POR MILENA PALUMBO
O setor de eventos teve uma grande conquista esta semana: foi incluído na lista de alíquotas reduzidas no texto da Reforma Tributária em tramitação no Senado. Com a decisão, este mercado terá 60% a menos na carga de impostos.
Na versão inicial do texto, este mercado corria um sério risco de ser inviabilizado, já que, com aumento de 20% na carga de impostos, iria triplicar a alíquota atual, tornando os custos finais impraticáveis para nossa cadeia.
Cabe lembrar que a carga tributária dos setores de Turismo e Eventos no Brasil está acima dos padrões mundiais. Na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), dos 37 países analisados, 28 aplicam redução nas alíquotas padrão, como o Chile, com alíquota zero para eventos; a Turquia, com alíquota de 12% para hotéis, parques e eventos; ou a Alemanha, com 7% para hospedagens e serviços culturais.
Para um evento acontecer, seja ele de qualquer magnitude, há muitos agentes envolvidos na preparação, realização e no pós-evento, desde a desmontagem até a reciclagem.
Essa indústria transborda e fomenta em cascata outras 50 subcategorias econômicas, como aviação, setor hoteleiro, alimentação, transporte e logística, serviços, turismo, entre muitas outras.
O setor de eventos foi amplamente impactado com a pandemia. Foi um dos primeiros a parar e um dos últimos a voltar às atividades. E agora vê sinais de recuperação. Segundo o levantamento Radar Econômico da Abrape (Associação Brasileira de Promotores de Eventos) com dados do IBGE e do Ministério do Trabalho e Previdência, entre janeiro e setembro de 2023, o segmento bateu recorde de geração de empregos formais com mais de 18 mil novas contratações e R$ 76 bilhões em consumo.
Foi um crescimento de mais de 16% na comparação com período pré-pandemia, bem acima da média brasileira. A alta é puxada, principalmente, pela categoria de organização de eventos de negócios (exceto culturais e esportivos).
Nosso setor é um dos setores que mais emprega atualmente, responsável por 7% das vagas e que representa 4% do PIB com projeção de faturamento anual de R$ 305 bilhões. De acordo com a União Brasileira de Feiras e Eventos de Negócios (Ubrafe), são R$ 18 bilhões de injeção na economia de São Paulo só com os “turistas de negócios”, que geram gastos fora de seus locais de origem.
E se considerar o estado paulista representando 40% do PIB nacional, estima-se que o Brasil possa ultrapassar R$ 35 bilhões só em participantes de eventos com foco na geração de negócios em 2023. É responsável pela geração de mais de 120 mil empregos diretos anualmente, acima da média de qualquer outra categoria no Brasil.
Evento é uma importante plataforma de geração de negócios e lançamento de tendências, é lazer, conhecimento e troca de experiências. O setor de eventos brasileiro tem muito potencial para seguir crescendo e sendo referência mundial. Essa é a nossa aposta.
*Milena Palumbo é CEO da GL events Brasil e membro do Conselho da União Brasileira de Feiras e Eventos de Negócios (UBRAFE), do Convention Bureau de SP e da Apresenta (RJ).