Empresários do setor de arquitetura colocam seus projetos em prática para construir um pujante setor da economia brasileira Em 1875, nos Estados Unidos, John Larkin montou sua primeira fábrica de sabão com apenas um produto, chamado “Sweet Home Soap”. Nascia a Larkin Company.
O negócio cresceu tão rapidamente que, em 1877, ele comprou dois lotes de terra, inaugurando fábricas que passaram a produzir nove tipos diferentes. Além da qualidade do produto, a empresa vendia seu sabão em caixas com cupons impressos, que podiam ser trocados por brindes. No início de 1900, o sucesso e crescimento da empresa continuaram, resultando na necessidade de se construir um edifício administrativo.
O prédio precisava ser limpo e confortável, para atrair funcionários para uma nova zona da cidade, e também conter inovações que melhorassem suas chances de sucesso comercial. Para a construção deste projeto, foi convidado o arquiteto Frank Lloyd Wright. Considerado um marco para a arquitetura corporativa, o “Larkin Administration Building” reinventou o local de trabalho para aproveitar as últimas ideias em tecnologia e gestão da época.
Cada detalhe da arquitetura do edifício tinha uma finalidade de negócio. Nesse projeto, o átrio central, com seu pé-direito elevado, destinado aos empregados de escalão inferior, era iluminado por uma ampla claraboia e circundado por quatro pavimentos de galerias, onde se localizavam as salas privativas dos funcionários mais importantes. Foi uma das primeiras vezes em que se adotou um sistema central de ar-condicionado e se projetou um mobiliário específico de trabalho.
O escritório passava a ser mais que um simples local de trabalho, com sua infraestrutura utilizada a favor do negócio, agilizando processos e aumentando a satisfação de clientes e funcionários.
Mais de 100 anos se passaram, contudo, algumas das inovações trazidas por Wright seguem presentes e aperfeiçoadas. Climatização; maior utilização de vidros para aproveitar a iluminação natural e preocupação com a sustentabilidade incorporando tecnologias de reutilização da água; menor consumo de energia e reciclagem do lixo produzido, fazem parte dos projetos de edifícios de escritórios mais modernos erguidos hoje. Ter seu próprio edifício comercial ou seu local de trabalho em um destes superprédios não é ainda privilégio de muitas empresas.
Grande parte dos escritórios, consultórios, agências e etc; está locada em edifícios comerciais, digamos, “normais”. “O que estamos vivendo neste momento é um período de adequação. Aquelas edificações que foram construídas com profundo estudo de mercado, e que estão alicerçadas no conceito Triple A, com certificação ecológica, estão com boa taxa de ocupação. Já os demais empreendimentos ‘copistas’, que seguiram moda, terão uma baixa ocupação ou longo prazo para se adequar”, explica Ricardo Aranovich, Presidente da Flex eventos, que realiza o principal evento de arquitetura corporativa do País, a Office Solution Arquishow Facility Show.
A Athié Wohnrath (AW), um dos maiores escritórios de arquitetura corporativa do mundo, atuou em 26 projetos que tiveram a Certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), todos projetados de forma altamente sustentável. “Para isso, é necessário atuar desde o início com o know-how ambiental, na especificação de materiais com alto índice de componentes reciclados ou que sejam recicláveis. Também utilizamos soluções que economizam água e energia, qualidade espacial, entre outras específicas”, explica Ivo Wohnrath, CEO da empresa. Em 2013, o número de escritórios de alto padrão em de São Paulo atingiu a marca dos 3,6 milhões de metros quadrados, mas mesmo assim, não falta espaço para crescer. “Há uma imensa carência de edifícios de escritórios na Região Leste de São Paulo, onde a nosso ver, será um novo e promissor mercado”, completa Aranovich.
Mesmo com a região sendo privilegiada por estações de metrô eligação com o centro pela Radial Leste, os mais de 3 a 4 milhões de pessoas que deixam suas casas rumo às zonas Sul e Central sofrem com o deslocamento. Nada mais lógico que evitar esse deslocamento.
