Como será o futuro das Feiras e Eventos?

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Por Juan Pablo de Vera

O mundo dos negócios está evoluindo mais rápido do que nunca. Se você é uma pessoa que demora em se adaptar, pode estar correndo o risco de ser deixado para atrás por seus clientes, concorrentes, colegas e colaboradores.

Mas se você está a fim de crescer e descobrir novas oportunidades para aproveitar toda sua experiência, seus conhecimentos e suas redes de apoio que construiu ao longo da carreira, então, provavelmente, você terá o privilégio de fazer parte da transformação mais importante deste setor nos últimos séculos.

O propósito desta coluna é contribuir com algumas reflexões, provocar novos pensamentos e compartilhar algumas das experiências, mesmo que vindas de outros mercados ou de outros setores, para tentar, juntos, responder a algumas das dúvidas em torno do futuro da nossa indústria.

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Assim, vamos entender como aproveitar esta oportunidade histórica e ajudar nossas comunidades a recuperarem, com responsabilidade, o verdadeiro valor das feiras e eventos.

O mercado das Feiras A.C. (Antes do Covid-19)

Nos ensinaram que o modelo de negócios tradicional das feiras e eventos, o modelo presencial, tem muito valor para a história da humanidade. Desde a antiguidade, os mercadores chegavam das regiões mais remotas para negociar seus produtos nas aldeias e pequenas cidades, o ser humano realiza trocas de conhecimento e informações cara a cara.

Nos orgulhamos em dizer que esse modelo de negócios, sobretudo quando falamos de feiras e eventos, conquistou as mais diversas civilizações ao longo dos últimos dois mil anos. Esse modelo foi o que possibilitou espalhar conhecimento e inovações que chegavam de além das muralhas dos nossos domínios.

Com eventos e feiras presenciais, se forjaram ideias que conquistaram impérios, fomentaram revoluções, propiciaram grandes invenções industriais, desenvolveram empreendimentos internacionais, consolidaram a globalização do comércio e, também, a formação de novos modelos de negócios.

Mas, todo esse sucesso do modelo presencial, que consagrou as feiras de negócios, nos provocou um dilema profissional. Durante as últimas décadas, muitos nos encontramos fazendo um grande esforço para preservar o que sempre deu certo.

E, enquanto acompanhávamos o desenvolvimento da economia global, ficamos pouco interessados com a chegada da internet, do comercio eletrônico, das ferramentas de conectividade remota, da adoção das redes sociais, da engenharia de dados e dos modelos de eventos virtuais.

Em março do ano passado, quando nos vimos desafiados por uma pandemia global, uma situação inédita em nossas vidas, e que, sem dúvidas, deixará uma marca na história, foi quando conseguimos enxergar, de maneira mais evidente, que as feiras e os eventos ainda precisam evoluir em todos estes quesitos e, sobretudo, acompanhando a velocidade com que nossos fregueses se adaptaram a essas novas tecnologias.

O mercado das Feiras em 2020

A chegada arrasadora do vírus parou a economia mundial e provocou uma reação muito comum em nossa indústria. Mais uma vez, projetamos o futuro tomando como referência o sucesso de nosso passado. Assim, negamos, relutantes, que tudo isso iria nos afetar, nos convencendo de que logo tudo voltaria ao normal.

Após alguns meses, já cientes da gravidade da situação, começamos a observar, de maneira mais interessada, os espaços virtuais, até participamos em eventos online e conferencias via streaming. Mas sempre argumentando que quando o número de pessoas contagiadas com o vírus diminuir, quando a vacina chegar ou quando a situação se amenizar, estaríamos de volta ao bom e velho normal.

Alguns, os mais curiosos, rapidamente descobriram algo que esta pandemia veio ensinar a todos: a importância de se adaptar.

Enquanto observávamos a ineficiência dos governos, a falta de colaboração entre as nações e a incapacidade generalizada dos governantes para controlar a crise na área da saúde, conseguimos entender o verdadeiro valor dos profissionais da ciência, da medicina, da informação e da tecnologia.

