Em Almoço-Debate Lide, palestrantes elegem as exportações como saída à crise econômica

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 Ivan Ramalho, secretário Executivo, que está à frente das atividades do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; e David Barioni, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), apresentaram suas ideias sobre “As novas políticas para os setores da indústria, comércio e serviços no Brasil”, durante Almoço-Debate promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais. Liderado pelo empresário João Doria Jr., o evento aconteceu no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo, e contou com a presença de 450 empresários.

João Doria Jr. justificou a ausência de Armando Monteiro Neto, Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que foi submetido a um procedimento cirúrgico e não pode participar do Almoço-Debate LIDE. “Quero deixar aqui registrado minha admiração e respeito ao ministro Monteiro. Só não há debate nas ditaduras, que não suportam críticas. Hoje, não tenho críticas, mas elogios à administração atual, nesta gestão, cuja primeira tarefa foi formar uma boa equipe, com extrema eficiência técnica”, afirmou o presidente do LIDE.

Abrindo as apresentações do evento, Luiz Fernando Furlan, presidente do LIDE Internacional, disse que a possibilidade de melhora é maior que a de piora, se referindo ao momento atual. “O governo não tem varinha de condão e as soluções estão mais próximas do que imaginamos. Precisamos retomar as exportações com toda a força, pois o mercado interno está dormente”, alerta.

David Barioni, presidente da Apex-Brasil, explicou que o trabalho da agência é focado na capacitação das empresas que querem exportar, na promoção dos produtos e na internacionalização das empresas. “O Brasil tem cerca de 7 milhões de empresas, mas apenas 20 mil exportam. E é em momentos de retração que precisamos reforçar as exportações”, salienta.

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Na sua exposição, o secretário Executivo, Ivan Ramalho, destacou que o novo Plano Nacional de Exportações é prioridade absoluta do ministério. “Já estamos bastante avançados para a implantação do plano. Mais de 80% de todos os setores exportadores foram ouvidos. Defendo maior participação, especialmente da indústria, para intensificar seus esforços para exportar”.

Segundo Ramalho, Portugal e Espanha são os países que mais investem no Brasil neste momento. “E vamos continuar sendo o país líder nos investimentos. No varejo teremos uma agenda intensa e o setor de serviços tem potencial relevante de exportações”, acrescenta.

Questionado sobre como exportar em um ambiente de negócios completamente desfavorável com um câmbio instável, com o Reintegra e a com desoneração da folha, Ramalho argumentou que o ministério trabalha com uma agenda harmonizada com o setor privado, em diferentes áreas e países -, e que o Brasil pode ampliar as exportações, aqui mesmo na América do Sul e na costa do Pacífico. “Reforço que o câmbio, atualmente, já é mais amigável, e o Reintegra, em função do ajuste fiscal, a alíquota foi reduzida a 1%, mas retornará aos 3% gradualmente, nos próximos três anos. Com relação à folha, este sacrifício é parte integrante do ajuste que temos de enfrentar este ano”, detalhou.

Ramalho acrescenta que o setor industrial perdeu competitividade. “Atualmente, exportamos 30%, mas há alguns anos chegamos a 50%. Ainda que eu concorde com os impostos altos nas exportações, estamos próximos de retomar a curva de crescimento. Priorizaremos mercados mais robustos como os EUA e a União Europeia, mas precisamos diversificar com os menores como Paraguai, Peru, Chile, entre outros –, para termos consistência. Diversificação será uma das principais metas no Plano Nacional de Exportações”, revela.

 

PESQUISA

Ao final do evento foi apresentada a 103ª edição da Pesquisa Clima Empresarial LIDE-FGV, realizada com os 450 empresários presentes ao Almoço-Debate, que revelou tímida melhora nos resultados. “Os índices continuam apontando notas baixíssimas em todas as esferas, do Municipal ao Federal”, avaliou Fernando Meirelles, responsável pela pesquisa e presidente do LIDE CONTEÚDO. O índice, calculado pela Fundação Getúlio Vargas, é uma nota de 0 a 10, resultante de três componentes com o mesmo peso: governo, negócios e empregos.

A eficiência gerencial e o desempenho dos governos obtiveram: 1,1% para a esfera federal; 5,2% para estadual; e 1,7% para municipal. Poucos empresários – apenas 13% – vão empregar em 2015, 58% pretendem manter o quadro atual e 29% vão demitir. “Portanto, temos um saldo negativo. Temos mais empresas demitindo do que empregando”, diz o professor.

A previsão de receita continua a preocupar, segundo os resultados do levantamento: 28% acreditam que o faturamento será pior este ano em comparação a 2014. Entre os fatores que impedem o crescimento das empresas, o cenário político chegou a 49%, ultrapassando a carga tributária (34%) e a taxa de juros (1%). Entre a área que precisa melhorar, a Educação alcançou 41%, seguido de Política com 34% e Infraestrutura com 17%. O tema mais preocupante para o cenário econômico de 2015, os números apontam a Política, com 82%. Segundo a pesquisa, o clima empresarial oscilou de 2,2% para 3%, que segundo o professor Meirelles, é um número muito baixo, mas melhor do que o aferido na última pesquisa.