“A COVID-19 foi difícil para nós. Tínhamos estabelecido novos recordes em termos de vendas e lucros e as vendas, então, caíram em semanas. Nossa vulnerabilidade tornou-se evidente. Perdemos cerca de 170 milhões de euros até agora, isso é mais da metade das nossas vendas”, contou Klau Dittrich, CEO e Chairman da Messe München em entrevista ao veículo alemão Augsburger Allgemeine.
Em algumas regiões da Alemanha – como a Baviera, sede da Messe München – as feiras de negócios estão autorizadas a retornar em 1º de setembro e a promotora já anunciou a realização da Expo Real (feira voltada ao segmento de propriedade e investimento) em formato híbrido, de 14 e 15 de outubro. São esperados cerca de 2.700 visitantes, em contraposição aos quase 47.000 em 2019. “Procuramos novos formatos ao invés de cancelarmos os eventos. Pessoas de todo o mundo poderão participar e se juntar aos debates que acontecerão no evento. Esse impulso de digitalização permanecerá, mesmo após a COVID-19. Dessa forma, podemos aumentar o alcance das feiras de negócios por meio dos canais digitais no futuro”, comentou Dittrich.
Os visitantes deverão manter distância uns dos outros e todos os participantes são registrados para que seja possível rastrear quem estava presente se as infecções ocorrem. Todas as áreas da feira serão limpas e desinfetadas com mais frequência. Os corredores entre os estandes serão alargados e os próprios estandes terão mais espaço. “As feiras de negócios na época da pandemia serão diferentes”, explicou.
Para o restante de 2020, o executivo indicou que os próximos meses mostrarão por quanto tempo as reservas financeiras da companhia irão durar. “Se grandes feiras comerciais no outono e no inverno, como Analytica para tecnologia de laboratório, Elektronica como a feira líder mundial de componentes eletrônicos ou a feira de automação Automatica, não poderem acontecer como planejado, certamente devemos introduzir outras medidas de redução de custos. Temos um conceito de higiene convincente, mas muitas pessoas ainda não acreditam que as feiras comerciais funcionem sob condições da pandemia. Esse é o fator de incerteza para nós. Mas acredito que este ano as pessoas voltarão a ter mais confiança nas feiras. A Feira do Livro de Frankfurt, em outubro, pode trazer um grande avanço para a Alemanha”, afirmou.
Outra preocupação de Dittrich está relacionada às restrições de viagens. “Temos 14 feiras internacionais líderes. Se não podem vir até nós visitantes de todas as partes do mundo, alguns expositores enxergaram que não vale a pena participar. Em todo caso, acredito que os efeitos do coronavirus se arrastarão até 2021 e afetarão nossos negócios. Já temos as primeiras rejeições para o próximo ano. A probabilidade é muito alta de que teremos que continuar poupando, especialmente porque a crise econômica real ainda está por vir na esteira da pandemia. Uma ou outra empresa será vítima disso e, portanto, falhará como expositor”, completou.
O CEO acredita que levará de três a cinco anos para que o setor de feiras volte aos seus patamares normais. “As feiras comerciais serão baseadas em antigos sucessos após a pandemia. As pessoas querem olhar nos olhos das pessoas e ver como elas reagem. Encontros pessoais em feiras comerciais não podem ser substituídos digitalmente.”
A entrevista ainda aborda diversos assuntos da vida pessoal do executivo e outras questões. Para ler a entrevista completa (em alemão) clique aqui