POR RAFAEL VAISMAN
Como líder na condução de jornadas ESG para venues, promotores de eventos e empresas comprometidas com o desenvolvimento econômico sustentável e impacto social positivo, tenho testemunhado a crescente busca por maior integração de dados, projetos e engajamento em torno de questões ambientais, sociais e de governança.
Além deste trabalho, faço parte do grupo de trabalho de ESG da UBRAFE, uma associação à qual sou associado, onde tenho participado ativamente de debates sobre o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (PERSE) e seu atual cenário sob pressão.
O PERSE, implementado pelo governo em resposta à crise desencadeada pela pandemia, está no centro de intensos debates e pressões. Enquanto a discussão tem sido predominantemente focada em sua importância econômica para a recuperação do setor de eventos, é fundamental ampliarmos essa reflexão.
Os eventos não são apenas impulsionadores da economia; são também motores de transformação social, capazes de catalisar o engajamento coletivo em causas sociais e ambientais.
Desenvolvimentos Recentes:
Recentemente, temos observado uma série de discussões e debates em torno do futuro do PERSE. O deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE), autor da lei que instituiu o programa, teve conversas com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), destacando a importância da continuidade do PERSE e a necessidade de eventuais ajustes para garantir sua eficácia a longo prazo.
No entanto, enquanto as discussões são fortemente embasadas no valor e impacto econômico do programa, é essencial também considerar o valor adicional que os eventos oferecem à sociedade.
A Importância dos Eventos para o Setor Econômico e Social do Brasil:
É importante destacar o impacto significativo que os eventos têm no setor econômico e social do Brasil. Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (ABEOC Brasil), o setor de eventos movimenta anualmente cerca de R$ 209,2 bilhões, representando 4,32% do PIB brasileiro e gerando mais de 7 milhões de empregos diretos e indiretos.
Além disso, os eventos desempenham um papel fundamental na promoção do turismo, na geração de negócios e no fortalecimento das relações comerciais e institucionais.
Explorando Além da Economia:
À medida que os eventos se tornam cada vez mais espaços de interação e troca de conhecimento, é crucial reconhecer seu potencial como plataformas para promover a conscientização e ação em torno de questões ESG.
Os participantes de eventos, ao se engajarem em discussões e atividades relacionadas a temas como sustentabilidade, diversidade e inclusão, têm a oportunidade não apenas de aprender, mas também de se tornarem agentes de mudança em suas comunidades e organizações.
Transformação Social e Cultura Sustentável:
Os eventos têm o poder de criar uma cultura mais sustentável, tanto dentro quanto fora de suas instalações. Ao adotarem práticas e políticas ambientalmente responsáveis, promoverem a inclusão e diversidade, e apoiarem iniciativas sociais, os eventos podem influenciar positivamente o comportamento e as atitudes de seus participantes.
Essa transformação social pode se estender para além dos dias de evento, gerando impactos duradouros em comunidades e setores.
Reflexões sobre o PERSE:
Nesse contexto, é crucial que consideremos não apenas os aspectos econômicos do PERSE, mas também seu potencial para promover o engajamento coletivo em causas sociais e ambientais.
Como membros do grupo de trabalho de ESG da UBRAFE e defensores do desenvolvimento sustentável, é nossa responsabilidade incentivar um debate mais amplo e inclusivo sobre o papel dos eventos na construção de um futuro mais justo, equitativo e sustentável para todos.
O Apelo de Especialistas e Entidades:
Especialistas e entidades do setor têm se manifestado em defesa da continuidade do PERSE e da importância dos eventos para a economia e sociedade brasileira.
Em um artigo publicado pelo Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), o ex-presidente da entidade, Gilson Machado Neto, ressalta que “os eventos são uma poderosa ferramenta de promoção do turismo e da economia nacional, gerando empregos, renda e oportunidades de negócios para milhões de brasileiros”.
Além de impulsionar a economia, os eventos desempenham um papel fundamental na promoção da educação, conscientização e engajamento coletivo em causas sociais e ambientais.
À medida que continuamos a discutir o futuro do PERSE e do setor de eventos como um todo, é essencial que ampliemos nosso olhar além dos números econômicos e consideremos o verdadeiro potencial transformador dos eventos.
Como líderes e participantes do setor, temos a oportunidade e a responsabilidade de promover uma cultura de engajamento e sustentabilidade, capacitando os eventos a não apenas impulsionar a economia, mas também promover uma mudança positiva em nossa sociedade e no meio ambiente.
*Rafael Vaisman é CEO da We Stand e especialista global em sustentabilidade e inovação com mais de uma década de experiência em eventos.