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Início Blogs De volta para o passado Anhembi: 50 anos de um gigante adormecido

Anhembi: 50 anos de um gigante adormecido

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No dia 20 de novembro deste ano o Anhembi comemorou os 50 anos da inauguração do seu centro de exposições e convenções.

O complexo, que hoje também abriga o Sambódromo e Hotel, foi fruto de um sonho de Caio de Alcântara Machado que pretendia construir em São Paulo um centro internacional de feiras capaz de rivalizar com os maiores existentes no mundo.

Antes de ser erguido o Anhembi, o Pavilhão Internacional do Ibirapuera era o palco das grandes feiras de São Paulo. E assim foi de 1958 a até que o próprio êxito das feiras fez com que este espaço se torna-se pequeno para abrigar o rápido crescimento delas.

Além disso, as feiras necessitavam de um novo local com toda a estrutura necessária para a realização dos eventos – o que não era encontrado no Pavilhão Internacional do Ibirapuera.

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Então, em 1966, Caio de Alcântara Machado começou a idealizar um novo espaço e saiu a procura de um local adequado. O encontrou às margens do Rio Tietê, em um terreno de 510.000 m² de propriedade da Prefeitura.

Localizado a cerca de 2km do centro de São Paulo, o local do terreno era uma área pouco valorizada que, em 1967, contava com “poucos edifícios e raros habitantes”.

Em audiência privada com o então Prefeito Prestes Maia, Caio foi orientado por ele a desistir, porque o terreno era alvo de Julio Mesquita para construir uma nova Santa Casa de Misericórdia. O terreno também era alvo de Mario Amato que visava construir um “Maracanã” em São Paulo.

Caio tinha como argumento que a construção de um Parque de Eventos seria, além de um cartão de visitas para a cidade de São Paulo, algo que movimentaria a economia nacional.

Assim, pediu ao Prefeito Prestes Maia que considerasse ceder o terreno. O prefeito Prestes Maia se convenceu e apoiou a construção do Anhembi.

O sucessor de Prestes Maia na prefeitura, Faria Lima, autorizou o empreendimento em 12 de dezembro de 1967 e, através de lei municipal, cedeu a área em comodato por 90 anos à CIESP – Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, que por sua vez delegou a construção do “Centro Interamericano de Feiras e Salões” à Alcântara Machado.

O projeto inicial, de autoria do arquiteto Jorge Wilheim com colaboração de Miguel Juliano, foi orçado em US$ 100.000.000 e contou com investimento da iniciativa privada e bancos para sua construção.

O projeto inicial contemplava um conjunto integrado com Palacio de Exposições, Palácio de Convenções, hotel internacional e toda uma infraestrutura complementar como uma rede de serviços subterrâneo, sob o piso do pavilhão, com alta e baixa tensão, telefonia, água, esgoto, ar-comprimido, todo tipo de suprimento que o expositor necessitaria para organizar seu estande.

A obra

As obras foram iniciadas oficialmente em 5 de julho de 1968. Primeiro toda a camada de terreno superficial  teve que ser substituída e, quando recolocada, elevou em 3 metros o piso para evitar alagamentos.

A construção perdurou por cerca de 270 dias e conquistou inúmeras premiações. O grande destaque ficou em relação ao teto do pavilhão, então a maior cobertura do mundo com vão livre.

A estrutura de 70 mil m² foi montada no chão para, depois, ser erguida de uma só vez a uma altura de 14 metros. Para esta operação foram utilizados 25 torres-guindaste de 31 metros e 200 operários e técnicos treinados.

A estrutura era içada pouco a pouco, de uma maneira totalmente coordenada. Foram no total 22 horas – ou 6.664 giros das roldanas dos guinchos de suspensão – entre os dias 2 e 4 de dezembro de 1969 para que a operação fosse totalmente concluída.

Em 20 de novembro de 1970, o Pavilhão de Exposições do Anhembi foi inaugurado com a realização do 7º Salão Automóvel.

Anos de ouro

Durante décadas o Anhembi reinou absoluto como palco das grandes e principais feiras de negócios da capital paulista. Seus atuais principais “concorrentes”, viriam a ser inaugurado apenas um bom tempo depois: Expo Center Norte em 1993, Centro de Convenções Imigrantes (hoje São Paulo Expo) em 1992, Transamerica Expo Center em 2001.

Em seus anos de ouro o Anhembi foi palco de feiras icônicas como o próprio Salão do Automóvel, Fenasoft, Fenit, Fenatran, Salão das Crianças e muitas outras. No seu tempo áureo o complexo chegou a abrigar 50 feiras de negócios ou eventos com feiras por ano, sem considerar shows musicais, congressos e outras atividades.

Mas este cenário começou a mudar nos anos 2000. Por mais que o Anhembi tenha passado por diversas reformas ao longo dos últimos anos, ele não conseguiu se adaptar aos novos tempos.

Declínio

A falta de uma reforma de impacto e o fortalecimento dos principais concorrentes relegaram o Anhembi a um incômodo segundo plano nesse setor. O golpe final veio em 2016 com a inauguração do São Paulo Expo.

Se no Anhembi as organizadoras se deparavam com desníveis de até 30 centímetros no piso, a ausência de ar-condicionado, os problemas hidráulicos nos banheiros e a rede elétrica defasada, em seus concorrentes era (é) encontrada toda a estrutura necessária para a realização das grandes feiras.

Aos poucos as feiras foram migrando para outros pavilhões. Em 2017 a Reed Exhibitions já havia retirado todos os seus cerca de 30 eventos do Anhembi. Quem esquece da chuva que formou uma “cachoeira” dentro do pavilhão durante a Mecânica deste mesmo ano?

E isso ainda não é coisa do passado. Novamente uma forte chuva, desta vez em junho deste ano, invadiu novamente o pavilhão através do teto – atingindo uma estrutura próxima onde estava montado o hospital de campanha da Prefeitura de São Paulo para atender pacientes com Covid-19.

A estrutura do teto, que foi motivo de orgulho durante a construção, é hoje um dos grandes problemas do centro de eventos em dias de chuva.

Futuro

Mas os tempos de falta de investimento podem estar perto do fim. A Prefeitura de São Paulo publicou  setembro o novo edital para concessão do Complexo do Anhembi.

A concorrência será internacional e escolherá a organização ou consórcio que fizer a maior oferta de outorga fixa, cujo valor mínimo fixado é de R$ 53,73 milhões.

Em agosto do ano passado, a concorrência internacional não atraiu nenhum interessado por conta do lance mínimo de R$ 1,45 bilhão.

A concessão prevê o uso, a reforma, a gestão, a manutenção, a operação e a exploração do complexo. Em contrapartida, a concessionária poderá fazer a exploração comercial dos espaços existentes, com a cobrança de estacionamento e a realização de eventos diversos, como shows, convenções e exposições.

O valor estimado do contrato é de R$ 4,25 bilhões, que inclui a execução das obrigações contratuais, além dos custos e das despesas estimados para o período de vigência.

Os envelopes contendo a proposta comercial e os documentos de habilitação deverão ser entregues até as 09:30 h do dia 16/12/2020, no Setor de Protocolo da São Paulo Turismo.

A sessão de abertura dos envelopes ocorrerá no dia 16/12/2020 a partir das 10:00 h, na Sala 3 do Palácio das Convenções do Anhembi.

Enquanto o dia não chega, o gigante segue adormecido na esperança de que dias melhores virão!

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