Desde o início da pandemia de Covid-19 no Brasil, os eventos foram paralisados, cancelados ou mesmo adiados, o que afetou a categoria de uma maneira imensurável, gerando um efeito cascata em todo o setor.
E, desde março, no Paraná, os eventos estão impedidos de acontecer, tudo através de decretos do Governo do Estado, o que vem gerando preocupação e prejuízos para empresários, como apontam as entidades representantes do setor, como a Associação Brasileira de Eventos no Paraná (Abeoc-PR) e os Convention & Visitors Bureaux.
E parece que em 2021 não será diferente, pois no dia 7 o Governo do Estado publicou no Diário Oficial um novo decreto proibindo atividades com mais de 25 pessoas até o fim de janeiro.
Para Fabio Skraba, presidente da Abeoc PR, a ação vai continuar prejudicando empresas e pessoas. “Com a impossibilidade de realizar congressos técnicos, científicos, feiras técnicas ou de varejo e corporativos pelo atual decreto do Governo do Estado do Paraná, amplia a angústia deste setor e causa um efeito negativo econômico em cadeia nas atividades características do turismo”.
Skraba ainda cita o efeito cascata da paralisação de grandes acontecimentos com impacto em mais de 500 setores, como hotéis, fornecedores de iluminação e som, transportes, bares, restaurantes e outros.
A mesma preocupação divide os Convention & Visitors Bureaux do Paraná, responsáveis por captar e fomentar atividades. Segundo dados das entidades, os prejuízos são enormes e eventos com realização neste ano correm o risco de serem cancelados pelas restrições a grandes acontecimentos impostas pelo Governo do Estado.
Somente em Curitiba, cerca 80 eventos foram cancelados no ano passado, somando 488 mil participantes que deixaram de estar na capital, o que gerou um prejuízo de R$165 mi ao turismo local.
Em Ponta Grossa, mais de 15 atividades foram canceladas, o que gerou prejuízo de mais de R$300 milhões somando todos os grandes eventos com pessoas de diversas partes do Brasil, como a Agroleite e a Feira Paraná.
De acordo com pesquisa da entidade, feita em maio, a maioria das empresas organizadoras de eventos de Ponta Grossa tiveram prejuízo entre R$30 e R$50 mil com as atividades canceladas ou adiadas entre março e abril, deixando de contratar cerca de 20 fornecedores.
No norte do Paraná, os prejuízos são semelhantes. Segundo o Londrina Convention, em 2019 o setor faturou cerca de R$157 mi com pequenos e médios eventos, gerando cerca de 3.500 empregos diretos e indiretos. Já a Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina (ExpoLondrina), soma 8 mil contratos e movimenta mais de R$600 milhões em apenas uma única edição.
Além disso, em uma pesquisa recente promovida pela entidade, há queda na receita das empresas do setor variando entre 70% e 100%. Além disso, a 60ª ExpoLondrina, marcada para abril do ano passado foi adiada para 2021.
Em Cascavel, o cenário também preocupa. Na cidade há cerca de R$300 milhões em prejuízos entre feiras e eventos menores cancelados ou adiados.
Entre os grandes eventos cancelados em 2020 no Paraná estão: ExpoLondrina, Expo Ingá, Smart City, Mercosuper, Agroleite, Congresso de Cardiologia, Feira Paraná, Expofrísia, Expoleite entre outros.
Em 2021 já se fala no adiamento do Show Rural marcado para acontecer entre os dias 22 e 26 de março.
CVBx discutem decretos
No dia 6, representantes dos Convention & Visitors Bureau se reuniram com a Abeoc-PR para discutir o novo Decreto Nº6.294 proibindo a realização de confraternizações e eventos presenciais com mais de 25 pessoas, excluídas da contagem crianças de até 14 anos, até o fim do mês.
No encontro online, os representantes debaterem as ações do Governo do Estado e lamentaram o formato de anúncio dos decretos, que acontece na quinta-feira, sem aviso prévio e sem ouvir o setor, o que faz atividades programadas serem canceladas ou adiadas sem tempo hábil.
Ainda foi discutido a falta de igualdade na proibição de eventos, onde os representantes pedem compreensão e uma análise apurada sobre os tipos de atividades, pois as empresas de eventos adotaram vários protocolos de prevenção ao Covid-19, como espaçamento entre cadeiras e mesas, controle das pessoas com cadastrado, aferição de temperatura e outros.
Em busca de uma maior representação nas tomadas de decisão do Governo do Estado em relação aos novos decretos, também ficou decidido que os representantes das entidades agendarão um encontro com o governador, Carlos Massa – Ratinho Júnior, solicitando autonomia às cidades em relação a como acontecerão os eventos.