O prefeito do Rio de Janeiro, cotado para ser o candidato do PMDB à Presidência da República na eleição de 2018, Eduardo Paes, declarou que o Brasil ainda não entendeu o que é sediar os Jogos Olímpicos. “Mais do que um evento esportivo, a Olimpíada é um evento geopolítico, um momento para mostrar a capacidade do Brasil”, afirmou durante SEMINÁRIO sobre “Os Jogos Olímpicos e o Legado para o Brasil”, promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais. O encontro reuniu 307 empresários no Hotel Pullman, em São Paulo, na manhã desta terça-feira.
João Doria, presidente do LIDE, afirmou que este evento tem a proposta de uma agenda positiva no âmbito dos Jogos Olímpicos, onde o Brasil estará no foco das atenções do mundo. “Eduardo Paes é um dos melhores ativos da política brasileira, pois gosta do que faz, coloca sua paixão à frente da gestão do Rio de Janeiro, que reconhece seu trabalho, decência, honestidade. É correto, probo naquilo que faz”.
Eduardo Paes vê nos Jogos Olímpicos uma ótima oportunidade de transformar a cidade, de ter um legado intangível. “Já perdemos a chance de transformação na Copa do Mundo. Será que vamos perder agora também?”, indaga. “O Rio sediará o evento por conta dos seus problemas. E nós vamos usar a Olimpíada para mudar o Rio”.
Paes disse que a cidade de Barcelona foi seu modelo para os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. De acordo com o prefeito, “vamos ter muito mais legado que em Barcelona” por causa de suas particularidades, e o legado para a cidade já pode ser sentido nas obras que estão sendo feitas. Ainda segundo Paes, Pasqual Maragall, ex-prefeito de Barcelona, contou que “há dois tipos de Jogos Olímpicos, os que usam a cidade e aqueles que a cidade usa os Jogos”, referindo-se ao fato de que ele pretende que o Rio se transforme em um local melhor com o evento.
Muitas intervenções estão sendo feitas na cidade, segundo o prefeito. O transporte de alta capacidade chegará a 63% da população; avanços nas obras do metrô, do BRT (corredores expressos de ônibus) e do VLT (veículo leve sobre trilhos) são exemplos de melhorias que vão deixar uma marca de progresso na cidade após os Jogos Olímpicos. “Buscamos trazer recursos privados para a Olimpíada, que vai custar R$ 38,2 bilhões, só que 57% desse valor advém de recursos privados e 43% de recursos públicos. Como legado, R$ 24,6 bilhões ficarão para a cidade. Para se ter uma ideia, na construção dos estádios, dos R$ 6,6 bilhões, R$ 4,2 bi – ou seja 64% – são de recursos privados. Não temos que nos envergonhar das PPPs. Este é um exemplo de Brasil que produz”.
Paes diz estar convicto de que a cidade terá uma segurança eficiente durante os Jogos Olímpicos de 2016 e defendeu que a Guarda Municipal continue a ter um papel complementar ao das polícias, sem o uso de armas. “Não estou nem um pouco preocupado com a segurança da Olimpíada. Minha preocupação é hoje e amanhã”. “Menor assassino não é problema social”, diz Paes, e afirma que a região turística da Lagoa, onde um ciclista morreu esfaqueado, ‘não é mal cuidada’ e que ‘jovens infratores são caso de polícia’. “Criança, menor, praticando crime é um problema de polícia, não é um problema social. O poder público tem a responsabilidade de acolher, mas quando você tem alguém esfaqueando com objetivo de matar, isso deixa de ser um problema social e passa a ser uma ação criminosa”, defendeu.
“Não é fácil gerir a Olimpíada no momento que o Brasil está passando. Os problemas aumentaram enormemente. É lógico que gostaríamos de trabalhar em outro cenário político e econômico e deve demorar um tempinho para melhorar”, finalizou.