INNOVATION TRIP

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A INNOVATION TRIP 2014, uma iniciativa do LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, presidido por João Doria Jr., com o apoio do LIDE FUTURO e do LIDE INOVAÇÃO, presididos por Roger Ingold e Patrícia Meirelles, respectivamente, proporcionou uma experiência única pra a comitiva de 20 empresários brasileiros: imersão no MIT – Massachusetts Institute of Technology – e em Harvard. Durante visita às duas faculdades que estão entre as melhores do mundo, os convidados participaram de apresentações dos cases mais importantes de Harvard, conheceram talentos brasileiros e seus projetos, tiveram um almoço com o Prof. Mangabeira Unger – que foi ministro de Assuntos Estratégicos durante o governo Lula e hoje é professor em Harvard – e fizeram um tour guiado no qual puderam conhecer os diferentes ambientes de Exatas, Humanas e Biológicas.

O MIT é uma faculdade que recebe 1000 estudantes na graduação e 6000 na pós-graduação, especializações e PhDs anualmente. A média de estrangeiros é de 30%-40% e a anuidade custa US$ 65 mil, sendo 30 mil correspondente ao curso e 35 mil à moradia. No primeiro ano, os alunos ficam em dormitórios, podendo ser divididos em duplas ou individuais. A partir do segundo ano, o estudante pode ser convidado a morar em uma comunidade. Nesta situação, a quantidade de pessoas por ambiente é maior e o custo da moradia pode ser menor, a partir do momento que as fraternidades são administradas por particulares e o custo varia de uma para outra. Fundado em 1861, em Boston, duas semanas antes da Guerra Civil Americana, o MIT é motivo de orgulho ao País justamente por esta contextualização histórica. Foi em 1916 que o campus se mudou para Cambridge.

Bel Pesce, ex-aluna do MIT e responsável pela curadoria da Innovation Trip, contou aos presentes suas experiências durante os quatro anos que esteve na faculdade. Aluna de Ciências da Computação, a empreendedora e escritora contou o aprendizado adquirido. Segundo ela, há 800 grupos de estudos, nos quais os alunos são solidários entre si. “A situação mais comum é debatermos nossas ideias até às 3h da manhã sem percebermos. Aqui estudamos muito, mas duas situações comuns nos campus são altamente motivadoras: o ensinamento adquirido nas aulas e a colaboração existente entre os alunos durante o curso. Para entrar no MIT, além da prova de conhecimentos relacionados à área escolhida, os candidatos ainda fazem provas de aptidões que mostram o que fazem/pretendem fazer, família fez parte e o que o torna um em um milhão. Aos estrangeiros, há prova de inglês, mas se o aluno não souber, isso não o impede de passar no vestibular. Ele tem como estudar depois de matriculado. Depois de admitido, todos os estudantes terão aulas de Física, Biologia, Humanas, Cálculo e é mandatório saber nadar.

Os números são realmente impressionantes: ele recebe uma média de US$ 10 bilhões por ano de doações de ex-alunos, conta com 17 prêmios Nobel em seu currículo, 56 campeões nacionais de Ciências, 28 medalhas de Inovação e Tecnologia, além de dezenas de outros prêmios. Seu acervo tem mais de 5 milhões de itens, entre livros, fotografias, monografias, arquivos digitais, etc, divididos em 25 bibliotecas . Mais de 700 companhias têm programas e acordos com a Universidade, tanto em pesquisa como em estágios e mais de 26 mil empresas em atividade foram fundadas por ex-alunos do MIT, gerando mais de 3 milhões de empregos, ou seja, se o MIT fosse um país, ele teria um PIB de mais de 2 trilhões de dólares e seria o 10º país mais rico do mundo.

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Os empresários ainda puderam conhecer os programas de especializações para 18 países, com curto prazo, existentes no MIT para estrangeiros, tal como o MISTI – chamado MISTI BRAZIL no caso do nosso País. Com duração mínima a partir de 10 semanas e valor médio de R$ 16 mil, os cursos de inovação, pesquisa e criatividade têm o objetivo de tornar realidade o sonho de estudantes, que eles possam desenvolver suas startups. No total, são mais de 800 novos alunos por ano que conseguem aprimorar seus projetos com o auxílio desses programas, que possuem mais de 450 parcerias com empresas e seis milhões de fundos. Desde 2008, o MISTI já premiou 363 projetos, com a quantia de mais de US$ 5.5 milhões.

