POR RODRIGO VITOR
Cenários cativantes, estandes completos e organizados, ambientações únicas e memoráveis. Esses elementos são essenciais para a produção e entrega de um grande evento, cujo objetivo é proporcionar experiências singulares aos participantes, permitindo que uma mensagem ou ideia seja transmitida de maneira fluída e impactante.
Quando participamos desse tipo de evento, nossa atenção é direcionada aos aspectos sensoriais e emocionais, deixando pouco espaço para pensar: “isso deve ter dado um tremendo trabalho para ser montado”.
A verdade é que sim, há muito trabalho e dedicação por trás de um grande evento, com diversas pessoas comprometidas com o projeto e focados na entrega final.
Esses profissionais lidam com exigências rigorosas de datas e prazos, aspectos notáveis do setor de eventos.
Essa pressão constante pode ser desafiadora para a equipe. O planejamento e a execução de eventos exigem alta coordenação e organização, além de um ritmo de trabalho intenso para garantir que tudo ocorra conforme o esperado.
Com a expectativa de oferecer experiências impecáveis, qualquer imprevisto ou atraso pode gerar um impacto significativo, aumentando o nível de estresse, especialmente em eventos de grande porte ou quando as responsabilidades são amplas.
A solução para amenizar esse desafio está nas boas práticas de gestão, comunicação clara, planejamento antecipado e suporte emocional adequado à equipe, promovendo um ambiente mais equilibrado.
O colaborador de uma agência de eventos sabe que a pressão é inevitável, mas cabe à gestão implementar práticas que ajudem a equipe a lidar com essa realidade da melhor maneira possível.
Uma abordagem que percebi ser eficaz ao longo da minha carreira é a criação de espaços de descompressão, onde as pessoas podem expressar seus pensamentos e sentimentos sem julgamentos, recebendo orientações adequadas para desenvolver novas perspectivas e fortalecer a colaboração em grupo, seja por meio de pedidos de ajuda ou práticas de mindfulness.
Acredito que o caminho para um bom ambiente de trabalho está nas três chaves da saúde emocional: identidade, pertencimento e propósito.
O propósito surge do exercício da identidade. Quando essa identidade é reconhecida, o sentimento de pertencimento se estabelece, impulsionando a motivação para a colaboração e a troca de experiências valiosas.
Resgatar o propósito do trabalho não significa convencer alguém de que “nasceu para aquilo”, mas ajudá-la a perceber que seu trabalho tem um impacto maior do que simplesmente a necessidade de remuneração.
Compreender que a identidade e os valores de uma pessoa vão além do trabalho, promove propósito e saúde mental.
Investir em saúde emocional não é apenas cuidar de quem já adoeceu, mas sim zelar por todo o processo — como o trabalho e as relações no ambiente estão sendo construídos.
Os resultados são visíveis a curto, médio e longo prazo. É fundamental ouvir o público interno e implementar programas que, desde o início, promovam a escuta ativa e o direcionamento adequado, para então tratar cada caso de forma individual.
Reuniões e encontros recorrentes são maneiras de monitorar a situação emocional da equipe; no entanto, é fundamental criar um ambiente onde todos se sintam à vontade para compartilhar suas preocupações e dificuldades, desassociando essa conversa de uma comunicação mais formal. Investir na saúde mental da equipe é, também, investir no sucesso das entregas.
O desafio é imenso, mas, quando superado, o retorno é gratificante. Somente com uma equipe alinhada e emocionalmente preparada é que os cenários e elementos mencionados no início deste texto podem atingir seu máximo potencial; afinal, são aspectos planejados, construídos e desenvolvidos por pessoas para pessoas.
*Rodrigo Vitor é CEO da Fito, agência de eventos e live marketing especializada no segmento MICE.