POR ANTÓNIO MANUEL BRITO
As feiras são, sem dúvida, um motor de desenvolvimento econômico de um país. Não só contribuem para o crescimento de diversos setores econômicos, mas também estimulam os negócios entre compradores e vendedores, colocando frente a frente, demanda e oferta, potencializando relacionamentos e, sobretudo, gerando valor econômico e social para as indústrias e segmentos que representam.
No entanto, não podemos, de forma alguma, dissociar o impacto econômico e social que as feiras geram para os países e cidades onde elas ocorrem, pois, sua repercussão prolonga-se muito para além de suas realizações, gerando riqueza de forma direta e indireta.
As feiras de negócios são muito mais do que espaços temporários privilegiados que concentram, num determinado momento, a oferta e a demanda de um setor.
Elas são agentes econômicos e geradores da economia que causam um impacto extraordinário em todo o entorno, estejam diretamente conectados à atividade ou não.
Quando um expositor ou visitante participa de uma feira de negócios, seu investimento não se limita somente ao valor do m² ou ao pagamento da entrada numa feira.
O mesmo só por si gera riqueza para toda a cidade, seja ele residente no país ou estrangeiro, pois mantém seu padrão de qualidade de vida necessitando, para tal, de gastar dinheiro na hospedagem, alimentação, transportes, compras etc.
Isso permite que diferentes agentes econômicos se beneficiem de forma direta através do aumento momentâneo do número de consumidores numa determinada cidade, só pelo fato de participarem de uma feira.
Nesse sentido, devemos analisar o impacto econômico e social das feiras de diferentes formas: primeiro, seu impacto direto, isto é, o benefício primário direto pelo simples ato de se realizar uma feira, que resulta em benefícios tangíveis para o promotor que a realiza, para as empresas que participam gerando negócio, assim como para o proprietário do recinto de feiras onde ela se realiza, que loca a infraestrutura para o evento ter lugar.
Em segundo lugar, o impacto indireto, que resulta em benefícios secundários para todos os stakeholders envolvidos, como hotelaria, alimentação, transportes, turismo, agentes de publicidade e comunicação, montadoras, audiovisuais, estacionamento, compras, bebidas, entretenimento e diversão, entre outros variados beneficiários.
Por último e em terceiro lugar, o impacto induzido. A realização de uma feira de negócios numa determinada cidade por um tempo limitado, envolvendo milhares de pessoas e empresas, permite como benefício terciário incrementar o PIB de um país pelos negócios gerados, fomentar a importação/exportação, gerar novos empregos, contribuir para o desenvolvimento econômico de um país, potenciar investimento direto estrangeiro, capacitar através do intercâmbio de experiências que resulta num melhor “saber fazer”, retorno turístico, melhorar e reforçar a imagem de uma cidade ou país e, indubitavelmente, aumentar a receita fiscal por via das trocas comerciais, fruto da realização das feiras de negócios.
Se tudo o que referi anteriormente entendermos que são resultado da existência de uma feira, iremos com certeza entender que as feiras são, sem dúvida, uma extraordinária alavanca econômica dos países e das cidades onde se realizam, e como tal devem ter todo o apoio das entidades competentes, pois são estas os principais beneficiários.
Como exemplos, e provado globalmente por entidades competentes, estima-se que cada dólar investido numa feira resulta em 10 USD de benefício para a cidade onde ela se realiza.
Estudos realizados pela FIPE, Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, publicados pela UBRAFE recentemente, demonstram que somente considerando 800 eventos realizados em São Paulo, geraram um benefício de 16.3 bilhões de reais e que somente 1.65 bilhões representam impacto direto, benefício primário para os organizadores.
Como curiosidade, estudos feitos nos Estados Unidos pelo Boston Convention Bureau demonstram que um visitante de uma feira gasta duas vezes e meia mais que um turista.
Por outro lado, o “Oxford Economics Business Travel Study” refere que as viagens de negócios aos EUA são responsáveis por gerar 246 bilhões de dólares e dos quais 100 bilhões estão diretamente relacionados com feiras.
Nos EUA, segundo um estudo recente do Oxford Economics publicado pelo CEIR (Center for Exhibition Industry Research), concluiu-se que um visitante numa feira terá impacto indiretamente na cidade em cerca de 13.600 USD e um expositor mais de 36.100 USD.
Há muito que os governos e os estudos reconhecem em todo o mundo o valor e importância econômica e social das feiras e como motor de desenvolvimento, assumindo para tal o compromisso para atrair ao seu destino os melhores eventos mundiais.
Sem dúvida, as feiras trazem valor agregado aos países e crescimento econômico que ninguém, na sua plena consciência, quer perder, pois seu efeito replicado em turismo futuro e claro em consumo tem um resultado econômico multiplicado.
Como corolário, gostaria de citar Peter H. Hofenberg da Universidade da Califórnia em Berkeley que dizia: “As feiras já não são apenas o espelho da sociedade, mas sim agentes de mudança”.
*António Manuel Brito, CEM, CMP Consultor Internacional em Marketing e Gestão de Feiras e Eventos [email protected]