Na última Segunda-feira, dia 27, o Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi o convidado do Almoço-Debate LIDE – Grupo de Líderes Empresarias, feito pelo empresário João Doria.
“Não costumo enfiar minha cabeça num buraco e a história não reserva lugar para covardes”, declarou Eduardo ao reiterar que não foge de seus compromissos e por isso não havia dúvidas quanto ao seu comparecimento no evento, que aconteceu no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo e teve a presença de 502 empresários.
“A presença do presidente da Câmara dos Deputados reforça a relevância dos debates nos encontros e se revela uma boa oportunidade para que Cunha defenda sua posição para uma plateia privilegiada, repleta de empresários”, afirmou Doria.
A palestra teve inicio com o Presidente da Câmara dos Deputados falando sobre o momento que o Brasil está passando com a crise econômica, política e o crescimento do desemprego. “A sociedade cobra do governo o discurso de campanha, que na prática é incoerente com o que foi prometido. E a resposta está aí: a popularidade da presidente Dilma é extremamente baixa. Se a sociedade escolheu mal, tem que aprender a escolher direito”.
Em pesquisa realizada recentemente mostrou que Dilma Rousseff bateu o recorde de impopularidade com 7,7% de aprovação.
Cunha disse que o país vive a ameaça de perder o grau de investimentos e se isso realmente acontecer será um desastre, “Com uma reforma pífia, a frustração na arrecadação e o desemprego crescendo, as despesas vão aumentar. Esse cenário é um estímulo aos empresários para demitir. Sem falar no problema previdenciário que, se não revermos o sistema, não teremos país para nossos filhos”.
Ao se tratar do papel da Câmara no projeto de recuperação do país, o Presidente disse que a instituição possui três pilares de atuação, o político ao agir com transparência; Legislativo, ao votar medidas que possam garantir o mínimo de governabilidade para o bem do país; e o fiscalizador, com o papel de preponderância no combate a corrupção.
Em relação ao rompimento com o governo após a acusação que o lobista Julio Camargo fez ao ele, de exigir US$ 5 milhões de propina por contratos da Petrobras, Cunha explicou que seu rompimento foi pessoal. Que seu dever como político é de manter o equilíbrio, preservar o parlamento, mas também a honra pessoal.
Já a regulamentação dos direitos do trabalho terceirizado, Cunha disse que o governo tem que assumir o que quer e diz ser preciso discutir também a contribuição sindical.
Quanto a denuncia de envolvimento na operação Lava-jato, Eduardo Cunha informou que as questões seriam apenas respondidas por seu advogado, Antônio Fernando de Souza, ex-procurador-geral da República.
Sobre a pressão da bancada do PT que pede sua saída do cargo, Cunha disse “O PT é o meu adversário e todos já sabem. Eles pedindo a minha destruição só me dá alegria, porque se pedisse a minha permanência, talvez eu tivesse errado. Agora o mesmo princípio que eles têm que ter para mim, devem ter para todo o quórum deles, que são por ventura investigados ou suspeitos de qualquer coisa.”
Em relação à possibilidade de impeachment da Presidente Dilma, Eduardo Cunha disse que não se trata de recurso eleitoral, pois tem seus fundamentos previstos na Constituição, “Vamos tratar tudo e todos de forma técnica e jurídica. Havendo fundamento, o processo será analisado”.
Roberto Giannetti da Fonseca, presidente do LIDE INFRAESTRUTURA e Paulo Rabello de Castro, presidente do LIDE ECONOMIA, fizeram breves intervenções ao final do evento.
Como em todos os eventos, a Pesquisa Clima Empresarial LIDE-FGV foi realizada com os presentes no Almoço-Debate, e mostrou pessimismo acentuado nos resultados, apontando notas baixíssimas em todas as esferas, do Municipal ao Federal.
Segundo ela, a eficiência gerencial e o desempenho dos governos obtiveram: 0,6% para a esfera federal; 5,1% para estadual; e 1,7% para municipal. Para os 64% dos empresários, a situação atual dos negócios piorou.
Entre os fatores que impedem o crescimento das empresas, o cenário político chegou a 57%, ultrapassando a carga tributária (25%). Questionados sobre qual a área que o Brasil mais precisa melhorar, a Política alcançou 44%, seguido de Educação com 27% e Infraestrutura com 17% e Segurança 9%.
Com relação ao tema mais sensível para o cenário econômico de 2015, os números apontam a Política, com 80%, e 14% inflação.
A previsão de receita continua a preocupar, segundo os resultados do levantamento: 21% acreditam que o faturamento será melhor este ano em comparação a 2014 e 44% será pior. Segundo a pesquisa, o clima empresarial caiu de 3,3% para 2,1%.
Fonte: CDN Comunicação