Adaptação do longa-metragem homônimo de Ingmar Bergman, de 1961, a peça conta a história de uma família desestruturada que tenta acertar as contas com o retorno da filha, Karin, interpretada por Gabriela Duarte, após uma temporada em um hospital psiquiátrico. A instabilidade emocional de Karin é um dos estopins para que todos revejam suas relações familiares.
O texto de Bergman ganhou versão teatral de Jenny Worton e, há dois anos, ao assistir à montagem em Nova York, Gabriela se encantou. “Daquele dia em diante, aquela peça nunca mais me saiu da cabeça. O impacto que esse texto provocou me fez pensar em questões fundamentais: Quem somos nós? O que podemos fazer por quem amamos? E por nós mesmos?”
Nelson Baskerville é David, pai de Karin, que de acordo com Valderez Cardoso Gomes, dramaturgista do espetáculo, é o porta-voz de Bergman. “David é realmente sua projeção. Seu criador concede-lhe seus pensamentos e sentimentos secretos e insondáveis, uma vez que a personagem também é escritor, e sua obra, vítima de críticas injustas e infundadas, por parte do filho imaturo Max (Lucas Lentini) e do genro Martin (Marcos Suchara), que não têm embasamento para tais censuras. A peça também retrata o isolamento de David, mas, como diz Bergman: ‘De nada adianta discutir a solidão’. A lucidez das personagens ressalta ainda a incomunicabilidade das pessoas, que são como ilhas isoladas num arquipélago de incompreensão.”
Considerada uma das obras-primas do genial diretor sueco, o foco desta montagem, no entanto, não se pauta pelo sucesso cinematográfico. “Esta encenação não tem nada, absolutamente nada a ver com o filme. A adaptadora já havia feito um trabalho de transposição do filme pro teatro, linguagens muito diferentes entre si. Aqui, Marcos Daud e Valderez Cardoso trouxeram importantes contribuições para que a peça efetivamente pudesse se comunicar com o público brasileiro. Eu não me interesso nem um pouco pelos dilemas escandinavos se esses não forem os nossos dilemas”, explica Ulysses Cruz que dirige a montagem.
Ulysses ressalta ainda que o grande desafio é “transformar uma história de conflitos familiares escrita por um sueco em algo vivo, eletrizante, movimentado, para que o público do Brasil consiga se enxergar ali. Essa peça tem de se comunicar com o seu Zé e a dona Maria e ainda por cima não deixar de ser Bergman”.
“Em suma, o que mais interessa nessa encenação no Brasil é a possibilidade de uma discussão sobre temas existenciais, simples e visceral de tal forma que ninguém escape ileso à força de Bergman”, conclui a atriz.
ATRAVÉS DE UM ESPELHO
TEATRO ANCHIETA – Sesc Consolação (280 lugares)
Rua Doutor Vila Nova, 245 – Vila Buarque
Bilheteria: 3234.3000
Ingressos à venda pela Rede INGRESSOSESC (unidades do Sesc) e pelo Portal Sesc SP www.sescsp.org.br
Sexta e Sábado às 21h | Domingo às 18h
Ingressos: R$ 30
R$ 15 (usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino).
R$ 6 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes).
Duração: 75 minutos
Classificação: 12 anos
Estreia dia 05 de Setembro
Curta Temporada: até 04 de outubro