POR HERMANO PINTO JR.
Ainda que com o aumento exponencial das interações digitais estou convencido de que o mundo em que vivemos é do “e” e não do “ou”.
Explico: à medida que surgem novas tecnologias que facilitam as interações entre pessoas e empresas, elas vão se somando as atuais e não substituindo-as por completo.
É exatamente o que estamos assistindo em diversos segmentos e no setor de eventos corporativos não tem sido diferente.
Em 2020, auge da pandemia, muitos chegaram a cravar o fim dos eventos presenciais, sob a tônica de um “novo normal”. A partir dali tudo seria online, diziam os especialistas…
Entretanto, as estatísticas do setor mostram que 60% das empresas que participaram de eventos presenciais, virtuais e híbridos observaram que o primeiro foi o mais eficaz para gerar receita e 80% dos entrevistados da pesquisa Attendee Intent and Behavior de 2024 da Freeman dizem que são o canal de marketing mais confiável.
As empresas que usam o crescimento liderado por eventos estão percebendo benefícios como melhor visibilidade da marca (63%), fortalecimento do relacionamento com os clientes (63%) e parcerias mais estáveis (52%).
Nos EUA, 93% das empresas que usam o crescimento liderado por eventos atingiram suas metas de pipeline e/ou receita.
Em 2024, os “trade shows” (feiras de grande porte), provaram que o digital se somou às interações face-to-face, que continuam importantes para o fechamento de negócios e crescendo cada vez mais. Só em 2024, esse mercado atraiu 8 milhões de pessoas.
Pelo menos é o que assistimos em todos os mais de 30 eventos produzidos pela Informa Markets no Brasil ao longo do ano. O digital proporcionou mais assertividade das comunicações, mais (hiper) personalização e, consequentemente, mais eficácia na execução dos eventos.
Com a interação digital, a “conversa” entre as empresas extrapola os dias do evento em si, que é exatamente o que as empresas procuram.
Porém, nesse cenário, nada ainda foi capaz de substituir o olho no olho, a oportunidade de ver soluções e demonstrações de novos produtos e serviços em primeira mão e a possibilidade de conhecer ao vivo aquele interlocutor com o qual se pretende fechar negócios que, no B2B, beiram os milhões.
Outras tendências que vieram muito forte para os eventos B2B nesse ano são o entretenimento, as experiências e a festivalização.
Com as novas gerações chegando ao mundo B2B, os eventos oferecem cada vez mais experiências, que vão desde imersões e gameficações até oportunidades de experimentação de produtos, que podem ser dos próprios expositores, mas também de outras marcas. Um exemplo concreto foi a exposição de um carro de luxo num evento B2B do setor de tecnologia.
A característica do evento B2B, que reúne dezenas de milhares de pessoas com alta qualificação e poder aquisitivo, chama cada vez mais a atenção para iniciativas de live marketing. As agências de publicidade e profissionais de marketing passaram a enxergar esse público como grande potencial para seus produtos.
Adotar o formato de festival para os eventos também é uma tendência que visa atrair as novas gerações e dar dinamismo aos eventos. Ao longo de 2024, vimos muito essa estratégia principalmente na área da inovação.
Promover interações mais profundas com relação a marcas, causas, empresas e outras pessoas de referência torna mais efetiva a percepção e a memória de cada um sobre as experiências apresentadas, muito além do plano profissional para o do ser humano integrado à sociedade e ao mercado.
Muitas foram as novidades desse ano. Vamos ver o que 2025 nos reserva para o mercado de eventos. Minha aposta é que mais inovação deve vir por aí. Visitar um evento corporativo vai ser muito mais abrangente e divertido do que apenas um compromisso de trabalho.
*Hermano Pinto Jr. é Diretor da Informa Markets Latam