POR ANDREZA SANTANA
Imagine entrar em um evento e perceber que tudo ali – da música ao snack pensado para sua restrição alimentar – foi feito para você.
Como se o evento tivesse te stalkeado (no bom sentido) antes de te receber. Spoiler: talvez tenha mesmo. Transformar participantes em protagonistas não é mágica, é método. E um tantinho de ousadia.
Estamos na era do protagonismo. Ninguém quer ser plateia passiva. Todo mundo busca palco, microfone e, se possível, até figurino.
Marcas que ainda tratam seu público como “convidado decorativo” perdem a chance de gerar conexões reais, engajamento sincero e, claro, stories espontâneos.
Personalizar eventos vai além do “Olá, Fulano” na pulseira. Significa entender que cada participante é uma persona ambulante, com gostos e histórias próprias.
Na agência em que atuo, usamos pesquisas, escutas ativas, análise de dados e até memes (sim, memes dizem muito!) para mapear interesses. Isso nos permite criar trilhas de conteúdo personalizadas, ativações segmentadas e experiências sob medida – tipo um Netflix do ao vivo.
E os números não mentem: eventos com experiências personalizadas geram 2,5x mais engajamento, segundo nossas métricas internas (e um pouco de bom senso também).
Se antes a regra era “entretenha a plateia”, agora é “ative a galera”. QR codes escondidos em experiências gamificadas, totens que gravam depoimentos, realidade aumentada que transforma crachás em avatares – tudo isso faz parte do jogo.
Tendência forte? Cocriação em tempo real. Já testamos eventos onde o público escolhia a próxima música, decidia a ordem das palestras ou criava memes projetados no telão. Resultado? Conexão genuína, sorrisos verdadeiros e uma enxurrada de conteúdo orgânico.
Realidade aumentada, metaverso, inteligência artificial… A tecnologia só faz sentido se ampliar o protagonismo humano.
Se o público interage, se emociona e compartilha, missão cumprida. Usamos RA (Realidade Aumentada) para transformar painéis estáticos em experiências dinâmicas e RV (Realidade Virtual) para simular futuros possíveis (ou impossíveis, o que importa é a emoção).
Criar momentos de cocriação exige planejamento e aceitação: você não terá controle total. E tudo bem! Os melhores momentos surgem do inesperado. Por aqui, desenhamos roteiros flexíveis, com espaços para interações espontâneas, equilibrando bem o cronograma para evitar bagunça ou monólogos intermináveis.
Colocar o público no centro dá frio na barriga (e às vezes no orçamento). Já enfrentamos resistência de clientes que queriam “evitar improvisos” – até verem um evento onde os colaboradores criaram uma música-tema ao vivo. O resultado? Engajamento 40% maior e um hit interno que virou ringtone no RH.
Nada como ver um conteúdo feito pelo próprio público viralizando no LinkedIn com a sua marca destacada. Quando os participantes se sentem parte da criação, tornam-se embaixadores espontâneos.
Criamos espaços e dinâmicas que incentivam isso – desde estúdios de gravação in loco até desafios criativos com premiações reais (nada de “parabéns pelo engajamento”, por favor).
Muitas marcas ainda resistem porque protagonismo exige vulnerabilidade. Exige ouvir, co-construir, abrir mão do roteiro fechado. Mas os benefícios – lealdade, boca a boca positivo e aquele “UAU” nos olhos do público – compensam cada segundo de coragem.
E no mundo híbrido? Nada de tratar o online como “primo pobre”. A experiência deve ser pensada desde o início para dar igualdade de condições ao público digital. Interação simultânea, conteúdos exclusivos, hosts dedicados… Tudo isso transforma o remoto em real.
No fim do dia (e do evento), não é a tecnologia que faz alguém protagonista. É o olhar. É a escuta. É a intenção de criar algo com – e não para – o outro. E isso vale para eventos internos, externos ou até aquele happy hour que virou case de employer branding.
Então, marcas: saiam da frente do palco. Preparem os bastidores, iluminem o caminho… e deixem o público brilhar. Porque quando ele brilha, vocês brilham juntos.
*Andreza Santana, General Manager da MCM Brand Experience