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Acreditar que uma empresa existe única e exclusivamente para lucrar é como afirmar que todo o objetivo do ser humano se limita a comer. Ambos somos muito mais que subsistir fisiologicamente ou através de recompensas financeiras e acúmulo de capital.

O Dia Fundador existe tanto para a pessoa física quanto jurídica, ele marca exatamente quando entendemos por que e para que estamos vivos e o que dá sentido à nossa existência. Essa jornada de descoberta interna exige um movimento proposital de querer fazer o certo não porque é bonito ou faz parte do novo modismo do ESG, mas fazer o certo porque é o certo – simples assim.

Uma descoberta que exige energia e coragem para percorrer o trajeto mais complexo já feito por qualquer ser humano: os 45 centímetros que separam a cabeça do coração. Um trabalho que mexe muito com a emoção, mas que não pode nunca perder de vista a razão. Ter essa consciência significa estar totalmente desperto e lúcido para enxergar a realidade com clareza e entender todas as consequências de nossas ações, em curto, médio e longo prazo.

Esse é nosso papel empático enquanto ser humano. Renunciar os julgamentos e ter a capacidade de compreender que um problema social não é só uma consequência política ou de atos deliberados individuais. É sermos práticos nas ações sem criar teorias mirabolantes capazes de justificar as condições sociais atuais. É agir. Trabalhar. Resolver. Dormir e acordar com a consciência de que aquele problema também é nosso!

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A solução? O capitalismo. Essa é a única resposta que consigo enxergar.

As entidades governamentais ou organizações sem fins lucrativos dependem, e muito, da prosperidade e da riqueza construídas pelo universo corporativo. A iniciativa privada é a maior e talvez única criadora de valor para o mundo. Grande parte da animosidade que se dá contra o capitalismo é de que a prosperidade de um implica no empobrecimento do outro, quando na verdade a riqueza é exponencialmente expansível quando utilizada uma combinação de recursos humanos, físicos, inovação e muito trabalho.

Com coração mais calmo em saber que o problema nunca foi o nosso modelo econômico, mas sim a forma como ele se desvirtuou ao longo dos anos é que encontrei meu propósito e concebi meu Dia Fundador.

Compreender os problemas sociais e os caminhos das possíveis soluções exige uma dedicação adicional. Muito podcast, vídeos, estudo e pesquisa na internet. Uma bagagem que é fundamental, mas só funciona se aplicarmos um conceito prático na nossa rotina que chamo de TBC, Tira a Bunda da Cadeira. Parafraseando Odilon Araújo, fundador e líder do Instituto Sonhar Alto, “A cabeça pensa onde os pés estão”.

De nada adianta teorias e conceitos redigidos em MacBook Air 13”, dentro de escritórios com a temperatura controlada, se não colocarmos os pés nas vielas e ruas de chão batido. Se não convivermos um pouquinho só com pessoas que conhecem os problemas sociais ou que vivem eles em seu cotidiano.

É muito menos “Ouvi dizer” e mais de “Vivi pra ver essa miséria toda”.

Qualquer caminho permanente é construído a partir do conhecimento verdadeiro da origem de seu problema. Nesse contexto que se baseia o conceito de responsabilidade social, que não é a filantropia, ainda que ela seja uma pequena parte das ações como medida provisória e emergencial. Responsabilidade social é a construção de caminhos sólidos, pautados nos propósitos individuais de cada empresa, que por sua vez destina parte de sua energia, recursos e capital intelectual na construção e geração de valor social permanente.

Ações orientadas no longo prazo e criadas para se tornarem definitivas é que transformam as empresas em verdadeiras cidadãs. Humaniza a relação corporativa e faz com o lucro seja consequência de boas práticas e por fim, um recurso essencial para a transformação social.

Adam Smith, pai da economia moderna disse uma vez, “Não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em promover seu auto interesse”. Assim como aquele cabelo de 1723 que está totalmente ultrapassado, esse conceito também. Da minha parte torço muito mais pela benevolência do que pelo autointeresse.