A última atividade no MIT contou com um encontro com Anthony Knopp, um brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, que faz a interface entre o MIT e a iniciativa privada, sendo responsável pelo ILP (Industrial Liaison Program) ou Programa de Coordenação Industrial, que é um serviço personalizado para ajudar as empresas a recorrer à competência e aos recursos do MIT. O ILP mantém o aluno informado sobre os avanços das pesquisas em suas áreas, avalia o potencial de novas tecnologias, estimula inovações, explora novas oportunidades, resolve problemas técnicos e administrativos, alavanca recursos em pesquisas, promove o benchmark, encoraja o desenvolvimento profissional e amplia a visibilidade da empresa. Sendo assim, o ILP serve como uma ponte para projetar e encorajar uma comunicação eficiente em benefício mútuo da comunidade universitária e do mundo dos negócios.

 

Harvard, a união da tradição com a inovação

Também localizada em Cambridge, Harvard está localizada “no outro lado do rio”, como diriam os alunos quando a universidade é comparada ao MIT. Além do tour, os empresários participaram de aulas de 80 minutos com apresentações dos cases mais famosos de Harvard e tiveram um almoço com o ministro de Assuntos Estratégicos do Brasil entre 2007 e 2008, o prof. Mangabeira Unger.

Fundada em 1636, Harvard é a primeira, melhor e mais rica universidade dos Estados Unidos. Com 11 unidades, sendo dez faculdades e o Instituto Radcliffe de Estudos Avançados, Harvard é conhecida por seus renomados alunos, tais como sete presidentes dos Estados Unidos: John Adams, John Quincy Adams, Rutherford B. Hayes, John F. Kennedy, Franklin Delano Roosevelt, Theodore Roosevelt e Barack Obama. Além disso, Bill Gates, ex-presidente da Microsoft, e Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, também foram alunos da universidade.

Já no almoço com o Prof. Mangabeira Unger, os empresários puderam expor suas expectativas e frustrações sobre o Brasil, discursaram sobre a ausência de relações bilaterais e a falta de uma economia estável que não permite planejamentos a longo prazo. Segundo falado entre os presentes, a organização de um País independe do governo, mas a crise atual se deve pela ausência de ondas. Para eles, hoje falta um “new deal”, uma onda que destrave problemas na infraestrutura, tributação e reforma política.

Para o ex-ministro, “há muito calor e pouca luz”. É preciso deixar de ser um produtor primário e começar a fazer planos de médio e longo prazos. Para ele, é necessária a mudança no paradigma desde a educação primária, ou seja, o ideal seria parar o ensino “decoreba” e auxiliar a desenvolver a capacidade analítica dos alunos até que recebam especializações com ensino técnico na adolescência.

Segundo Unger, enquanto a produção do Brasil estiver garroteada pelo câmbio, nada irá para frente, ou seja, é urgente que se tenha uma separação entre política cambial e monetária. Com relação ao papel do governo, independente de ele ser de esquerda ou de direita, ele tem muita margem de manobra e poder de barganha para entrar em debates com multinacionais. “E isso é factível”, afirma.

Para ele, mesmo com recursos escassos consegue-se alavancar o País. E esta ideia precisa ser amadurecida no Brasil. Um exemplo foi o agronegócio, o setor que encontrou a produtividade, algo inexistente nos demais. Para começar, seriam necessárias melhorias na infraestrutura, pois problemas de mobilidade como trânsito e muito tempo nos deslocamentos afetam a produtividade. Além disso, o BNDES não deve ser apenas aos ricos. Outro exemplo citado no encontro foi a Kroton, maior empresa de educação do mundo, em um país onde a educação é um gargalo.

O encontro terminou com motivação e a lição de que é preciso fazer e não somente planejar ou reclamar. “Se não fazemos, como vamos cobrar um governo míope?”

A 4ª Innovation Trip aconteceu de 25 de outubro a 1º de novembro e reuniu um grupo de líderes empresariais para uma viagem aos Estados Unidos, um dos berços da inovação tecnológica.

Minneapolis, Boston e Atlanta foram os destinos da comitiva brasileira participante, que busca alavancar o empreendedorismo no País. O encontro já foi realizado no Vale do Silício, na Califórnia (EUA), em 2011 e 2012, e em Israel em 2013. Na ocasião, os participantes brasileiros visitaram renomadas empresas e startups, como Endeavor Global, Google, Apple, IDEO, 500 Startups, além da Universidade de Stanford.