De 31 de outubro a 12 de novembro os líderes das 20 maiores economias do mundo se juntaram a outros chefes de estado em Glasgow, Escócia, para mais uma edição da Conferência do Clima da ONU (COP26).
Lideranças da indústria de eventos também estiveram na COP26 e, em 10 de novembro, para apresentar e assinar um compromisso (Net Zero Carbon Events) para construir uma indústria mais verde e sustentável, reduzindo e – futuramente – zerando as emissões de carbono.
A iniciativa organizada pelo Joint Meetings Industry Council (JMIC) tem como intuito conectar a indústria de eventos globalmente ao movimento crescente em direção ao zero líquido até 2050.
Estiveram presentes na sessão Stephanie Dubois (chefe de operações de eventos da SAP); Kai Hattendorf (CEO da UFI), Monica Lee-Müller (Diretora Geral do Centro de Convenções e Exposições de Hong Kong), Charlie McCurdy (CEO da Informa Markets), Miguel Alejandro Naranjo Gonzalez (secretário da UNFCCC), Cristina Pace (Presidente do Grupo de Trabalho de Sustentabilidade da eSkootr Championship), Bob Priest-Heck (CEO da Freeman), Mike Seaman, (CEO da Raccoon Events), Alan Steel (CEO do Javits Center), Kathleen Warden (diretora de vendas de conferências do Scottish Events Campus) e Barbara Weizsäcker (secretária-geral da European Major Exhibition Centers Association).
Eles representaram os mais de 110 signatários do acordo (que incluí organizadores de feiras e eventos, centros de convenções e exposições, associações e prestadores de serviços desta indústria) e demonstraram o compromisso da comunidade da indústria de eventos para combater as mudanças climáticas.
Os participantes do projeto Net Zero Carbon Events se comprometem a:
– Comunicar em conjunto o compromisso da indústria de combater as mudanças climáticas e rumo ao zero líquido até 2050
– Desenvolver metodologias comuns para medir as emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa da indústria
– Construir um roteiro para toda a indústria rumo ao zero líquido até 2050 e reduções de emissões até 2030, em linha com o Acordo de Paris, com apoio e orientação sobre questões-chave
– Promover a colaboração com fornecedores e clientes para garantir o alinhamento e abordagens comuns
– Estabelecer mecanismos comuns para relatar o progresso e compartilhar as melhores práticas.
“Sabemos que o setor de eventos tem uma grande pegada de CO2. Se fizermos os ajustes certos podemos ter um grande impacto. Eficiência, prevenção e economia circular são as variáveis decisivas nos passos que pretendemos dar”, aponta Gerald Böse, CEO global da Koelnmesse.
Isso inclui, por exemplo, atividades de viagens em conjunto com feiras comerciais; logística ou integração de elementos digitais em feiras híbridas, bem como construção de estandes ou sustentabilidade na concepção dos recintos de feiras.
Recentemente a GL events deu um bom exemplo na França de como ações relativamente simples podem gerar grandes impactos.
Como parte de uma abordagem para reduzir as emissões de carbono, a Viparis alugará 8.000 m² do Hall 8 de seu centro de convenções e exposições (Paris Nord Villepinte) para a GL events, a fim de armazenar os equipamentos necessários para a montagem dos estandes da feira Première Vision Paris.
O objetivo é evitar o movimento de mais de 500 veículos pesados durante cada uma das duas edições anuais da feira. Esta colaboração entre duas gigantes francesas do setor de eventos permitirá que a Viparis diversifique os modos de utilização dos seus espaços.
Já para a GL events, a parceria limitará severamente os fluxos de transporte relativos a um dos seus eventos profissionais mais importantes.
Desde a sua criação em 1973, a Première Vision equipou seus espaços de exposição com materiais 100% modular e reutilizável de uma edição para outra. No entanto, o transporte desses ativos da região de Paris exigia quase 500 viagens de caminhão por edição.
“Limitar o frete é o elo que faltava em nosso setor para fornecer serviços com um impacto de carbono reduzido. Esta é a primeira etapa de uma abordagem que esperamos perpetuar e estender a outros ativos”, explica Olivier Ferraton, Vice-CEO da GL events.
