Engenheiro eletricista, formado pela FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), Wilson Martins Poit tem 55 anos, é pai de quatro filhos e natural de Oswaldo Cruz, no interior do Estado.
Chegou à capital paulista em 1976, e em 1998 criou a Poit Energia, empresa dedicada ao aluguel de grupos de geradores, que fornece energia elétrica aos principais projetos de implantação de redes de telefonia móvel do País.
Depois de muito assédio, a mesma foi vendida por Poit em 2012 pela bagatela de 450 milhões de reais para a Aggreko.
A revista Radar Magazine entrevistou o hoje presidente da SP TURIS para saber mais sobre a vida e carreira deste megaempresário e por que decidiu entrar para a vida pública.
RM – Como foi entrar para a vida pública?
Entrei na administração municipal em maio de 2013, aceitando um convite do Prefeito Fernando Haddad e do secretario de finanças Marcos Cruz.
Eles procuravam um empresário que havia sido provado, e que trouxesse profissionalização e empreendedorismo para dentro da prefeitura, para comandar a São Paulo Negócios. Não sou filiado a nenhum partido, sou do executivo e atualmente a acumulo a presidência das duas empresas: São Paulo Negócios e São Paulo Turismo.
RM – Qual foi sua trajetória profissional antes de fundar a Poit Energia?
Antes de ter essa grande empresa me aventurei em outras áreas, tive até loja de materiais de construção, mas foi na Poit Energia que alcei o voo mais alto.
RM – Você teve anteriormente algumas empresas que não progrediram como o Poit, por quê?
O tempo de aprendizado conta muito. Acredito que as outras não deram certo por conta da pouca experiência. Na Poit estava mais amadurecido e delegando as funções, o que me ajudou muito.
Aprendi que precisamos compartilhar. Acho também que na Poit me dediquei mais e não fiquei só “com a barriga no balcão”. Trabalhei muito e fui a fundo. A Poit deu certo porque consegui destaque entre as concorrentes, nossos diferenciais contaram muito.
RM – Como surgiu a Poit Energia? (que ano foi fundada?) Porque investir neste setor?
Fundei a Poit Energia em 1998. Eu percebi que havia demanda para o setor de aluguel temporário de energia. Havia falta de algo como aquilo no mercado. Comecei com um caminhão e um gerador de energia. A partir daí, fui crescendo e investindo cada vez mais e com o tempo, ganhei mercado.
RM -Em 2012 você vendeu a Poit Energia por 450 milhões para a Aggreko. Porque sentiu que era a hora de realizar esta venda?
No meu entender, os negócios não precisam ser para a vida toda. Boas ideias tem começo meio e fim.
Comecei a ser bombardeado por propostas e esta da Aggreko foi irrecusável. Senti que aquela era a hora e acho que fiz um negócio.
RM – Atualmente você ainda possui alguma participação na empresa?
Após a venda fiquei seis meses no conselho consultivo, e depois, em 2012, me desliguei totalmente.
RM – O que é preciso para empreender no Brasil? Como instituições como a Endeavor auxiliam para quem tem o sonho de ter um negócio próprio?
É preciso ser perseverante. Porque ninguém diz que na primeira tentativa vai conseguir. Para criar os diferenciais necessários e se distanciar da concorrência, é preciso sonhar grande e ouvir bastante o cliente. É necessário também encontrar uma boa engenharia financeira para fazer mais com menos e cercar-se de pessoas muito boas e até melhor que você, para que sobre tempo para o estratégico e não mergulhar tanto no dia a dia.
Outro detalhe muito importante é fazer direito desde o início, sem utilizar atalhos. Porque quem utiliza atalhos não consegue financiamento e sucesso.
RM – Como foi deixar o setor privado para assumir um cargo no setor público, como a presidência da São Paulo Negócios? Como tem sido seu trabalho a frente da empresa e quais projetos você destacaria?
Acredito que conclui meu trabalho no mundo privado. Para o setor público, espero poder contribuir ainda mais para o desenvolvimento do turismo, de eventos e negócios em São Paulo.
Acredito que o Prefeito acertou na vocação da cidade. Tenho grandes planos para a São Paulo Turismo e para a SP Negócios. O projeto que destaco na SP Negócios é a PPP da iluminação pública. Estamos trabalhando muito nisso e tenho certeza que será o grande gol dessa gestão.
Nosso objetivo é trocar toda a iluminação pública da cidade por lâmpadas de LED, que representa uma economia gigantesca. O projeto está caminhando e até o próximo ano isso deve se concretizar.
RM – Como foi o convite para assumir a São Paulo Turismo?
Eu não esperava. Foi uma surpresa! Senti-me honrado com o convite. Aceitei o desafio e acho que tenho muito a contribuir.
RM – Qual sua expectativa à frente da empresa de turismo e eventos da capital paulista?
Tenho grandes planos para a São Paulo Turismo. Entre as principais ações, quero destacar a ampliação do Anhembi para receber melhor e com mais conforto o investidor, começando pela área térmica, que reconheço precisa ser melhorada. Pretendo também dar uma cara nova ao Autódromo de Interlagos, explorando e valorizando mais o espaço, além de utilizar o sambódromo para outros fins além do carnaval, e ainda vender São Paulo para o mundo.
RM – Você possui o olhar do setor privado e agora experiência no setor público. Aliando estas duas visões, qual a importância das feiras de negócios e turismo de negócios para o desenvolvimento de São Paulo?
Essas feiras são extremamente importantes para a cidade. Tenho certeza que inúmeros negócios, envolvendo milhões de reais, foram concretizados nas dependências do Anhembi enquanto sediava esses eventos. Além disso, atrai um público muito interessante, o público investidor. Nosso desafio é impulsionar ainda mais essa ação e fazer com que esse turista de negócios permaneça mais tempo aqui, ou volte com a família para desfrutar da cidade.
RM – Existem planos de modernização do Anhembi? Sem a Expo 2020 continua de pé o projeto para a construção do novo Centro de Convenções em Pirituba?
Prefiro não acelerar as coisas por aqui (SP TURIS), prefiro falar com os pés no chão. Trata-se de uma decisão politica, pois é um terreno muito nobre e estamos conversando em várias reuniões sobre isso, mas neste momento o foco é uma área muito maior e melhor de eventos aqui. A construção do Centro de Convenções em Pirituba ainda está no radar dessa gestão, mas não é uma prioridade. O que queremos é ampliar o Anhembi, e com isso, atrair ainda mais feiras e eventos. E nossa ideia é “trocar o pneu com o carro andando”, ou seja, manter os eventos já contratados e realizar as melhorias ao mesmo tempo.
Fonte: Entrevista originalmente publicada na 19ª edição da Radar Magazine, publicação do Grupo Radar de Comunicação ao qual pertence também o Portal Radar