Por Marcus Quintanilha Filho
Com o Covid-19, os setores de turismo e eventos foram os mais afetados. Essa frase é tão óbvia – pela natureza do negócio – que paralisa as empresas e seus gestores. Mas uma luz acendeu na criatividade setorial mundo afora: a volta do “drive-in”. Então, como um cardume, os espaços ociosos viraram cinemas ao ar livre. Uma salva de palmas para essa atitude. Muito bem importada, por sinal. E pensamos que era a única saída! Não, não. Gusttavo Lima pensou fora da caixa, adaptou o “drive” em seu retorno aos palcos. Também, no dia 23 de julho, em Brasília, vamos ter o primeiro festival “Drive-in”, no aeroporto JK. Para aqueles que achavam que as “lives” seriam criativas, vejo o retorno dos eventos através da verdadeira criatividade.
Mário Quintana, nos deixou seus versos: “Se as coisas são inatingíveis… ora! Não é motivo para não querê-las…”.
Tenho refletido muito sobre o setor de eventos e turismo, e me deparei com um pessimismo excessivo. A maioria das respostas são: “Seremos os mais impactados” e “Vamos demorar mais a retomar as atividades”. Ok! São verdadeiras as afirmações, desde que não haja controle da pandemia. Mas existe uma outra vertente que não está sendo considerada: são setores com efeito de demanda em “mola”, extremamente reprimido. Acredito que serão os setores mais beneficiados quando as atividades estiverem liberadas!
Acredito ainda que os “presentes” não dados, perderam seu tempo, que os cortes de cabelo e serviços não usados, se perderam. Ainda mais, vão demandar mais trabalho, pelo mesmo valor, ao serem efetivados, no futuro. A reflexão aqui é que existem bens e serviços que se perdem, caducam, deixam espaço para novos hábitos, vão precisar se adequar ao “novo normal”, mesmo. Mas os eventos e o turismo, não. Acredito que o hiato social será ampliado, abrindo mais ainda o caminho para experiências valiosas, únicas, de público reduzido, com maior ticket médio.
Alguns vão dizer: como não pensamos nisso?
O objetivo desse texto é justamente rasgar a “caixa”, pensar do lado de fora dela, sem amarras e com a coragem que o momento necessita. Então temos, na prática, ideias simples! Se um evento de 10.000 pagantes a 200 reais funciona bem para qualquer artista, podemos então pensar em 200 carros, pagando 10.000 reais por uma noite mágica, com o cantor preferido escrevendo um coração no para brisas? Legal? Simples? Funciona assim. Eu tenho uma lista de ideias similares, diferentes, até mesmo o festival drive-in (de Brasília), poderia ter uma versão infantil, com malabarismo, palhaços, enquanto os carros passam, dentro de um ambiente diferente que todos vão gostar de estar inseridos, saindo um pouco da monotonia de suas casas…
Por fim, ao invés de lamentarmos e prorrogarmos mais os projetos, vamos ousar? A hora é essa! Depois, passa a oportunidade e teremos os mesmos modelos de eventos e perdemos esse laboratório valioso para o nosso setor!
Autor: Marcus Quintanilha Filho – escritor, gestor executivo de eventos e pesquisador em comunicação e ciências sociais. Outros conteúdos como este você encontra em www.portalradar.com.br/coronavirus