Shows podem ser realizados na pandemia. O impacto destes eventos na propagação do coronavírus é de “baixo a muito baixo”, desde que os organizadores garantam as condições ideais de higiene.
Entre estas condições estão ventilação adequada, protocolos de higiene rígidos e capacidade limitada. Estes são os resultados do show teste “Restart 19”, realizado em agosto na Arena Quarterback Immobilien em Leipzig, Alemanha.
“Não há nenhum argumento para não ter esse show”, disse o Dr. Michael Gekle, parte da equipe da Universidade Martin Luther Halle-Wittenberg que conduziu o estudo.
O evento de teste, um dos primeiros exames minuciosos de como um vírus pode ser transmitido entre uma multidão em um local fechado,
Alguns especialistas expressaram ceticismo sobre os resultados, dizendo que eles precisavam ser replicados e revisados, e que mais informações eram necessárias sobre como os pesquisadores usaram a modelagem.
O Dr. Gabriel Scally, presidente de epidemiologia e saúde pública da Royal Society of Medicine, disse que as descobertas são potencialmente “úteis”, mas que pode ser difícil replicar os controles que os pesquisadores implementaram em muitos eventos da vida real.
Para medir os contatos durante o show os voluntários (cerca de 1.200) realizaram teste de COVID-19 e tiveram a temperatura verificada antes de entrar no local. Cada pessoa recebeu um desinfetante para as mãos misturado com um corante fluorescente e um rastreador digital de localização.
Além disso, diferentes cenários de distanciamento social foram simulados ao longo de 10 horas. Eles incluíram intervalos para os participantes irem ao banheiro e para simular a compra de comida e bebida de vendedores.
Foram três cenários distintos durante o show: primeiro os participantes não estavam distanciados, depois parcialmente distanciados e no terceiro cenário totalmente distanciados.
Os pesquisadores também usaram uma máquina de névoa para observar o movimento do ar dentro do local e calcular a probabilidade de exposição às gotas de aerossol.
Em um modelo, bicos injetores no telhado, acima das fileiras mais altas da arena, enviavam ar fresco para o piso interno da arena. Em outro, o ar fresco foi sugado para a arena pelo telhado e os injetores foram desligados.
Através de modelagem de computador descobriu-se que 10 vezes mais pessoas seriam expostas aos aerossóis de uma pessoa infecciosa no segundo cenário em comparação com o primeiro, sugerindo que a circulação regular de ar diminuiu a densidade de qualquer vírus nos aerossóis.
O distanciamento social diminuiu ainda mais a exposição aos aerossóis, disseram os pesquisadores. “Sabíamos que a ventilação era importante, mas não esperávamos que fosse tão importante”, disse o Dr. Gekle.
A simulação também descobriu que o contato prolongado – de pelo menos vários minutos – era maior durante os intervalos da programação e quando o público entrava no local.
A equipe alemã já fez uma série de recomendações para diretrizes de segurança em eventos ao vivo, incluindo a instalação de uma nova tecnologia de ventilação que troque de ar de maneira efetiva e regular, máscaras obrigatórias e direcionamento os participantes através de múltiplas entradas.
O projeto de pesquisa, que é parcialmente financiado com recursos públicos, foi conduzido pelo Dr. Stefan Moritz da University Medicine Halle (Saale) no University Hospital em Halle (Universitätsmedizin, UKH), que considerou o experimento “um sucesso absoluto”.
O relatório e estudo completo, em inglês, pode ser baixado clicando aqui