-prima e mão de obra estão escassas e, quando encontradas, caríssimas. Isso afeta diretamente o preço de todas as etapas, que sobe em cascata”, afirma Filipe Catarino, Sócio-Diretor da Fcmax Stands.
Outro ponto fundamental são os prazos: não somente entre briefing e aprovação, mas principalmente de eventos grandes com montagem e desmontagem.
“Estamos trabalhando com pelo menos um dia a menos na montagem de grandes eventos e a desmontagem é ainda pior. Em alguns casos, o que tínhamos antes 2 dias, agora chegam a ser poucas horas (menos de um dia), o que afeta segurança dos profissionais, perda de material e uma desorganização generalizada”, completa Filipe.
“As pessoas esperaram por dois anos para poder se reencontrar, e os grandes festivais, eventos, feiras e congressos são as melhores oportunidades para esse encontro, pois oferecem experiências únicas”, afirma Gaetano Lops, presidente da Gael Comunicação e Entretenimento.
“As marcas têm aqui uma grande oportunidade de falar com seus públicos, mas a escolha dos fornecedores com responsabilidade, as verbas adequadas e o tempo correto para criar e planejar cada evento são primordiais para que não ocorram acidentes sérios que prejudicam todo o setor”, completa.
“Nós, profissionais de eventos, somos humanos e criamos experiências únicas para pessoas. É preciso respeitar que é um novo momento, agir com calma, cautela, e sobretudo escalonar passo a passo”, finaliza Ana Medeiros.
Fonte: Conteúdo produzido pela Agência Viva!