A disponibilização de espaços de armazenamento no Paris Nord Villepinte permitirá evitar as emissões de CO2 associadas ao transporte, com uma economia total de 82 toneladas de CO2 por ano.
“O desenvolvimento sustentável é um foco crítico e de longa data da indústria de eventos. Os princípios de sustentabilidade estão firmemente incorporados às práticas da indústria e as expectativas dos clientes há muito tempo”, afirma Hugh Jones, CEO global da RX.
“Com mais de 400 eventos, em 22 países em 43 setores da indústria, RX tem um papel importante e de liderança a desempenhar na educação e inspiração de nossos clientes, comunidades e parceiros para nos reconstruirmos melhores após COVID-19 e criar um ambiente mais justo e mundo sustentável”, acrescenta.
NÃO SÓ NOS EVENTOS DE NEGÓCIOS
Não são apenas as feiras e eventos de negócios que estão pensando em um futuro mais sustentável do setor. A próxima turnê do Coldplay pelo mundo será parcialmente movida por uma pista de dança que gera eletricidade quando os fãs pulam e pedalam, por exemplo.
Esta é parte de um plano de 12 pontos para cortar sua pegada de carbono, dois anos depois que a banda prometeu não fazer uma turnê até que pudessem fazer isso de uma forma mais sustentável.
O Coldplay também plantará uma árvore para cada ingresso vendido. Em sua última turnê, em 2016-17, eles tocaram para 5,4 milhões de pessoas.
Os shows usarão eletricidade de baterias alimentadas por ventoinhas, bem como energia solar, óleo de cozinha reciclado de restaurantes locais e energia elétrica de fontes 100% renováveis quando disponíveis
A turnê 2022, que terminará em Glasgow, terá emissões de dióxido de carbono 50% mais baixas do que a turnê 2016/17, mas “ainda terá uma pegada de carbono significativa”, de acordo com o plano de sustentabilidade do grupo.
Quem sabe, futuramente, o Coldplay não passe a utilizar os novos geradores móveis movidos a hidrogênio 100% (GEH2®) da GL events. Esta foi mais uma ação fechada pela multinacional francesa que, a partir de meados de 2022, poderá oferecer aos seus clientes frances um serviço inovador, com energia sustentável produzida no próprio local do evento a um custo acessível.
“Com esta nova oferta de produtos, queremos apoiar os nossos clientes nos seus esforços para reduzir o impacto ambiental dos seus eventos e ajudá-los a aumentar a sua visibilidade e credibilidade nesta área”, comunica a GL.
No Brasil o Rock In Rio também anunciou um plano ousado de sustentabilidade. Há 15 anos o festival se tornou no primeiro grande evento a compensar a sua Pegada Carbônica e agora quer ir mais longe.
Para tanto, anunciou um conjunto de metas de sustentabilidade até 2030 que visam aumentar o seu impacto positivo nos pilares social, ambiental e econômico. Alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável promovidos pela ONU, estas metas começam já a ser concretizadas nas edições de 2022 do festival – em Portugal e no Brasil.
“Desde 1985 que o festival assume um compromisso com a sociedade: o de sermos agentes ativos na construção de um mundo melhor e levarmos isso conosco para qualquer lugar”, explica Roberta Medina, Vice-Presidente Executiva do Rock in Rio.
O festival estabelece metas ambiciosas para 2030, que se concentram essencialmente nas temáticas que o Rock in Rio acredita serem as mais necessárias para alimentar conversas que serão cada vez mais relevantes: educação, sistemas alimentares, alterações climáticas, economia circular, inclusão e pluralidade.
“Para cada edição definiremos metas intermediárias – passos para alcançarmos as metas de 2030, suportados pelo nosso Plano de Sustentabilidade onde reuniremos as ações que nos comprometemos a implementar. Este Plano é distribuído por todos os nossos parceiros e estará, também, disponível no nosso site”, finaliza Dora Palma, Sustainability Manager do Rock in Rio.
Conheça os planos de sustentabilidade do Rock In Rio: https://portalradar.com.br/rock-in-rio-anuncia-metas-de-sustentabilidade-a-serem-cumpridas-ate-2030/
Matéria originalmente publicada na Edição 62 da Radar Magazine (www.radarmagazine.com.br ), pertencente ao Grupo Radar.