Virada? Algo a ser repensado!

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A busca por eficiência nos eventos, algo procurado por todos, não deve comprometer o bem-estar das equipes envolvidas. O costume de ‘virar a noite’ ou a famosa “virada” na montagem e desmontagem de estruturas, estandes e cenografia, prática infelizmente ainda existente no setor, deve ser repensada.

Essa abordagem não apenas poderá evitar problemas trabalhistas e riscos à segurança, mas também promoverá a qualidade de vida dos profissionais envolvidos.

A solução não somente, mas também passa por estabelecer prazos mais adequados que permitam uma transição tranquila entre eventos, respeitando os limites humanos. Afinal, o sucesso de um evento está também diretamente ligado ao bem-estar das pessoas por trás dele.

Nos bastidores do setor de eventos, a realidade é que a montagem de estandes e/ou espaços construtivos está a cargo, geralmente, da mesma equipe durante todo o processo.

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Os profissionais muitas vezes trabalham durante o dia e, quando viram a noite, continuam sua jornada no dia seguinte, frequentemente partindo para outro evento em seguida.

A construção e montagem de sistemas construtivos realmente exige habilidades técnicas e processos logísticos elaborados e manuais, que não podem ser facilmente automatizados como uma linha de produção fabril, com rodízio de equipes.

A qualidade e até mesmo a entrega podem ser comprometidas se tentarmos adotar sistemas de turnos semelhantes aos das fábricas, sem contar com o fato de termos, cada dia mais, e em especial pós-pandemia, a figura da “empreitada”, terceirizando o processo.

Essa rotina exaustiva levanta questões trabalhistas, de produção e de segurança que não podem ser ignoradas. Para garantir a saúde e segurança dos trabalhadores, assim como a qualidade dos eventos, é essencial adaptar os prazos, que permitam intervalos adequados entre os eventos.

Ao evitar maratonas inexequíveis, promovemos um ambiente de trabalho mais sustentável e seguro para todos.

Repensar a cultura da “virada” é fundamental! Ao priorizar prazos mais condizentes para montagens e desmontagens, garantiremos a entrega de eventos de qualidade e preservaremos o principal ativo do setor: as pessoas. Um ambiente saudável e seguro reflete diretamente no sucesso dos eventos.

É hora de valorizar os profissionais da cadeia e transformar a experiência de todos os envolvidos.

Agora, a solução está longe de ser protagonizada por apenas um player do mercado e pensar assim é um ledo engano. Há necessidade de se repensar o todo (e por todos).

Vejamos… O setor sofre com a falta de mão de obra especializada, e é fundamental atrair novos profissionais e investir na sua qualificação.

A pandemia agravou problemas já existentes, resultando em uma perda significativa de talentos e neste caso, a solução envolve a busca e atração de novos profissionais e investimentos em cursos e treinamentos, atraindo desta forma, profissionais de outros setores.

Além disso, há vários desafios adicionais, como a necessidade de coordenação entre diferentes equipes, próprias e terceirizadas, a gestão de materiais e a adaptação a condições variáveis no local de construção. Cada projeto é único e pode exigir soluções personalizadas para garantir a eficiência e a qualidade do trabalho.

O treinamento e contratação de mais profissionais, portanto, parece-me ser um dos caminhos a se adotar. Outra importante contribuição para a evolução do setor e/ou solução do tema proposto é a adoção de estandes, espaços que adotem soluções mais inteligentes e priorizem experiências e métodos construtivos cada vez mais modulares e sustentáveis (não, não estou falando de octanorm, que já deixo claro, não tenho nada contra) com foco no produto, na criação de experiências e nas soluções oferecidas pelo cliente, em vez de grandiosidade ou complexidade construtiva.

Estandes, espaços, edificações menos complexas construtivamente e mais inteligentes, portanto, são cruciais para enfrentar os desafios atuais e garantir a qualidade nos eventos.

O pênalti, neste caso, para usarmos um jargão futebolístico, está na visão do cliente que, não raro, quer ou melhor, exige algo faraônico. O estande é o autor ego do expositor. Ledo engano terceirizar a responsabilidade de estandes mais inteligentes unicamente à montadora ou empresa de cenografia.

Um parente médico, cirurgião, um dia me contou que, às vezes, recebia pacientes que, mesmo sem indicação cirúrgica, queriam “entrar na faca”. Lógico, ele não operava e este paciente fazia o quê? Procurava outro que o operasse. Fica clara a analogia?

Agora, qual o prazo certo de montagem? Uma hora? Um dia? 10 dias? 2 anos? Diversos fatores impactam nesta conta:

– Tipo de montagem ou complexidade, pé direito máximo, se haverá mezanino, local do evento, facilidades ou dificuldades de acesso de carga e descarga, necessidades específicas dos expositores, máquinas, por exemplo, disponibilidade de datas, disponibilidade e tipo de fornecedores disponíveis no período, fatores econômicos, entre outros temas, impactam na decisão do prazo correto para montagem e desmontagem dos eventos.

Conta difícil! Entender a complexidade deste “imbróglio” é papel de todos os players tanto quanto a solução.

Bora repensar?