Por Malu Sevieri
Eu não poderia estar mais feliz! Participar ativamente da retomada do setor de eventos profissionais foi o que mais esperei nos últimos 20 meses. Que fomos uma das áreas mais afetadas pela pandemia eu já cansei de dizer, do mesmo modo rejeitados pelas ações governamentais brasileiras, que nos deixaram de lado desde o início da crise. Finalmente estamos voltando a entregar aquilo que fazemos de melhor: meios e condições para a geração de negócios.
Iniciando o mês de outubro, realizamos a ProWine São Paulo, o primeiro grande evento do setor de vinhos no Brasil. O pavilhão ficou pequeno para os 3500 visitantes profissionais, 350 marcas de vinho de 15 países, e lista de espera para novos expositores. Sucesso absoluto!
Não bastasse isso, algumas semanas depois desembarquei na Alemanha, junto à Messe Düsseldorf, para a 37ª Feira A + A, feira de Segurança e Saúde Ocupacional (SST), o maior evento e mais importante no mundo nesse segmento. Expositores, visitantes e especificadores em segurança e saúde ocupacional da indústria, comércio, administração, política e ciência se reuniram com foco em Trabalho 4.0, o potencial da digitalização e inteligência artificial para o setor. Mais de 1.000 empresas exibirão seus produtos, soluções e inovações globais.
Tivemos uma redução de 30% no número de expositores e queda de 50% no número de visitantes, porém com um diferencial importantíssimo: público altamente qualificado, que estava ali para, exclusivamente, concretizar negócios. Continuamos a ouvir de nossos expositores gerais e especialmente brasileiros sobre seu contentamento, expectativa ultrapassada e confirmação para a edição de 2023.
Fui bastante questionada sobre a viagem para a Alemanha: se tive dificuldades para entrar no país e quais as regras em vigor para visitação de eventos. Zero dificuldades, mesmo para mim que tomei CoronaVac (para quem teve acesso a outros imunizantes, como Janssen e Pfizer é ainda mais fácil e não se tem de responder tantas perguntas na alfândega). #FicaADica.
Para aqueles que optaram por não tomar a vacina contra Covid-19, a viagem é garantida mediante apresentação de exame RT-PCR negativo.
Confirmação de inscrição (como visitante ou expositor do evento X), além de reserva de hotel e passagem de volta é exigência para todos. E adivinhem? Só isso basta!
Sobre os protocolos de segurança para transitar na A + A também não tinha mistério: a entrada no pavilhão pedia comprovante de vacinação ou apresentação de RT-PCR negativo. O uso de máscara era obrigatório o tempo inteiro. Caso as pessoas estivessem sentadas, em reunião, dentro dos estandes, as máscaras poderiam ser retiradas.
Vi muitos alemães andando pelas ruas da cidade sem as fiéis companheiras nessa pandemia, quem decide o uso, muitas vezes, são os próprios estabelecimentos comerciais, que podem exigir ou não.
Feiras de negócios na Alemanha são políticas públicas e é muito inspirador observar como um governo apoia o nosso segmento, totalmente diferente do que acontece em terras brasileiras.
Pensa que acabou? Para a felicidade aumentar, cheguei a Lisboa para o Web Summit 2021, um evento de estímulo a negócios, tecnologia e inovação com objetivo de conectar startups e empresários em um ecossistema de empreendedores, esse ano aconteceu de 1º a 4 de novembro, com uso de máscara obrigatório.
Por lá, o que me chamou a atenção foi a programação menos impactante como nas outras edições. Até antes da pandemia, nós tínhamos palestrantes muito, muito TOP, que viajavam, se locomoviam para apresentar seus trabalhos, cases exitosos, interagir com o público, mas hoje são os mesmos que migraram para o digital, mantendo canais na internet, comercializando os próprios cursos. Isso me faz questionar se as palestras presenciais terão o mesmo fôlego de antes daqui para frente.
O que eu posso afirmar, é que o público sente necessidade disso, de encontrar e trocar com os palestrantes convidados, assim como usufruir de toda programação oferecida. No caso do Web Summit 2021, foram registrados 43 mil pessoas, um número verdadeiramente impressionante face ao cenário de retomada que estamos vivendo. Em 2019, foram 70 mil participantes.
Outros insights sobre o evento português: a parte de exposição foi menor que nos outros anos, sem a quantidade de patrocinadores habitual. A liberação do evento em cima da hora contribuiu para esses “pontos negativos”.
Não havia distanciamento entre as pessoas que sentavam ao lado das outras tal qual viajar de avião (para não mencionar o uso de transporte público). Está aí uma prova de que os governos no Brasil não nos olham como deveriam. Não sabem que o setor de eventos é uma indústria pujante e nem devem saber o que fazemos. Por isso criam regras para nos barrar (durante a pandemia), as quais não fizeram nem fazem sentido algum.
Voltamos. E voltamos com tudo! Não se deixe desmotivar por notícias sensacionalistas. Se planejem, viajem, sigam com segurança, porque a vida – e os eventos – estão a nos esperar para viver. Quem não acompanhar, irá se atrasar.
*Malu Sevieri é CEO da Emme Brasil (representante da Messe Düsseldorf) e diretora da Medical Fair Brasil