Por Marcus Quintanilha Filho*
Um vírus afetou todo o globo. Um pequeno vírus que não era de computador. Em 2001, o Linux Kernel e Windows XP foram lançados. Em 2004, o Brasil tinha 30 milhões de internautas e era o líder mundial de inscritos no Orkut. O Iphone, que talvez esteja nas suas mãos, foi lançado em junho de 2007.
Aceleramos depressa, rumo à inclusão digital. Diversos unicórnios apareceram – não aqueles mitológicos – startups com valor de mercado maior que 1 bilhão de dólares. Atualmente, “vivemos” nas redes sociais, entre elas, o Facebook (2004), YouTube (2005) e Instagram (2010). Em 10 anos passamos a segurar um computador nas mãos e utilizá-lo para fazer quase tudo.
No entanto, vale lembrar, que “tudo” se refere ao que aprendemos a fazer através de recursos novos. Quase uma distração pessoal para o tempo livre. Mas não percebemos – ainda – que muitos aplicativos tomam nosso tempo em demasia, que ficamos cansados de absorver tanta informação desnecessária e também nos afastamos do convívio social (real). Com a pandemia, acredito que isso ficou bastante evidente!
Então, me perguntam:
– Qual a relação disso com os eventos?
Lhes respondo: os eventos são primitivos. Assim como comer, beber e toda a lista que Maslow puder lhe mostrar em sua hierarquia das necessidades.
Isso tudo me trouxe para uma dúvida imensa. Ficou claro que vivemos justamente nessa nova era ultra tecnológica testando o limite entre o real e o virtual. Na quarentena, me senti obrigado a atualizar todas as minhas contas em redes sociais sem ganhar um centavo: trabalho escravo pós moderno. Se preparem para ouvir no “novo normal”: queremos o real porque o virtual é cansativo e monótono demais.
Nesse texto vou me permitir fazer prognósticos! Acredito mesmo que a grande maioria das pessoas está ansiosa por uma experiência real de um evento. Que, antes até de uma vacina, com o decréscimo imenso do número de casos, vamos lotar um estádio para assistirmos a um festival de música. Acredito que as “lives” já exauriram a todos – vide o declínio de suas audiências – e tantos e tantos recursos ditos virtuais se esgotaram rapidamente, apesar de não haver limite para o seu consumo!
Digo, sem medo de errar, acredito que, em breve, vamos ter o retorno das multidões, assistindo a shows de seu artista preferido ou presenciando eventos de negócios pelo mundo. A recuperação terá um hiato temporal. Mas a força de ativação do público será muito grande também.
Então, empresas de eventos: corram! Comecem a rabiscar suas próximas criações, pois o tempo voa.
*Marcus Quintanilha filho é Escritor, Gestor executivo de eventos e pesquisador em comunicação e ciências sociais.