Como foi o SXSW 2018 na visão de Sandro Vieira, da Mark Up

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O Grupo Radar & TV e a agência Mark Up se uniram para trazer conteúdo diretamente do maior festival de inovação do mundo, que aconteceu em Austin, nos Estados Unidos. Para isto, contamos com o apoio de Sandro Vieira, CCO da Mark Up, que acompanhou o evento in loco e traz suas percepções e novidades do evento.

Não acompanhou? Leia abaixo uma compilação dos textos enviados por ele:

 

SXSW 2018 – Day One: Clima geek, preocupação com o bem-estar, IA e startups por todo lado

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 Por Sandro Vieira*

Participar do SXSW, um dos maiores festivais de inovação do mundo que acontece em Austin, no Texas, desde 1987, tem sido uma experiência inspiradora. A ideia é aproveitar o evento para entender todas as inovações e tendências que estão sendo apresentadas por aqui e aplicar tudo isso em nosso dia a dia.

Um dos focos do festival é a preocupação com o ser humano e isso pode ser percebido não só nos aspectos estruturais, mas principalmente nos conteúdos. O maior exemplo é o SXSW Wellness Expo, uma nova atração do evento, que trata 100% de bem-estar. Já no material oficial temos a pista de que existe algo novo no ar; o release diz que o SXSW foi concebido para abastecer a mente, corpo e alma, algo no mínimo diferente em termos de proposta.

Empresas ligadas ao setor do bem-estar estão por aqui surfando essa onda e promovendo um estilo de vida mais saudável. E Austin parece ser o cenário perfeito pra alimentar o movimento, por se tratar de uma cidade que respira inovação. No entanto, as aulas públicas de yoga em locais específicos da cidade ainda não são o ponto forte do festival e não arrebanham as milhares de pessoas que, após as 11h da manhã, entopem as largas ruas atrás de conteúdos relevantes.

O olho do furação é o Austin Convention Center, onde acontece a grande maioria dos painéis de discussão e onde estão montados os stands de diversas empresas que querem atenção imediata dos participantes do evento. Dois termos que praticamente andam sozinhos pelas ruas: Inteligência Artificial e Startup. A cada dez passos você tropeça em algum grupo discutindo ou demonstrando algo sobre IA, alguém querendo vender uma ideia genial e até mesmo empreendedores procurando por um sócio.

Existem, claro, muitos painéis organizados e empresas sérias nesse processo de encontrar o novo, mas nas ruas também tem muita gente solta, tentando a sorte. Todos em busca da glória. Além disso, a todo momento, uma celebridade do mundo da criatividade ou do entretenimento desembarca em algum ponto da cidade, o que garante um certo glamour ao clima geek que paira no SXSW.

Na capital da música ao vivo, a quantia de bandas tocando ao mesmo tempo e compartilhando o mesmo espaço pode assustar, mas funciona e faz parte do folclore da cidade. Tudo com uma boa sensação de segurança, uma vez que é possível ver um policial a cada 10 metros. Muitas ruas estão fechadas e o acesso ao Austin Convention Center é totalmente monitorado a distância pela polícia local – que, aliás, me pareceu muito cordial ao dar informações.

Finalizo as atividades nesse primeiro dia com uma certeza: você não sai do SXSW do mesmo jeito que chegou. O festival é um lugar especial pra quem quer mergulhar no caos a fim de tentar entender o que vem por ai. Os próximos dias, certamente, ainda têm muito a oferecer e essas primeiras experiências criam um clima de ansiedade em toda a cidade. É esperar para ver.

 

SXSW 2018 – Day Two: Elon Musk, filme inédito de Spielberg e virtualização

Nós brasileiros temos uma “quase” incurável síndrome de vira-lata e ignoramos que certos “costumes” são universais. Alguém falou a palavra superfaturamento? Olha só: Elon Musk, o cara que manda na Tesla e no espetacular projeto SpaceX, recebeu uma imensa audiência de curiosos para uma sessão de perguntas e respostas no Austin Convention Center, como parte da programação do SXSW 2018.

Entre muitos assuntos interessantíssimos, um em especial chama a atenção, o recentemente lançado Falcon Heavy, o foguete da SpaceX que é três vezes mais potente e carrega três vezes mais carga que o modelo mais poderoso da NASA. No entanto, o projeto gastou metade do valor que os foguetinhos da NASA costumam custar. Em tempo, os foguetes da Space X são reutilizáveis. Tudo muito estranho.

Muito cuidadoso com as palavras, Elon Musk não questiona a NASA em nenhum momento. Aliás, evita a todo custo citar a agência espacial americana, mas é fato que esse assunto corre por todos os cantos e já causou desconforto em Washington.

Celebridades? Por todos os cantos, já que nem só de avanços tecnológicos vive o festival. Um dos pontos altos até aqui foi a primeira exibição mundial do “Ready Player One”, o novo filme de Steven Spielberg, que de surpresa introduziu pessoalmente a sessão e levou abaixo o Paramount completamente lotado. O filme trata justamente (e de maneira cinematográfica, se é que você me entende) do assunto mais discutido na SXSW Game Expo (a ala gamer do festival): virtualização.

Conteúdos cada vez mais imersivos e as formas de inserção do usuário nos universos fantásticos de cada game são, segundo eles, apenas parte do desafio! Confesso que não vou me surpreender quando “sentir dor” entrar em discussão. Eles levam muito a sério esse negócio, que, a propósito, movimentou mais de US$ 100 bilhões no mundo em 2017.

