Neste início de 2022, 3 grandes acontecimentos me chamaram a atenção e estamos aqui abrindo nossa coluna no ano, para voltar a refletir juntos.
Há pouco dias, um acidente grave envolvendo uma obra grande para expansão do metrô em São Paulo acabou sendo, mais uma vez, uma desculpa para responsabilizar mulheres por um suposto trabalho de má qualidade.
Houve uma preocupação, no início do projeto desta etapa, em promover equidade nas equipes de gestão e coordenação, muito bem recebida e muito bem gerida até então. Vale lembrar que o prestador de serviço em si é uma empresa Espanhola, supostamente muito qualificada para a execução das obras.
Obras deste porte tem uma grande gestão de risco usualmente, porque tem a missão de trazer novas linhas em cidades já com construções consolidadas e desenvolvidas como São Paulo.
Mas bastou um acidente para que um vídeo em que se valorizava a iniciativa da equidade no passado viesse à tona nas redes sociais adulterado por covardes, insinuando que a responsabilidade do erro era por conta desta grande participação de mulheres.
Não bastasse isso, o Estadão – jornal do Estado de São Paulo, mas de alcance nacional – publicou um especial (publi) com o panorama de Comunicação, Midia e Marketing para 2022. Uma surpresa: nenhuma mulher líder do setor com seu depoimento publicado e aparentemente sequer ouvida para participação do projeto.
Certamente por conta do poder da sincronicidade, uma pesquisa muito bacana realizada pela StartSe em 2021, com mais de 700 Profissionais Mulheres faz parte do meu acervo de fontes e revisitando-a, pude reparar o quanto o pilar de Barreiras Mentais pode ser um grande propulsor para toda a dificuldade na busca de equidade entre profissionais homens e mulheres.
E isso tem tudo a ver com essas histórias acima.
Segundo o estudo, 60% das mulheres em média têm dificuldade de expor suas conquistas e realizações, comportamento herdado culturalmente de ter que ficar sempre por trás de homens, seja por submissão financeira, cultural ou de regras morais vigentes nas sociedades em que vivem.
Portanto, os níveis de risco e erro não são igualmente aceitos e praticados nas empresas, o que constrange ainda mais as profissionais a exporem suas conquistas, e quase sempre serem impedidas também de fazê-lo.
Já presenciei situações de lideranças que não permitiam nenhuma exposição ou participação em associações ou iniciativas públicas de lideranças mulheres para que não corresse o risco de serem assediadas por concorrentes no mercado e a empresa perder “suas melhores formigas”. E eu estava incluída, acreditem.
Assim, como ajustar essa situação? Em primeiro, ter cuidado com essas responsabilizações em mulheres, especialmente em redes não-oficiais de conversa. Desconfie sempre.
Em segundo, promover sim visibilidade e capacitar a porta-vozes das empresas lideranças masculinas e femininas, para promover diversidade de pontos de vista e dar exemplo da equidade praticada.
Muito importante, apoiar ao desenvolvimento das profissionais mulheres, garantindo oportunidades de feedback, planos e metas de desenvolvimento e trabalho nas equipes para que sejam tangíveis as conquistas e a clareza de próximos passos na vida profissional.
Ah, um lembrete: Vai consultar lideranças para trabalho jornalístico, compor um painel de evento ou alguma ação que promova discussão ou opiniões?
Garanta ouvir vozes de líderes homens e mulheres, promovendo a representatividade de olhares.
O Título deste texto? Na busca de apoiar aos jornalistas do Estadão que compuseram um especial absolutamente sem equidade, a equipe maravilhosa do More Girls (+GRLS (moregrls.com.br) convidou as mulheres nas comunidades em que participa a indicar e recomendar as lideranças da comunicação, especialmente de agências, com seus contatos para que os jornalistas possam ter como referência, caso não saibam por onde começar.
Segue o link da lista prévia construída:
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1v2qfMy3TmH_YmH7n4-1zPAK5ZgRkIbeAQeidDjBtwx8/edit#gid=0
Certamente há muitas outras que não estão nesta lista, mas você tem 200 motivos, no mínimo, para começar a olhar com respeito para as profissionais mulheres no mercado com nome, sobrenome, cargos e contatos. Sem desculpas.
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