O que o Lolla e o Oscar tem a ver com seu evento? Tudo.

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Uma das coisas que mais vejo negligenciada nos projetos em geral, é a Gestão de Riscos. Em eventos maiores, por força da necessidade, a gestão estrutural em geral tem este olhar, mas só recentemente temos visto com mais efetividade medidas preventivas, planos alternativos e planos de contingência nos projetos em geral.

Em vários eventos que participei como produção ou ativação presenciei muitos acontecimentos e, em sua maioria, não havia uma gestão de crise elaborada e ensaiada – como a quem comunicar, quem socorre, quem decide. Percebo uma evolução, mas vejo que temos muito a aprender ainda.

Mas e quando é sobre conteúdo? Palestrante não poder comparecer de última hora pode ser contornado com mais facilidade por algum acontecimento corriqueiro, como a perda de voo ou ainda um exame positivo de COVID (que infelizmente tivemos que aprender a lidar)…mas e um falecimento? E um protesto ou liminar da justiça sobre alguma questão apresentada? E quando um convidado reage a um apresentador?

Aposto que muitos de nós não imaginava que pudesse acontecer o que aconteceu este final de semana, tanto no Lolla quanto na cerimônia do Oscar. Independente de opiniões temos um grande aprendizado aqui, e achei interessante refletir sobre isso com vocês. E além disso, trazer estas reflexões para os eventos corporativos e feiras que, em geral, sugerem relacionamentos profissionais, com menos previsão para reações adversas. Será?

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Assim, eu pergunto: Se estiver fazendo um evento corporativo e houver uma manifestação política, estão todos preparados para lidar com isso, por exemplo? Vai valer a liberdade de expressão ou há regras claras de cultura do que vale ou não nesse ambiente para as equipes? O organizador do evento e o meeting planner tem um plano para apoiar a se posicionar a este respeito?

O humorista no Oscar atua há anos dessa forma. Aliás, é uma tradição de um humor que sempre usa os demais – e de forma exagerada na minha opinião. Esta linha sempre foi tênue e algumas vezes cruzada. Sério que ninguém nunca previu que podia ter um revide nos dias de hoje?

Podia ser um grito , uma manifestação visual com uma roupa ou bandeira , atirar água no colega,  mas infelizmente gerou um gesto de violência física mais pesado. Aparentemente a organização avaliou o cenário de dúvida quanto a ser real ou encenado pelos telespectadores e manteve a continuidade do evento. Mas se posicionou ainda ontem a noite condenando o ato de violência.

Será que a academia não acompanhou o que estava acontecendo aqui fora? Não reviu seus protocolos e convidados e o risco que isso podia trazer?

Apesar de uma festa linda, com tantos artistas consagrados de volta juntos em uma cerimônia tão aguardada para celebrar o cinema, com inclusão em várias frentes, será lembrada por esse marco, que não sei se poderia ter sido vista como um risco. Mas claramente houve uma posição tomada quando aconteceu.

Em geral, GESTÕES DE CRISE são mais comuns em indústrias químicas ou correlatas, ligadas a impactos sociais e ambientes promovidos por seus produtos. Há uma equipe e/ou agência de comunicação, além de equipe técnica qualificada, que monitora andamentos e acontecimentos, que, aliada ao posicionamento geral da empresa e marca, promovem comunicados, ou mesmo a ausência deles, como estratégia. E há sim um fluxo, processo e responsáveis por isso em cada etapa.

Não sou especialista em gestões de crise, mas posso adiantar algumas questões que atuamos como GESTÃO DE RISCOS em projetos.

A primeira delas, considerar Riscos como uma parte relevante do projeto além de Plano, Crono, Custos, etc… e não deixar só para o laudo dos bombeiros. Estruturar um pensamento simples, até em uma planilha com o Tipo de Risco (crono, custo, técnico, jurídico etc,), Descrição do Risco, Responsável direto e outros se houver escalonamento, Probabilidade (baixa, média , alta), Impacto (baixo, alto, moderado), Classificação ( Importante, Crítico), Plano de Mitigação incluindo para ou não paralisa o projeto é um ato MUITO importante especialmente nos inovadores.

Sim, não há meios de prever tudo, mas há meios de organizar uma gestão de crise caso aconteça algo fora do planejado.

Se formos resumir aqui eu vejo uma cadência de ações. Para começar, em relação a conteúdo, garanta que está ouvindo várias vozes, esteja conectado com a sua audiência, comunidade e sociedade  e se houver dúvidas, esteja atento aos riscos e fique pronto. Garantir respeito básico , equidade de gênero , racial e todas as inclusões possíveis já são uma demanda real, não é luxo nem um extra.

Além disso, ter um apoio jurídico e de RH acompanhando ou ao menos ter ciência do projeto em andamento, especialmente público com envolvimento das equipes internas, pode ser um diferencial. Políticas de compartilhamento nas redes, que tal estabelecer alguns acordos entre os participantes?  Eleger locais e ambientes instagramáveis são uma opção. Tolerância de gênero, religiosa , política…eventualmente um NDA se o conteúdo não puder ser compartilhado?

E só para complementar, a INOVAÇÃO que tanto se cobra em nosso mercado, demanda ter esses cuidados : planejamento com prazos adequados , políticas mais claras atreladas ao objetivo do evento e posicionamento dos organizadores, entendimento mínimo do público e audiência, e os demais elementos para uma gestão de projetos.

Mas acredito que todos nós,  grandes profissionais que somos, já sabemos disso e a experiência trouxe mais um alerta. É possível inovar e estar mais preparados,  agindo com estratégia, sem fórmulas 100% prontas e pilotos automáticos a todo o tempo, utilizando métodos que ajudem a identificar oportunidades. Isso, a meu ver, chama-se EVOLUÇÃO.