É o que pensa a Prefeitura de São Paulo em seu plano de descentralização dos espaços, e a Porte Construtora, que há mais de 25 anos acredita na região, e pretende erguer ali um novo polo corporativo. “A Porte está capitaneando um projeto que é composto por 5 a 6 empreendimentos corporativos, que devem totalizar mais de 100 mil metros quadrados de área construída. Dentro deste empreendimento, teremos um grande teatro, com capacidade para 1.400 pessoas, hotel e toda a parte de apoio com malls. Ou seja, está se desenvolvendo para toda a Região Leste um embrião do que já foi a Berrini”, explica o consultor de projetos corporativos da empresa, Sandro Prada. Algumas empresas já adquiriram andares dos prédios, mas a construtora está em tratativas com três grandes empresas para ancorar um de seus empreendimentos.
A ideia é levar uma companhia que ocupe de 5 a 6 mil metros quadrados de escritórios, chegando a ocupar quase 30% do edifício. Assim como a Porte, a construtora Related acredita no poder de transformação de regiões e no Brasil. Com operações em Nova York e Miami, a companhia chegou ao País com dois importantes projetos, um na região da Faria Lima e outro na Marginal Pinheiros — entre a Cidade Jardim e o Parque Burlemax. Esse último, chamado Parque Global, onde dentro dos 218 mil metros quadrados de terreno será realizada uma importante mudança, juntando shopping center, residencial de alto padrão, hotel e comercial. “Quando falamos em poder de transformação, são algumas regiões em que a Related investe, levando esse uso misto de residências, escritórios e comércio. O Parque Global já é uma grande intervenção urbana de uso misto. Essa é uma característica da empresa e é o que viemos trazer para o Brasil também”, afirma Ricardo Grimone, Diretor de Desenvolvimento da Related do Brasil.
De fora para dentro
Assim como a construção dos edifícios são calculados e projetados para aumentar a eficiência, os ambientes internos das empresas seguem as mesmas coordenadas.
Mas quais são as características pedidas atualmente quando se é realizado um projeto de um escritório? “Acima de tudo, um projeto que reflita a cultura da empresa. Esse cuidado deve acontecer na estruturação dos espaços. Algumas empresas já trabalham com postos compartilhados e, para que isso funcione bem, é necessário que o mobiliário, o layout e a tecnologia aplicada sejam adequados”, explica Ivo.
Os escritórios modernos são compostos por uma combinação de algumas áreas como: área de staff, com cada vez mais a diretoria integrada, espaço para trabalho colaborativo e espaço de descompressão e relaxamento. “Independentemente das características de cada empresa, de cada cliente, todos valorizam os ambientes para atividades de compartilhamento de informações, sejam elas salas de reunião com configurações adequadas para este uso, ou espaço de relaxamento e descompressão, antigas cafeterias que agora são espaços bem mais completos para esse fim”, aponta Ivo.
Outro ponto importante é a área de recepção e atendimento, que transfere para o público externo a imagem corporativa da empresa. Com mais de 400 lojas espalhadas pelo Brasil, a rede de restaurantes Habib’s entende bem sobre atendimento e transferência de imagem, oferecendo um local agradável e ao mesmo tempo funcional.
Da necessidade de verticalização do Grupo Habib’s para o crescimento e perpetuação da marca dentro dos padrões estabelecidos, foi criado o Vector 7, escritório de arquitetura responsável pelos projetos das lojas da rede. “Buscamos uma identidade através de nossa arquitetura e a levamos a fundo para obter o máximo de elegância e praticidade, com os custos minimizados pela economia de escala”, explica Fernando Brandini, Diretor de Desenvolvimento na Vector 7.
