Por Toni Sando, Presidente Executivo do São Paulo Convention & Visitors Bureau (tsando@visitesaopaulo.com)
Passada a Copa do Mundo do Brasil, o esporte sul-americano segue em destaque, com a realização da Copa América no Chile e, em 2016, com as Olimpíadas no Rio. O ponto inicial para usufruir essa oportunidade de desenvolvimento da economia e do país como destino turístico é seguir a primeira Lei da Geografia, de Walter Tobler, em que “todas as coisas estão relacionadas entre si, no entanto, as coisas mais próximas estão mais relacionadas que as distantes”, estreitando, assim, o relacionamento entre os países vizinhos para maiores resultados.
Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), 80% dos turistas do mundo visitam a própria região do país de origem. Ramon Moreno e Bharat Treban, autores de “Location and the growth of nations” (“Localização e Crescimento das Nações”, em tradução livre), apontam que elementos espaciais são agentes de mudanças conjuntas entre localidades próximas geograficamente. Ou seja, o aumento de uma determinada atividade econômica pode impactar positivamente a mesma atividade em seus vizinhos, sejam eles bairros, cidades, estados ou países.
No Brasil, o gasto com visitantes internacionais foi de U$6,914 bilhões em 2014, maior volume em 10 anos, muito devido à Copa do Mundo. Em 2016, é esperado que se tenha um recorde de visitantes internacionais, com 6,5 milhões, sendo eles 350 mil estrangeiros só nas Olimpíadas. Ainda de acordo com a OMT, o número de turistas que vieram a América do Sul aumentou em 6% em 2014, o dobro da evolução de 2013. O momento é promissor para um setor que representa 9,5% do PIB global e 9,2% do nacional, que recebe constantes investimentos dos setores públicos e privados.
O bom momento do turismo no Brasil contrasta com o período de incertezas da economia nacional, com o dólar em alta, previsão de crescimento zero do PIB e inflação a 7%. Entretanto, com isso, se formam dois lados da moeda que precisam ser analisados: um em que o brasileiro vai investir com cautela em viagens intercontinentais; o outro, em que a viagem doméstica ou entre países vizinhos vira prioridade.
A viagem interna, seja nacional ou continental, é mais do que uma solução; é uma boa oportunidade a ser explorada, em um legado que ultrapassa as fronteiras do país, desenvolvendo a economia de toda a cadeia produtiva do turismo, eventos e viagens a longo prazo, extrapolando o período de realização das grandes atrações esportivas.