A XV Bienal Internacional do Livro do Ceará foi lançada oficialmente na última semana, marcando o início da contagem regressiva para o evento agendado para 4 a 13 de abril de 2025.
Com o tema “Das fogueiras ao fogo das palavras: mulheres, resistência e literatura”, a Bienal é uma iniciativa do Governo do Estado do Ceará e acontece no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza.
O evento conta com parceria do Instituto Dragão do Mar (IDM) e apoio do Ministério da Cultura (MinC), via Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. O evento tem como patrocinadores a Rede Itaú, Cagece e Cegás.
Durante o lançamento, foram apresentados o conceito e a identidade visual da Bienal, bem como as autoras e os autores já confirmados, além do time de curadoras e coordenadores dos espaços.
Nesta edição, a curadoria da Bienal Internacional do Livro do Ceará é inteiramente feminina, formada pelas escritoras Sarah Diva Ipiranga, nina rizzi, Amara Moira e Trudruá Dorrico.
Elas estarão sob a coordenação geral de Maura Isidório, orientadora da Célula de Livro, Leitura e Literatura (Celiv) e coordenadora de Formação, Livro e Leitura (CCFOL) da Secretaria da Cultura.
Os 10 dias de programação gratuita reúnem uma ampla diversidade de atrações literárias e artísticas. O público poderá participar de:
– Palestras, mesas-redondas, conferências, oficinas, contações de histórias, lançamentos de livros e outros eventos literários, além de prestigiar apresentações de artistas.
“É um dos maiores eventos da Secretaria da Cultura e tem como princípio fortalecer e estimular a leitura, o livro, o mercado editorial e a importância da leitura para o nosso desenvolvimento enquanto pessoa, enquanto sociedade e para a movimentação da nossa economia”, disse a secretária da Cultura do Ceará, Luísa Cela.
A última Bienal, realizada em novembro de 2022, atraiu mais de 400 mil visitantes ao longo de 10 dias, com uma programação que incluiu mais de 700 atividades culturais.
“Além da feira de livros, é um momento de encontro e do reencontro. Um momento de memória da história e a literatura nos abraçando e nos acolhendo para viver esse momento”, acrescentou a coordenadora geral da Bienal, Maura Isidório.
Além de um espaço de apreciação cultural, a Bienal do Livro oferece um ambiente dedicado ao fortalecimento de políticas voltadas para o livro, a leitura, a literatura e as bibliotecas.
A Bienal promoverá momentos de diálogo, reunindo a sociedade e entidades do setor para debater propostas e compartilhar perspectivas.
Para isso, haverá uma ampla mobilização das secretarias de Educação estadual e municipais, bem como de escolas particulares, para incentivar a participação de estudantes de todo o estado no evento.
As curadoras estão elaborando uma programação plural, inclusiva e enriquecedora, voltada para a valorização do livro e da literatura no Ceará.
CONCEITO DA BIENAL DO LIVRO DO CEARÁ
A Bienal, que sempre se pautou pela diversidade e compromisso com a democracia, em sua décima quinta edição, alinha-se à grande luta pelos direitos humanos e centraliza suas ações no respeito às mulheres e a toda a pluralidade que as compõem: cores, formas, pensamentos, emoções.
“Das fogueiras ao fogo das palavras: mulheres, resistência e literatura” o tema do evento que é a tocha a ser levada pelas mulheres em 2025. A organização explica:
Mima Renard, jovem imigrante francesa que veio para o Brasil colônia, foi queimada numa fogueira em São Paulo, no ano de 1692. Motivo: feitiçaria.
Em 1754, também em São Paulo, Ursulina de Jesus, apresentada como bruxa e herege, teve seu corpo incendiado.
Maria da Conceição, curandeira, por causa do seu ofício, associado à bruxaria, foi condenada à imolação em fogueira em 1798.
Tybyra, indígena que rompeu com os padrões de gênero e sexualidade, sofreu uma morte atroz: amarram-no à boca de um canhão, despedaçando seu corpo com um disparo.
Isso se deu em São Luís do Maranhão, no ano de 1614 e pode ser considerada a primeira morte por LGBTIfobia registrada no Brasil.
Essas mulheres, ‘incriminadas’ pela Inquisição e pelo preconceito, são um retrato em chamas da constante perversidade que se comete contra as mulheres desde sempre.
O poder do outro sobre elas revela a ensandecida guerra contra o invisível, o ilógico, o místico, a natureza e a diferença.
Negras, indígenas, exiladas, curandeiras – elas são a marca de uma linhagem de mulheres sacrificadas, mas que têm, na figura de outras incandescentes, a possibilidade de ressurgir, resistir e usar agora o fogo das palavras para fazer valer as suas vidas.
Falamos de Maria Firmina dos Reis, Henriqueta Galeno, Carolina de Jesus, Emília Freitas, Esperança, Conceição Evaristo, Eliana Potyguara, Graça Graúna, Maria Léo Araruna, Atena Beauvoir, Eliane Alves Cruz e de tantas outras mulheres, insubmissas ao tempo, que marcaram a ferro e fogo o seu lugar na literatura brasileira.
ESPAÇOS E ENCONTROS NA BIENAL
A programação oficial da Bienal contará com os seguintes espaços e encontros: Literatura e Infâncias; Literatura e Juventudes; Oralidades, Ancestralidade, Mestres e Mestras da Cultura; Praça do Cordel; Ilustração; O Livro e seus mercados; Vozes Mulheres.
E ainda: Literatura e Cultura Alimentar; Salão do Professor; Livro Técnico e Acadêmico; Literatura e Moda; entre outras ações.
PROGRAMAÇÃO PARCEIRA
– 7º Colóquio Literatura e Psicanálise; Encontro Oralidades e Escritas em Língua Portuguesa; Quadra Literária; e ainda a Feira de Livros.
Na feira, todos os 188 estandes destinados à exposição, venda de livros, representações internacionais e institucionais já foram devidamente alocados.
Participarão diretamente 34 editoras, com mais de 400 editoras representadas pelas 25 livrarias e 32 distribuidores de livros.
Quanto à totalidade de títulos, serão expostos mais de 100 mil títulos, ultrapassando 200 toneladas de livros à disposição do público visitante.
A lista de convidados e atrações que participarão da XV Bienal Internacional do Livro do Ceará está em construção, com nomes vários nomes de importantes escritores já confirmados.