Era uma vez um país que tinha feiras de negócios, que realizava eventos que giravam a economia e a produção fabril. O conto de fadas tornou-se um pesadelo com a chegada da pandemia e a interrupção abrupta de todo um setor.
Deixada de lado pelos governantes da esfera federal, estadual e municipal, as feiras de negócios aconteceram com sucesso nos três primeiros meses de 2020 no Brasil.
O calendário foi aberto pela 47ª edição da Couromoda, feira de calçados e artigos de couro mais importante da América Latina. O evento, realizado de 13 a 15 de janeiro, reuniu mais de 2.000 coleções de calçados, bolsas, acessórios e confecções, com foco principal no outono-inverno, mas também com produtos de alto verão para pronta-entrega.
Conforme levantamento divulgado pelo Diretor Geral da Couromoda, Jeferson Santos, a visitação no evento cresceu 12% sobre a edição do ano passado. Integrada 100% à COUROMODA, aconteceu também a 10ª São Paulo Prêt-à-Porter – Feira Internacional de Negócios para Indústria de Moda, Confecções e Acessórios, destinada às indústrias de vestuário e acessórios de moda de pequeno e médio porte.
Ainda em janeiro, de 29 de janeiro a 1º de fevereiro, aconteceu o CIOSP, o maior congresso anual de Odontologia no mundo. Com a expectativa de reunir 100 mil profissionais do setor, o CIOSP teve um pavilhão a mais. Além dos tradicionais vermelho, branco e verde (do Expo Center Norte), o azul foi usado para atender às necessidades e expectativas dos expositores e congressistas. O evento reuniu 350 expositores.
Na sequência, entre 11 e 15 de fevereiro, o Expo Center Norte, foi palco da sexta edição da ABCasa Fair, sétima maior feira de artigos para casa e decoração do mundo e maior da América Latina. A feira teve milhares de lançamentos e reuniu cerca de 500 expositores em mais de 70 mil metros quadrados de pavilhões.
Dezenas de milhares de pessoas visitaram o evento em meio ao otimismo que marca o setor, cujas vendas do varejo movimentaram R$ 62,9 milhões em 2018 – crescimento de 16,3% em relação ao ano anterior, de acordo com pesquisa setorial realizada pela ABCasa e pelo Instituto IEMI.
Entrando já no mês de março a Koelnmesse Brasil realizou a 2ª edição da ANUFOOD Brazil, que crescey em 80% em número de expositores. De 09 a 11 de março, mais de 400 marcas expositoras, incluindo 11 pavilhões internacionais e expositores independentes de 24 países, fizeram negócios com mais de 9 mil visitantes qualificados, vindos de todo o Brasil e de mais 31 países, como Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Paraguai, Peru, Uruguai, entre outros.
A plataforma de negócios globais no setor de alimentos e bebidas teve ainda uma rodada de negócios, que contou com mais de 1.250 reuniões, nas quais foram estimados geração de negócios de U$ 27 milhões.
Com o novo coronavírus já assombrando a Ásia e parte da Europa, em 27 de fevereiro a organização da Expo Revestir enviou um comunicado que sim, a Expo Revestir aconteceria de 10 a 13 de março, no Transamerica Expo Center.
E ela realmente aconteceu, com um público de 55 mil profissionais entre revendedores de materiais de construção, arquitetos, designers de interiores e empresários do setor da construção civil. Mais de 200 expositores apresentaram suas coleções e lançamentos nos 40 mil m² da feira e o volume de negócios superou as expectativas.
E foi a última. No dia 13 de março foi declarada pandemia da COVID-19, com a próxima que aconteceria – Intermodal – tendo sua montagem paralisada no pavilhão. O que se viu foi uma sequência de adiamentos dos eventos para o segundo semestre e, posteriormente, para 2021 graças a indecisão dos órgãos governamentais quanto a um retorno.
Por mais irônico que possa ser, estas únicas feiras que aconteceram em 2020 são as que correm o risco de não serem realizadas em 2021. O primeiro trimestre do calendário de feiras do próximo ano segue indefinido, com a esperança de que alguns eventos ainda possam acontecer neste ano – puxando com eles os eventos do ano que vem.