A empresa conta com aproximadamente 40 funcionários diretos, cerca de 300 indiretos e uma rede de fornecedores credenciados e homologados para fornecerem a parte de mobiliário para os restaurantes do Grupo. Flexibilidade, ergonomia e conforto = produtividade e saúde Lombalgia, dores de cabeça e nas costas, enxaqueca. Esses são apenas alguns dos vários malefícios ocasionados à saúde pela má postura dos funcionários em seus postos de trabalho. Você já parou para pensar quanto tempo você fica sentado em seu ambiente de trabalho e como fica sua postura? Se você já sentiu algum desses problemas, fique atento!
Não é por menos que muitas empresas já investem grande capital em mobiliário planejado com o objetivo de proporcionar a ergonomia correta ao ambiente de trabalho, auxiliando diretamente na qualidade de vida dos colaboradores e trazendo como consequência uma produtividade maior. “Já existe a consciência de que investir em mobiliários e ambientes adequados representa a melhoria da saúde do trabalhador e, como consequência, uma economia para a empresa com a retenção de talentos e o aumento da produtividade”, comenta Stefan Schattan, Diretor da Ornare que está à frente da empresa, junto com seu irmão Pitter, no segmento de mobiliário corporativo, com sua linha Office. “Não basta ser bonito, ter só o design. Nós trabalhamos justamente esse lado da ergonomia, funcionalidade e qualidade. Conseguimos juntar a expertise na engenharia de produzir móveis com o design”, completa Lúcia Susuki, Diretora da Vitra no Brasil.
Assim como a Ornare, a Vitra tem tradição em mobiliário residencial e decidiu investir forte na área corporativa e no Brasil com a construção, agora no segundo semestre, de uma fábrica na Zona Leste de São Paulo. Para produzir sua linha de cadeiras ID Concept, por exemplo, a Vitra contou com uma parceria com o instituto de saúde de Zurique, pensando justamente na ergonomia.
Fundada por um grupo de empresários goianos, a USE Móveis está há mais de 27 anos no mercado moveleiro, oferecendo soluções completas em mobiliário e acessórios para ambientes de trabalho. São mesas, armários, gaveteiros, estações de trabalho, divisórias e acessórios corporativos. “Os nossos departamentos de engenharia, novos produtos e controle de qualidade, estão constantemente se capacitando com os estudos de ergonomia e aplicando em nossos produtos”, afirma Heitor Filho, CEO da empresa.
Tudo em um lugar só
“O mercado de arquitetura corporativa está em evolução e transformação, abrindo excelentes oportunidades para o empresário de visão global, aproveitando as potenciais oportunidades espalhadas pelo território nacional”, afirma Ricardo Aranovich. É nesse contexto de otimismo que será realizada a nova edição da Office Solution Arquishow Facility Show. Nela será possível conferir de perto o trabalho realizado pelas empresas ligadas a esse setor; entre elas, as participantes desta matéria. “Estaremos com um stand de 510 metros quadrados com o objetivo de apresentar a linha Office e alavancar o plano de expansão para o segmento”, comemora Stefan.
Segundo Lúcia, a Vitra trará alguns produtos que, para o mercado brasileiro, ainda são inovadores, como algumas mesas com ajustagem de altura, cadeiras e etc. “Acredito ser de vital importância para a sinergia entre empresas que buscam a evolução contínua entre as partes”, relata Brandini sobre a participação na Office Solution. A opinião é compartilhada por Heitor Filho, que considera a feira um ponto de referência do mercado moveleiro corporativo sul-americano.
De acordo com Ricardo, organizador do evento, os compradores presentes na feira serão presidentes e vice-presidentes de grandes corporações, diretores de desenvolvimento e arquitetura das redes hoteleiras e hospitalares, diretores de facilites, diretores de compras, escritórios de arquitetura e construtoras, que devem movimentar de R$ 150 à R$ 200 milhões durante os dias de evento.
Serviço:
De: 2 a 5 de setembro
Local: transamérica Expo Cenrter – são Paulo
www.flexeventos.com.br
Fonte: Matéria originalmente publicada na 21ª edição da Radar Magazine, publicação do Grupo Radar de Comunicação ao qual pertence também o Portal Radar. Escrita por Luis Orsolon ([email protected])