O Brasil está presente no FuoriSalone, plataforma de negócios, promoção e posicionamento global para os principais players do setor de casa, mobiliário e equipamentos, que ocorre anualmente desde 1998.
O curador da mostra brasileira promovida pela ApexBrasil, intitulada “Poesia do Cotidiano”, Bruno Simões, selecionou produtos de 55 empresas que de alguma forma remetem ao passado, fazem um resgate histórico, referência às origens do Brasil, e a valorização da terra.
São obras com símbolos e materiais inspirados no sertão, com influências indígenas e africanas, por exemplo.
“O momento é de revisitar o passado, valorizar a terra, autoafirmar nossa originalidade, e não inventar objetos futuristas — algo muito feito nos anos 80 e 90”, explica Simões.
“Não estamos mirando no que os europeus estão fazendo, nem para tendências universais”, completa.
Para ele, a competição que interessa no mercado internacional é a da originalidade, não a tecnológica. Por isso procurou dar destaque a peças que mostram o que tem de original na sabedoria e inventividade brasileiras.
“Então, por exemplo, a cartolina nas mãos de um artista brasileiro criativo, investigativo, vira um papel machê, vira uma colagem, vira uma escultura pintada com o barro que tem uma terra roxa única do Brasil, que não tem em nenhum lugar do mundo”, diz.
“Essa técnica é usada para fazer até poltrona e cadeira. Trabalha com a resistência do papelão. O Brasil também tem esta curiosidade de trabalhar com a limitação”, acrescenta.
DESTAQUES
Entre os objetos que chamam a atenção na mostra estão o clássico filtro de barro, até uma rede feita de tecido usado em materiais para esportes radicais, com acabamento de matelassê e tecnologia e materiais ergonômicos.
Passa também pelo uso de mármore brasileiro — justo na terra do travertino, ícone de sofisticação.
“A rede remete a essa coisa nômade de hoje, de não ter endereço fixo, não ter casa própria, viver mudando, pois é uma rede que você fecha e vira uma mala”, acrescenta o curador.
Segundo Simões, com isso, o Brasil mostra a força da sua cultura, e que não é um país inexperiente.
Até os anos 2000, houve um boom de mobiliário tendo como referência os móveis italianos. A atual geração de artistas busca o que é genuinamente brasileiro.
A criadora da marca Ovni, a arquiteta Rafaela Perret, 31 anos, de Belo Horizonte (MG), autora da rede futurista, é um exemplo disso.
Há cinco anos ela tem um atelier que desenvolve “famílias de produtos”, composta por acessórios, roupas e mobiliários com características semelhantes.
Esta é a primeira vez que ela participa de uma mostra internacional, com perspectiva de exportar seu produto.
O primeiro dia da mostra brasileira contou com a presença do diretor de Negócios da ApexBrasil, Lucas Fiuza, e com o Cônsul-Geral do Brasil em Milão, Embaixador Hadil Fontes da Rocha Vianna.
“Além da estética, todos os produtos aqui expostos seguem as boas práticas de sustentabilidade, cumprindo a expectativa dos europeus Estamos aqui mostrando isso a eles”, disse o cônsul.
Fiuza também frisou a importância que o Brasil tem dado às melhores práticas em prol do meio ambiente.
O evento começou nesta segunda-feira (6) e segue até o dia 12 de junho.