Com uma profusão surreal de conteúdos simultâneos, é importante organizar uma agenda mínima para não se perder. O SXSW faz de Austin um caldeirão de ideias borbulhando e com trilha sonora ao vivo.

 

SXSW 2018 – Day Three: a busca pelo app de US$1 mi e uma manhã repleta de lendas da indústria da música

O SXSW é um fantástico celeiro de novidades, com excentricidades saltando à sua vista, por onde quer que você olhe. Mas é também um negócio bastante lucrativo.

Em busca da glória, dúzias de startups estão na cidade atrás de seus benfeitores. Muitas estão na pauta oficial do festival; porém existe um ecossistema bem paramentado “correndo por fora”.

Com a profusão de ideias e a perspectiva de ser o próximo Twitter – lançado para o mundo aqui mesmo em Austin, em 2007 –, empresas constituídas e jovens desenvolvedores, sem distinção de idade ou de ideia, vêm a Austin atrás do tão sonhado contrato.

A verdade é que é quase impossível adivinhar qual vai ser o próximo aplicativo de milhões de dólares. Entretanto, eles estão por todos os cantos e querem te mostrar a qualquer custo o que podem fazer.

Prova disso é o fato de que muitas “incubadoras” (que são uma espécie de investidor/coworking que bancam em um mesmo espaço várias operações enquanto elas não dão lucro, e claro, esperam ter uma parte desse lucro quando alguma dessas startups emplacar um hit) estão operando de modo independente na cidade e recrutando quem tem alguma ideia ou projeto e não teve voz no evento oficial, o SXSW Acelerator Pitch Event.

Tem de tudo e pra todo gosto, mas fato, os programadores estão de olho basicamente em aplicativos móveis e o foco pesado está nos games, tanto para computadores quanto para celulares.

Com o meio da semana chegando, o festival muda de cara e deixa a inovação de lado para celebrar sua vocação original, a música. A quarta-feira começou com um painel histórico com o lendário Lyor Cohen, referência no mundo da música, que responde por nomes como Beastie Boys e RUN-DMC. Sua relevância é tamanha que, mesmo em meio a controvérsias sobre quem é de fato o pai do estilo, todos concordam que, sem ele, talvez não existisse o hip hop como conhecemos.

Lyor é também o fundador da antológica gravadora Def Jam e foi quem “reinventou” a gravadora Warner Music, que estava fadada ao fracasso com o advento da internet. Foi muito inspirador, pois o cara é a história da música em pessoa.

A manhã terminou com um livestream de uma entrevista com Nile Rodgers, que produziu Madonna, David Bowie, Duran Duran, fez Get Lucky com o Pharrell Williams… isso tudo depois de ser gênio no Chic (a banda onde tudo começou pra ele). Sim, deu pra perder o ar! 

SXSW 2018 – Day Four: maior delegação brasileira da história, novas perspectivas e a certeza de que 2019 será ‘louco’

Durante meus dias em Austin, conversando com novos frequentadores e velhos conhecidos da casa, pude perceber como o SXSW tem apostado em seu próprio crescimento. Com isso, passou de um festival com foco exclusivamente na música para um evento plural em todos os aspectos e com múltiplos objetivos no que diz respeito à criatividade – seja ela aplicada ao mundo dos negócios, seja para o mundo do entretenimento.

Esse crescimento colocou Austin no centro das atenções e, provavelmente por isso, chamou tanto a atenção dos brasileiros. Fomos, segundo estimativas, em torno de 1.500 pessoas sedentas por novidades, recursos e ideias. Muitas delas, (por N motivos) inviáveis para o nosso universo, mas nem por isso menos incríveis.

Foi a maior delegação da história do festival, que completou 30 anos em 2017 e que, segundo a organização, jamais recebeu tantos estrangeiros como em 2018. O desafio agora é saber o que fazer com tanta informação; replicar, adaptar e tornar a criatividade brasileira tão interessante e inventiva quanto sugere a nossa vocação para o novo.

Percebi muita gente encantada com o festival, mas meio perdida com os conteúdos, muito diversos e nem sempre aplicáveis aos negócios das várias empresas e/ou profissionais com os quais tive contato. Frustração para alguns, delírio para outros, que certamente voltam ao Brasil cheios de novos insights para suas agências, produtoras, incubadoras, estúdios e startups.

Aqui nos Estados Unidos e em vários países que vieram beber dessa água benta, a pesquisa e o desenvolvimento de novas ideias, independentemente do segmento, são incentivados a tal ponto que algumas instituições formam delegações e as enviam para o festival, simplesmente para “aprender”, “ver”, “ouvir” e “absorver” novas ideias e visões distintas, algo não muito comum no nosso país. Afinal, no Brasil a situação é bem diferente.

Mas no final, o que vale é a iniciativa de mil quinhentos e tantos malucos que percorreram as ruas de Austin buscando o novo. E isso é genial. Na pior das hipóteses teremos mais de mil pessoas com outros olhares e perspectivas, discutindo assuntos diversos Brasil adentro, o que é sempre um avanço positivo. Como diz a molecada “2019 vai ser louco”… e a gente vai estar lá!

*Sandro Vieira é CCO da Mark Up, agência referência em brand experience afiliada à internacional Jack Morton 

*Sandro Vieira é CCO da Mark Up, agência referência em brand experience afiliada à internacional Jack Morton.

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