Em entrevista para a CNN Brasil, Damien Timperio pede protocolo único e diferenciação dos eventos de negócios

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O CEO da GL events Brasil, Damien Timperio, concedeu uma entrevista a CNN Brasil na tarde de hoje (01/06) para discutir a reabertura do setor de eventos.

O grupo é responsável pela gestão dos Centro de Exposições, Congressos e Convenções São Paulo Expo, Riocentro e Salvador, além da Jeunesse Arena, na Barra da Tijuca. Entre as atividades da companhia no Brasil estão ainda a organização e produção de feiras de negócios (GL events Exhibitions), montagem de estandes para feiras e eventos, aluguel de móveis e programação visual (GL events Live). Unidades diretamente impactadas pela pandemia.

“Desde 15 de março estamos sem absolutamente nenhuma atividade, sem faturamento. Em um primeiro momento trabalhamos sobre os custos fixos. A aérea de eventos depende muito de pessoas, então adequamos a folha de pagamento e conseguimos utilizar a MP do governo federal para adequar nossa realidade a este momento de nenhuma atividade”, afirmou Damien.

Antes do uso da MP a GL events promoveu a redução de seu quadra e, na sequência, aderiu a  50% da jornada, reduzindo 50% dos pagamentos dos funcionários, mas mantendo 100% da renda deles. “O profissional de evento é principal ativo do setor. Quando a retomada começar, nós vamos precisar mobilizar de uma forma muito intensa esta mão de obra. Nós tentamos até agora manter o padrão de remuneração destas pessoas”, completou.

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Contudo Damien fez uma alerta ressaltando que, a ausência de um horizonte da retomada do setor, pode trazer danos ainda maiores para as grandes e pequenas empresas. “Precisamos trabalhar com o poder público para definir alguns critérios que nos permitam antecipar e planejar a retomada. Nós não sabemos como serão os próximos meses. Mas é importante saber que 95% deste segmento de eventos é composto de pequenas empresas que não tem a capacidade de aguentar uma crise de mais de 3 meses. É preciso um acompanhamento drástico do poder público, que vá além das medidas tomadas até agora,  é preciso injetar dinheiro diretamente, sem contrapartida para o setor, se não ele tem grandes chances de quebrar”, afirmou.

Outro apelo feito por Damien Timperio foi em relação a um protocolo único para o setor, apontando a necessidade de uma coordenação nacional para que se tenha uma base clara do “como” e “quando” o setor estará de volta. “Precisamos coordenar junto ao poder público uma norma básica para dar esta confiança e horizonte. Desta maneira poderemos nos comunicar com antecedência com os artistas, organizadores de eventos e, principalmente, com os visitantes. Isso para que todos se sintam confiantes de retomar estas atividades sociais. No momento estamos trabalhando a construção técnica destes protocolos e precisamos ter uma articulação com o poder público para que ele seja único e que possamos gerar previsibilidade e confiança”, explicou.

Outro ponto relevante abordado pelo CEO da GL events no Brasil foi sobre a diferenciação de eventos de negócios para as aglomerações. “É importante fazermos uma distinção na área de eventos. Obviamente temos uma parte de entretenimento, mas tem também uma parte bem heterogênea que contempla congressos, convenções, feiras de público e também profissional. Isso também entra na área de eventos e está contemplada pelos diversos planos ao redor do país como uma atividade que entrará por último. Que é visto como aglomeração”, alertou.

Para Damien, alguns destes eventos – em particular as feiras profissionais – passam longe de aglomerações. “Elas são molas de indução da economia. Estamos vendo na Alemanha que eles fizeram a distinção entre aglomerações e feiras profissionais. Isso porque elas são uma maneira rápida de incentivar o comércio. E se as lojas e os shoppings conseguem reabrir, os eventos também. Temos um pessoal extremamente preparados para controlar os fluxos”, apontou.

Na visão do executivo, a comunicação antecipada da volta será extremamente relevante para conseguir convencer os visitantes a voltarem para os eventos. “Precisamos gerar confiança e para isso precisamos ter protocolos alinhado e adequados com as orientações das autoridades, para com isso gerar planejamento e trazer uma comunicação para os visitantes. Eu acredito na capacidade do setor de eventos de se reinventar. É um segmento que nos últimos anos conseguiu receber os maiores eventos do planeta. Tenho bastante otimismo na capacidade de inovar e propor novos conceitos para o consumidor”, finalizou.