Observando a comunidade científica, ficamos perplexos com a velocidade em que eles publicaram o primeiro artigo acadêmico sobre o Covid-19, já em janeiro de 2020. E ficamos ainda mais surpresos quando eles comentaram que o processo de decodificação genética do vírus tinha acontecido nesse mesmo mês, somente algumas semanas depois do anúncio vindo das autoridades chinesas. Muitos de nós não conseguimos entender por que eles decidiram que todas essas descobertas seriam publicadas gratuitamente na internet, compartilhadas com todos seus concorrentes na comunidade ao redor do planeta.

Algumas semanas depois, também tínhamos entre nós múltiplos protocolos médicos para prevenir e tratar os impactos do vírus. Alguns poucos meses depois, chegaram as vacinas que estão nos ajudando a proteger quem faz parte dos grupos de risco e minimizar as consequências provocadas pelo Covid-19.

Enquanto isso, no mercado de feiras e eventos, mesmo após um ano de pandemia, com todas as evidências favorecendo a adoção de um modelo de negócio exponencial e colaborativo, continuamos fazendo um esforço hercúleo para tentar conservar o passado. Em 2021, alguns de nós ainda argumentamos que devemos voltar ao modelo de negócio de um mundo que já não existe mais.

Nesse tempo, nossos clientes já investiram em novas tecnologias e projetam cenários competitivos no mundo digital, na realidade virtual, apoiados com  inteligência artificial, “machine learning” e a nova economia de dados.

O mercado das feiras D.C. (Depois do Covid-19)

Sem dúvidas, esse processo nos está oferecendo grandes aprendizados. Hoje, estamos muito mais cientes da importância dos investimentos em educação, ciência, medicina e tecnologia. E da incapacidade dos governos em dar uma resposta rápida para as necessidades que o futuro demanda.

Também, na indústria de feiras e eventos, o sucesso que temos visto, de processos colaborativos e exponenciais, deve nos ajudar a refletir sobre nossas atitudes individuais e corporativas.

As respostas para um futuro melhor no nosso mercado podem estar muito próximas, provavelmente espalhadas na comunidade de colegas que nos acompanham a cada dia. Precisamos ter uma nova atitude, abrindo nossas mentes e nos disponibilizando a colaborar mais. Teremos que derrubar as muralhas de nossos reinados, conhecer como outras indústrias, outros mercados e outros colegas estão se adaptando, e atualizar os nossos modelos de negócios, dando espaço para novas respostas e soluções, refletindo os novos hábitos dos nossos clientes.

Aproveite o intervalo de tempo até a publicação da próxima coluna para refletir sobre o tamanho da oportunidade que a indústria de feiras e eventos tem pela frente. Sem dúvidas, será um momento único, que vai começar a desenhar nosso futuro, mais agora olhando para frente e não mais para o passado.

Enquanto isso, se tiver vontade e coragem, comece a cultivar novos hábitos. Eu sugiro convidar seus colegas da área de tecnologia para um café. Muito provavelmente, eles terão algumas das respostas aos problemas que você não consegue enxergar hoje. E com esse novo conhecimento, aliado a experiência histórica, e o sucesso já consagrado das feiras, podemos garantir juntos que o que começou a dois mil anos atrás dure por mais dois mil.

*Juan Pablo de Vera é profissional do setor com mais de 26 anos de experiência no setor de eventos em 6 países diferentes. Foi três vezes Presidente da UBRAFE; duas São Paulo Convention & Visitors Bureau, e Vice Chairman para América Latina de UFI – Associação Internacional da Industria de Feiras.

Administrador de Empresas, é o único representante do setor de Eventos do Brasil aceito no Programa Executivo da Singularity University no Silicon Valley. Hoje contribui como Professor em Cursos de Eventos e de Certificação Internacional.  É fundador e CEO da XPLATINA que oferece Soluções Exponenciais para criar Experiências Inesquecíveis.