Em meio ao surgimento de dezenas de protocolos de biossegurança para o setor de feiras, congressos e eventos, apareceram também diversas soluções para higienizar ambientes, medir temperatura, túneis de desinfecção etc. Contudo é preciso levar em consideração – e estar atento – que muitos destes “produtos” podem não terem sido desenvolvidos por autoridades da saúde ou vigilância sanitária. Portanto, se vierem a se tornar legislação, terão que passar pelo crivo de órgãos públicos, assim como alvarás e ART.
Um dos maiores riscos levantados nesta matéria foi a questão de medição de temperatura. De acordo com Ricardo Tavares, pesquisador e Ph.D. pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e pela Naval Postgraduate School (escola de Pós-Graduação que pertence à Marinha dos Estados Unidos na California), a utilização dos tradicionais termômetros com tecnologia de raios infravermelhos para fazer a aferição da temperatura não são indicados para protocolos em espaços como aeroportos, shopping center e espaços para feiras e congressos.
O motivo é que estes equipamentos não possuem ajuste e nem precisão para que a temperatura ambiente (externa/interna) não interfiram na medição, podendo ocorrer uma variação de até 2 graus para mais ou para menos.
Neste caso, a utilização destes termômetros até transmitem uma sensação de segurança para as pessoas que circulam no recinto, mas a verdade é que comprometem vidas com informações imprecisas.
Para o pesquisador, a forma mais eficiente é através de câmeras termográficas de alta definição e softwares extremamente avançados, inclusive já desenvolvidos aqui no Brasil pela FUNCATE – Fundação de Ciências, Aplicações e Tecnologia Espaciais. A tecnologia das câmeras termográficas já é utilizada em alguns aeroportos do mundo como o de Amsterdam, Johanesburgo, Washington, entre outros – e usado desde o surgimento e controle da disseminação do ebola. Sua vantagem é trazer uma precisão muito alta, com uma variação máxima de meio grau.
Mas dos equipamentos termográficos que já estão sendo utilizados em hospitais particulares de referência e shoppings center, não possuem certificado ISO. O famoso barato que pode sair caro. E não é apenas o prejuízo financeiro que estamos tratando nesta matéria, isso é a negligenciar a saúde humana colocando as pessoas em risco.
Por isso, cuidado com as ofertas atraentes de mais. Avalie e certifique-se que o equipamento e o sistema possuam certificado ISO.
Confira abaixo a entrevista completa com Ricardo Tavares