Exposição “Papéis Efêmeros: Memórias Gráficas do Cotidiano”, no Sesc Ipiranga, revela acervo inédito do Museu do Ipiranga

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Com curadoria de Chico Homem de Melo e Solange Ferraz de Lima, a mostra exibe cerca de 500 rótulos e materiais produzidos entre 1890 e o fim de década de 1990 cujo destino era o lixo

Entre os dias 9 de maio e 26 de agosto de 2018, o Sesc Ipiranga recebe a exposição “Papéis Efêmeros: Memórias Gráficas do Cotidiano”, com um acervo inusitado do Museu Paulista da Universidade de São Paulo, conhecido como Museu do Ipiranga. Com curadoria do designer Chico Homem de Melo e da diretora do museu Solange Ferraz de Lima, a mostra explora o design de impressos cujo destino mais comum é o descarte imediato após o uso.

“Durante um ciclo de oficinas em parceria, as equipes do Sesc Ipiranga e do Museu do Ipiranga descobriram a presença de documentos que não são esperados em um museu de história, como esses papéis efêmeros que integram muitas coleções de famílias de todas as classes. Esse foi o disparador para esta primeira exposição em conjunto, que motiva ambas as instituições a darem continuidade a essa pesquisa de possíveis recortes do acervo para projetos futuros”, revela Antonio Martinelli, gerente do Sesc Ipiranga.

Estarão expostas cerca de 500 peças gráficas que revelam hábitos e costumes dos brasileiros entre o ano de 1890 e o fim da década de 1990. “O que elas têm em comum é o fato do design muitas vezes não ser assinado, o uso de técnicas que já desapareceram, como a litografia e a tipografia, e o fato de essas peças lidarem com vários sentidos efêmeros, permitindo uma reflexão sobre o tempo” conta Solange.

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Grande parte do acervo pertence a Coleção Egydio Colombo (1955-2013), doada para o Museu do Ipiranga em 2003. O arquiteto e professor de História da Arte preservou, durante duas décadas, os mais variados rótulos e embalagens. Para a exposição, foram selecionados alguns papéis de balas, como Dulcora e Juquinha, santinhos católicos, filipetas de oráculos, rótulos de aguardentes, como Cascata, de fogos de artifício, como Caramuru, e de fósforos, como Gato Preto, entre outros.

“Conforme reuníamos o material, que foi complementado por coleções particulares, fomos expandindo o sentido de efêmero. Além dos itens de descarte rápido, estamos trazendo mídias que desapareceram, como as partituras com capas ilustradas utilizadas nos saraus entre as décadas de 1910 e 1930, assim como catálogos de moda do Mappin e cadernos de caligrafia”, explica Chico.

Todos esses itens foram agrupados em três eixos temáticos principais, Consumo, Educação e Cultura, e dois transversais, Técnicas de Impressão e Design. Além dos materiais presentes no cotidiano, a exposição traz peças icônicas, como cartazes de Andy Warhol, revistas de design nacionais e internacionais e capas clássicas de livros e discos.

Segundo os curadores, a mostra captura momentos importantes da história do design. É possível perceber, por exemplo, o aumento da presença da fotografia no século 20, substituindo as ilustrações, e, na educação, a valorização da imagem atrelada ao aprendizado, como no caso da cartilha Caminho Suave, que pregava a alfabetização por meio de figuras.