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Por uma comunicação responsável

A violência por trás da comunicação não violenta

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As formas como as marcas e os veículos de comunicação de massa reproduzem suas mensagens não permitem a condição de um diálogo. Transformam toda relação em um incansável e repetitivo monólogo. Ainda que com todas as ferramentas de comunicação que possuímos, nos dada pela tecnologia, não somos capazes de as utilizarmos com eficácia.

A Comunicação Não Violenta (CNV) é um método, criado por Marshall Bertram Rosenberg para a construção de uma comunicação eficaz e empática. A CNV nos ajuda a reformular a maneira pela qual nos expressamos e ouvimos. Ao invés de reações repetitivas e automáticas, damos vez às respostas conscientes, firmemente baseadas na consciência do que estamos percebendo, sentindo e desejando. Somos levados a nos expressar com honestidade e clareza, ao mesmo tempo que damos aos outros uma atenção respeitosa e empática.

A partir do momento em que faltamos com esse respeito, sem uma atitude empática, praticamos o oposto da CNV. Transformamos nosso propósito com aquele discurso em uma atitude violenta e irresponsável.

A violência na comunicação não está associada a mensagens explícitas de ódio.

Atos de comunicação violenta são quaisquer atitudes de imposição. Do uso indiscriminado do imperativo, que nos induz a crer em algo e nos posicionarmos a seu lado sem ao menos abrir precedentes às nossas considerações. É dessa forma que os veículos e marcas têm construído sua relação conosco. A partir de um relacionamento abusivo, pautado pela impossibilidade de exercermos nosso direito de réplica. Subestimam nossa inteligência, trazendo informações que colocam em xeque toda nossa capacidade intelectual.

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Propagandas de cerveja. Família margarina. Bebida láctea que traz alegria para as crianças. Fraldas que permitem com que as mães durmam a noite toda. Uma pilha de slogans que nos inclinam para esse universo irrefutável. Sucessões de imagens e modelos ideais que tentam traduzir nossas vidas.

Da publicidade ao jornalismo.

“Acho que a pandemia do novo coronavírus está mais para um ensaio geral da big one (a maior, ou a grande pandemia), essa sim uma pandemia que pode matar bilhões”. Segundo o especialista, reduziria nossa expectativa de vida para 58 anos e levaria 2 bilhões de pessoas em um ano. O fundamento? “Não há no momento evidências que indiquem o possível aparecimento de uma doença com impacto maior que a Covid-19. O que há são indícios baseados na sequência histórica (…)” Respondeu o especialista.

Diante de um surto na saúde mundial. De uma crise global, por que não anunciar, com uma sutil e despercebida violência, que a próxima praga lançada sobre a terra será maior ainda – mesmo que não tenham embasamento algum? Deixando com que a mensagem publicada apenas nos coloque em condição de dúvida e medo. Pelo sim ou pelo não, replicamos seu conteúdo.

Existe dentro das teorias de comunicação de massa o que chamam de Agenda Setting, ou seja, a configuração da pauta de nossos assuntos diários está relacionada aos temas de maior destaque nas mídias. As mensagens emitidas só são tidas como mensagens de sucesso se estiverem presentes em nosso almoço de domingo, conversa de bar e, principalmente nos grupos de WhatsApp e nossas redes sociais. Essa é a régua dos veículos e marcas. Mensurar o quão presentes estão em nosso cotidiano.

Partindo desse pressuposto, por que não reconfiguramos nossa pauta, definindo o que queremos receber a partir daquilo que reproduzimos?

 Para fazermos parte da solução, precisamos fazer parte do conflito. Nos posicionarmos diante da avalanche de informações que recebemos. Interpretarmos o conteúdo e usarmos nosso senso crítico para o enfrentamento. Se for algo digno, que sejamos corresponsáveis. Se não, que sejamos capazes de usar a essência da comunicação não violenta para o enfrentamento e o principal, isolarmos o conteúdo até que ele desapareça.

Enfim, toda, absolutamente toda a responsabilidade sobre a violência na comunicação praticada contra nós está em nossas mãos. Cabe a nós decidirmos o que ver e ouvir e se o que vimos ou ouvimos merece ser reproduzido.

Não importa se possuímos 1 ou 1 milhão de seguidores. Se fazemos parte de 1 ou nenhum grupo de WhatsApp. Aquilo que propaga, independentemente se é conteúdo próprio ou de fonte confiável, impacta o próximo de alguma forma. A partir do momento em que reproduzimos qualquer informação, nos tornamos tão violento quanto seu autor.

 

Curtiu o conteúdo? Quer saber quando saem os próximos? Me segue ou envie um e-mail – ig: @rmattos.s | e: rmattos.s@gmail.com

Photo by Oliviero Toscani on El País

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