Entrevista com João Paulo Picolo, CEO da NürnbergMesse Brasil
Como você avalia os prejuízos para o setor de eventos do Brasil com o COVID-19?
Esta é uma situação muito delicada, nunca o mercado passou por nada parecido. O setor de eventos, com certeza, foi muito afetado e está em um cenário delicado. Acredito que ainda é muito cedo para fazer um balanço e falar de prejuízos, mas, com certeza, será um ano difícil para todos, onde teremos que nos reinventar e repensar as ações. Este também é um momento de união para construir um setor mais resiliente. Estamos conversando todos os dias e estamos muito próximos com nossos expositores, associações, parceiros de mercado e até os concorrentes. O cenário ainda é muito incerto, todos estão revendo seus planos de ação e verificando o que pode ser feito, mas tenho esperança que sairemos dessa situação em breve e da melhor maneira possível.
E para a empresa, como está sendo o impacto do Novo Coronavírus na operação?
A nossa prioridade é a saúde de nossos funcionários, parceiros e clientes. Estamos trabalhando de home office, digitalizamos todas as plataformas internas e investimos bastante para que todos os funcionários consigam trabalhar com qualidade, saúde e eficiência mesmo de casa.
Além disso, depois de muito esforço, e não foram poucos, conseguimos novas datas para manter nossos eventos ainda em 2020, pois acreditamos que a feira é uma plataforma essencial de negócios e networking, ainda mais agora neste momento de crise. O mercado precisa dos eventos para se recuperar e voltar a apresentar resultados satisfatórios e de crescimento. Por isso, mesmo em uma situação muito delicada, estamos felizes de conseguir fazer estas manobras.
Estamos trabalhando bastante e tenho certeza que conseguiremos proporcionar boas soluções para todos. É importante ressaltar que estamos do lado da indústria e estamos dispostos a fazer muitas ações par ajudar nossos clientes.
Quais eventos foram adiados até o momento? Todos serão realizados ainda em 2020?
A FCE Cosmetique e a FCE Pharma serão realizadas em outubro, a Glass South America e a R+T South America acontecerão em novembro, todos estes estavam previstos para junho, e ainda estamos discutindo outros eventos. Estamos empolgados com estas novas datas, pois a economia deve começar a se recuperar no segundo semestre, como esperam os especialistas. Por isso, os eventos tornam-se uma ótima oportunidade para fechar negócios ainda para 2020 e prospectar também para o ano seguinte.
Nota da redação: Na última semana, após o fechamento desta entrevista, a promotora também anunciou o adiamento da PET South America e da PET VET para novembro
Os expositores dos eventos adiados, são empresas que – assim como todas as outras –enfrentaram problemas econômicos durante a crise do COVID-19. Eles seguem confirmados?
Este é um cenário complicado para todos, tanto para as promotoras quanto para os expositores, mas a NürnbergMesse Brasil acredita que nesses momentos difíceis os produtos mostram sua força e nessa hora que nos destacamos. Estamos muito próximos dos nossos clientes e o momento agora é de união, para fazer um ótimo evento ainda em 2020. Não há como promover um espaço de negócios eficiente em meio à pandemia. Seria irresponsável da nossa parte manter a data dos eventos.
Como está sendo o contato com os pavilhões para remarcação dos eventos? Falando de um aspecto geral e no seu ponto de vista, como será o calendário de feiras no segundo semestre? Terá espaço suficiente para todos os eventos?
A postura e o posicionamento dos pavilhões foram fundamentais neste momento e eu só tenho a agradecer aos nossos parceiros, do São Paulo Expo, que nos acolheram neste momento delicado. Eles foram muito profissionais e nos ajudaram a encontrar a melhor solução para nossos eventos. Agradeço muito a parceira e apoio ao longo de todos esses anos. Depois de muitas negociações e graças ao nosso relacionamento, conseguimos reposicionar todos os nossos eventos de junho que foram adiados, trazendo um respiro e um planejamento maior para nossos clientes.
Este é um momento delicado mesmo para o mercado de eventos e torço muito para que todas as promotoras consigam se readequar no calendário do segundo semestre, sabemos o quanto é difícil.
Neste período sem evento, serão feitas ações digitais para amenizar a lacuna deixada pela realização da feira? Se sim, quais?
Sim, teremos ações digitais para ajudar o mercado com muito material de qualidade. Além de postagens constantes de conteúdos relevantes sobre a indústria, feitos com institutos de pesquisa e associações, teremos webinars e dicas com grandes especialistas e consultorias para ajudar o mercado a sair dessa crise da melhor maneira possível. Criamos páginas de conteúdos e vamos fazer também encontros digitais para debates. Com certeza, estas ações têm muito a agregar.
Após toda a crise passar, quanto tempo você avalia para o setor se recuperar?
Não temos como estimar, as informações estão surgindo e mudando muito rápido, não só no Brasil como no mundo todo. Será um ano difícil, mas nós acreditamos na força do setor e esperamos que o segundo semestre seja melhor. Estamos investindo muito esforço e recursos para que possamos passar por este momento da melhor forma possível.