Carlos Arthur Nuzman, Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro e do Comitê Organizador Rio 2016

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Carlos Arthur Nuzman possui uma longa trajetória de vida ligada ao esporte. Durante anos foi atleta de voleibol, defendendo, inclusive, as cores brasileiras nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964. Comandou, durante 21 anos, a Confederação Brasileira de Voleibol, ajudando a transformar o país na maior potência desse esporte a nível mundial. Como presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), duas novas conquistas: a organização dos Jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos Rio 2007 e a vitoriosa campanha de candidatura à sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. Agora, acumulando a presidência do COB e do Comitê Organizador Rio 2016, Nuzman tem o desafio de organizar os primeiros Jogos Olímpicos que acontecerão na América do Sul. Conheça as suas expectativas nesta entrevista exclusiva.

Como é estar à frente do COB e do Comitê Organizador Rio 2016 neste momento tão importante?

Primeiro é uma honra muito grande, mas o básico é ter equipes profissionais, dedicadas e altamente profissionais. Essas equipes que dão o sustento necessário para a organização. Eu deixo como o exemplo os Jogos Pan-Americanos, que não é do tamanho dos Jogos Olímpicos, mas que eu tive os mesmo cargos e o resultado foi de um dos melhores Jogos Pan-Americanos da história.

E como será a organização dos jogos Rio 2016?

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Nós temos 60 departamentos e todos eles têm que estar trabalhando em ordem e integrados. Não basta ter gestão e administração, o segredo é a operação. Em qualquer nível e atividade – seja no esporte, iniciativa pública ou privada – é a operação que dá o resultado final. Na operação, a integração dessas áreas é que nos dão a certeza de que tudo irá funcionar. Eu costumo dizer que na hora que começam os jogos, cada setor é o dono dos jogos da sua área.

O Rio de Janeiro está se transformando para 2016, esse será o principal legado dos jogos?

Ninguém organiza os jogos sozinho, e o comitê organizador também não conseguiria fazer. A integração com os três níveis de governo (municipal, estadual e federal) é extraordinária e é isso que dá o resultado. Mas o grande legado dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos foi termos conquistado a sede para o Rio, representando para o Brasil e a América do sul a primeira vez que esse evento vem para esta região do mundo. Esse evento transforma cidades e países.

E fazia tempo que o Rio de Janeiro não passava por um período tão intenso de renovação…

Desde que o Rio de Janeiro perdeu o status de ser a capital do Brasil em 1960. Nós estamos falando de 55 anos sem nenhuma grande transformação da cidade, nenhuma grande obra, nenhuma mudança que desse para a população o acompanhamento com a evolução que existe no mundo. Essa grande transformação que vem a atingir áreas que são vitais.

Quais são essas áreas?

A área de hotelaria, por exemplo. O Rio não tinha hotéis suficientes para poder atender e hoje esse parque hoteleiro cresceu, dando a oportunidade de, no futuro, poder hospedar grandes eventos e convenções. O transporte público do Rio era da ordem de 16% que atendia à população, na entrega dos jogos serão 63%. Em sete anos, conseguir fazer isso é algo que é inimaginável em qualquer administração pública e somente os jogos conseguem realizar.

Fora o legado de infraestrutura, teremos também o incentivo ao esporte.

O grande ator dos jogos é o atleta, ele é a razão de ser de tudo que é feito. É evidente que as obras da cidade beneficiam a população. Nós devemos também ter um destaque que é fundamental: a questão da juventude. Abrem-se novas portas e novos horizontes para a juventude, que, em qualquer nível social, conhecerá e terá a oportunidade de desenvolver não só o seu talento de atleta, mas também o interesse em profissões que são interligadas com a atividade esportiva. A indústria do esporte neste novo século é uma das que mais crescem no mundo.

E o que o Brasil precisa para ser uma potência olímpica?

A transformação do esporte brasileiro começou a se dar com a criação do Ministério do Esporte, o desenvolvimento dele foi fundamental, agindo em conjunto com o crescimento das confederações brasileiras olímpicas que trabalham seus atletas e que se colocam para os jogos com uma motivação muito especial. Estes jogos, certamente, estarão trazendo não só a atuação do atleta durante a competição, mas, principalmente, o futuro que a eles é destinado.

Em relação ao quadro de medalhas, qual a expectativa para 2016?

Minha vida sempre foi de desafios, então não poderíamos deixar de traçar um desafio para o resultado dos jogos. Nosso desafio é ficar entre as dez primeiras potências do mundo, no total de número de medalhas. É importante frisar que são importantes as medalhas de ouro, prata e bronze.  Por outro lado, nós também temos uma vertente trabalhando, seja no comitê olímpico ou em confederações ou em programas, visando os jogos de 2020 e 2024.

No total, quantas pessoas estarão envolvidas com os Jogos Olímpicos em 2016?

Vamos terminar o ano de 2015 com algo em torno de 2 mil funcionários só do comitê organizador. Durante os jogos devemos chegar a 7 mil pessoas. Nós abriremos os jogos com 200 mil credenciais. Só de imprensa são 25 mil jornalistas do mundo todo credenciados. Temos mais 10 mil não credenciados, que é a imprensa especializada em mostrar apenas a cidade. A força-tarefa gira em torno de 35 mil pessoas e só de segurança são 40 mil. Delegações 20 mil. Isso sem contar os voluntários, que sem eles não têm jogos.

Em sua opinião, os jogos serão também uma vitrine para o destino Brasil?

Acho que as portas se abrem. Eu sou um grande defensor do turismo. Talvez seja uma das maiores indústrias que tem no mundo. O Brasil certamente ira crescer após os jogos, assim como foi em outros países. Acho que a liberação do visto (durante o período dos jogos) foi uma grande medida do governo brasileiro, de enorme sensibilidade. Esperamos um número grande de turistas. Calcula-se de 300 a 400 mil turistas estrangeiros e mais os brasileiros que somarão cerca de 1 milhão de pessoas. Eu fico muito entusiasmado em poder dizer que os jogos irão trazer um legado para o turismo brasileiro como nunca teve antes.