POR FABIO DAMAS
A pandemia de Covid-19 trouxe prejuízos em diferentes escalas para todos os setores da economia e sociedade global. O segmento de eventos, por exemplo, foi um dos mais afetados com o lockdown e todas as medidas de isolamento.
Felizmente, esse mercado vem ganhando fôlego pós-pandemia, visto que, segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), em 2023, o faturamento do setor teve um crescimento de 105% em relação a 2019, ultrapassando os números pré-pandêmicos.
No ano passado, foram realizadas 125 feiras, 15% a mais do que no mesmo período de 2022, quando foram promovidas 109. Para se ter uma ideia, somente no primeiro semestre de 2023, o mercado de eventos se posicionou como um dos maiores geradores de emprego no país, com 12.348 vagas, ante 8.676 em 2022.
O consumo desse nicho durante o período chegou a R$57 bilhões, 14,4% a mais que em 2022 (R$49 bilhões).
Para esse ano, em termos de rentabilidade, de acordo com a Associação, o Brasil projeta crescimento de 19%, ocupando uma posição entre os cinco maiores países no setor.
Isso mostra sua importância em sediar eventos, sejam eles corporativos, culturais, esportivos ou sociais, tanto em nível regional quanto global.
Vale reforçar que o território nacional apresenta características únicas que o tornam competitivo, como sua diversidade cultural e turística, uma boa infraestrutura para grandes eventos, além de um mercado corporativo altamente dinâmico.
São Paulo, por exemplo, é o principal centro de negócios da América Latina, atraindo feiras internacionais e conferências de diversos setores, como tecnologia, empreendedorismo, saúde e agroindústria.
No entanto, o país também enfrenta grandes desafios, influenciando diretamente sua posição no mercado global de eventos. Os altos impostos e processos burocráticos podem desestimular organizadores de encontros internacionais.
Além disso, a logística para movimentação de equipamentos e equipes muitas vezes acaba sendo onerosa.
Ainda, o Brasil possui uma infraestrutura regional muito desigual, visto que, apesar do investimento nas principais capitais brasileiras, outras regiões enfrentam desafios nesse aspecto.
Consequentemente, a concentração de feiras em grandes centros urbanos limita o potencial de desenvolvimento em áreas mais isoladas.
Apesar desses gargalos, o país segue em ascensão e ditando algumas das principais tendências para o segmento, como é o caso da promoção de eventos mais sustentáveis.
Vale reforçar que há uma demanda crescente por esses modelos de eventos, que inclui iniciativas como redução de resíduos, uso de energia limpa e incentivo ao transporte coletivo, por exemplo.
Além disso, plataformas tecnológicas estão sendo cada vez mais integradas a feiras corporativas e culturais. Aliado a isso, os organizadores estão investindo em tecnologias, como realidade aumentada, inteligência artificial e gamificação para criar experiências diferenciadas durante esses encontros.
Por fim, é importante reforçar que, com o avanço da tecnologia, o foco em produções mais sustentáveis e a retomada de eventos presenciais após o período de pandemia, o Brasil tem grande potencial de reforçar sua posição como um dos mercados de eventos mais relevantes em cenário global.
Porém é preciso, no entanto, de investimentos efetivos em infraestrutura, redução da burocracia e estratégias de marketing internacional que cativem o público e a realização de grandes produções.
*Fábio Damas é CFO e Sócio Fundador da Bilheteria Express