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Por Daiana Moura
O Dia Internacional da Mulher não apenas celebra as conquistas femininas, mas também proporciona uma plataforma para discutir questões cruciais.
A partir de um relatório da IBTM, convido aqui a todos que fazem parte da indústria MICE a uma reflexão sobre a real representatividade feminina em nosso mercado.
Nesse ano, a campanha da ONU para o Dia Internacional da Mulher, “Invista nas mulheres: Acelere o progresso” , adquire um significado mais profundo ao considerarmos os dados apresentados por esse relatório da IBTM sobre a indústria MICE (eventos corporativos, incentivos, congressos e feiras).
Segundo o relatório, tendo como plano de fundo uma pesquisa realizada pela PWC em 2020, a porcentagem média de mulheres em cargos de comitê executivo, diretoria ou conselho em Hospitalidade, Viagens e Lazer é de apenas 32%.
Abordar o tema da igualdade de gêneros em pleno 2024, pode nos remeter a um lugar comum; o intuito aqui é colocarmos uma lupa sob a grande indústria dos eventos corporativos, das feiras, incentivos, e ter esse tema com um sentido bem mais particular, dentro da nossa área de atuação.
Quando olhamos para o setor, em especial aqui no Brasil, vemos grandes exemplos de lideranças femininas, todavia a escalada ao C-Level é feita por personagens, que em sua maioria, são masculinas.
A discussão deve ter como parâmetros as dimensões da campanha 2024 da ONU, conectando-as ao contexto do MICE e destacando a importância de investir nas mulheres para impulsionar o progresso dessa economia, que é um motor para outros tantos setores. Além refletirmos sobre os desafios enfrentados pelas mulheres nesta indústria, conforme revelam pelos dados.
A indústria MICE, com sua alavanca para o progresso econômico, tem na força de trabalho feminina um papel crucial, que não pode ser subestimado. As mulheres ocupam mais de três quartos da indústria MICE, sua presença não é apenas estatística, mas uma força propulsora que transcende as fronteiras dos eventos corporativos.
Essas profissionais não apenas organizam reuniões, feiras, congressos, viagens de incentivos e conferências; elas lideram inovações, promovem a diversidade e moldam estratégias.
Atuando na gestão de eventos, na implementação de práticas sustentáveis ou na introdução de novas tecnologias, as mulheres do MICE são agentes transformadores que fortalecem as interconexões entre os diversos domínios econômicos.
Investindo nas Mulheres: Desafios Evidentes
A campanha da ONU destaca que investir nas mulheres é uma questão de direitos humanos. Quando nos aproximamos da indústria MICE, vemos que embora as mulheres dominem a força de trabalho nesse setor, a disparidade nos níveis de liderança ainda é muito evidente.
Esse estudo da IBTM teve como plano de fundo empresas de gestão de eventos sediadas no Reino Unido com 250 funcionários ou mais. Ao analisar os dados, concluiu-se que, em geral, as mulheres recebem menos do que os homens em todo o setor; 12 centavos a menos por libra.
O relatório mostra que, apesar de representarem 76,9% da força de trabalho na indústria MICE, apenas 16% das mulheres ocupam cargos de diretoria, comparado a 32% dos homens.
Essa discrepância reflete uma lacuna profunda que precisa ser endereçada para verdadeiramente investirmos nas mulheres e garantir seus direitos humanos no ambiente de trabalho.
Mulheres são agentes de transformação
A erradicação da pobreza é um dos pilares da campanha #InvestinWomen, contudo o relatório da IBTM aponta que a diferença salarial entre gêneros na indústria MICE contribui para a persistência desse problema.
A disparidade salarial não apenas perpetua a desigualdade econômica entre gêneros, mas também enfraquece os esforços para acabar com a pobreza em geral.
Investir nas mulheres como agentes de transformação no MICE não pode ser plenamente eficaz sem abordar essa disparidade salarial. A equidade de remuneração é crucial para o empoderamento financeiro das mulheres.
Muitas mulheres no setor. Desafios e oportunidades claras?
A campanha da ONU destaca a importância do acesso das mulheres as oportunidades, e o relatório da IBTM revela que esse ainda é um dos grandes desafios na indústria MICE.
Há um grande destaque para o fato de que a representatividade de mulheres diminui à medida que subimos na escada de senioridade. Apesar de ser evidente que o número de mulheres atuando no segmento é maior, nos níveis mais altos de senioridade acesso ainda é bastante limitado.
Os dados mostram que a proporção de homens aumenta significativamente, chegando a 37% em cargos de liderança como diretores. Podemos evidenciar a necessidade de promover iniciativas que incentivem as mulheres a avançarem nas fileiras e garantir que o acesso aos cargos seja aplicado de maneira eficaz em todos os níveis.
Essa discrepância prejudica não apenas a diversidade de perspectivas, mas também a eficácia das iniciativas sustentáveis no MICE.
Devemos reconhecer que investir nas mulheres, em especial no segmento MICE, é uma jornada complexa e multifacetada, assim como em outros setores da economia.
Contudo, essa luta pela igualdade não é apenas uma questão de direitos humanos, mas uma necessidade urgente para acelerar o progresso na indústria MICE e na sociedade como um todo. Ao compreender e abordar as disparidades reveladas pelos dados, podemos verdadeiramente investir nas mulheres, promovendo uma transformação positiva e duradoura. A mudança começa com o reconhecimento, a ação é o que impulsiona o progresso real.
Daiana Moura, diretora de marketing e relacionamento do Grupo EBS, empresa que há 22 anos atua na realização de eventos de negócios, se especializou no segmento MICE.
O Grupo EBS é organizador da EBS – Evento Business Show – feira da indústria de eventos corporativos, incentivos, feiras, congressos e treinamentos.
Formada em Letras, pela USP, chegou ao mercado MICE em 2014, quando assumiu a liderança dos times de relacionamento e marketing da Feira EBS e do Speed Meeting.