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Início Geral O papel dos líderes na economia da América Latina

O papel dos líderes na economia da América Latina

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Na manhã deste domingo, 19, no Hotel Transamérica Comandatuba ocorreu o Seminário LIDE do 14º FÓRUM DE COMANDATUBA, promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, evento realizado anualmente para tratar de política econômica, gestão empresarial e responsabilidade social que impactam o cenário nacional. Em 2015, os 350 empresários presentes, além de autoridades políticas, debateram O papel dos lideres no desenvolvimento econômico e social na América Latina.

Considerado o maior encontro empresarial do Brasil, o Fórum recebeu, entre outros convidados, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha; o ministro do Turismo, Henrique Alves; e o senador Romero Jucá. Também participaram das discussões os governadores de Goiás, Marconi Perillo; do Rio Grande do Norte, Robinson Faria; do Mato Grosso, Pedro Taques; o vice-governador de São Paulo, Márcio França; os presidentes do LIDE CULTURA e INTERNACIONAL, Celso Lafer e Luiz Fernando Furlan, respectivamente, e Washington Cinel, presidente da Gocil.

João Doria Jr. saudou os ex-presidentes, palestrantes do evento, Fernando Henrique Cardoso, do Brasil; Vicente Fox, do México; Luis Alberto Lacalle, do Uruguai; e Jorge Guiroga, da Bolívia; ressaltando o período em que esses governantes atuaram com decência e competência, exercendo a democracia em sua plenitude. “Eles são exemplos de presidentes experientes, que conseguiram manter elevada a bandeira da democracia, a liberdade de expressão e o empreendedorismo”, destacou.

Como tradição no Fórum de Comandatuba, João Doria Jr. inicia o evento dando foco à Educação, com a apresentação de Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna. Vivine clamou a plateia sobre a urgência em se promover uma revolução na Educação. “Não há cidadania sem educação. Se quisermos ver o futuro do Brasil é só olharmos as salas de aula hoje, onde nada mudou. Enquanto isso, em apenas algumas décadas, observamos uma revolução científica e tecnológica sem precedentes em todas as áreas. Tudo mudou muito, menos na educação, que parou no tempo e está estacionada no século XIX, especialmente para o cliente – o aluno –, que também mudou”, ressaltou Viviane.

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“Nosso grande desafio é trazer a escola do século XIX para o século XXI. Precisamos levar essa revolução para a escola – não apenas com equipamentos e tecnologia -, mas também mais conhecimento em todas as disciplinas, como a neurociência, que é absolutamente ignorada na escola. “Como podemos ignorar o cérebro, que é o palco onde ocorre toda a aprendizagem?”, indagou Viviane.

 

Debate

Ao ser questionado sobre uma possível restrição à liberdade de imprensa, FHC explicou que é muito difícil mudar e é uma instituição consolidada como o Brasil. “A liberdade de imprensa é a vida da democracia. A restrição à ela nunca vai acontecer neste País”, reforçou.

Sobre como ressuscitar o Mercosul, FHC disse que a burocracia atrapalha muito. “Vamos expandir mais e criar uma zona de livre comércio. Temos capacidade produtiva efetiva e temos que dar passos adiante. O México é outro grande país da América Latina e temos que estar mais próximos deles e também não temer discutir com os EUA. Já passou da época de não podermos enfrentar os grandes, pois já somos grandes. Estamos encolhendo até na AL, assim não dá!”

Questionado se fosse presidente, FHC lembrou que na sua gestão, também enfrentava problemas:  escândalo dos anões, inflação galopante e CPI. “Tinhamos que enfrentar e mudar. E a primeira coisa a ser feita foi ganhar credibilidade. Sem isso, nada feito. Outra coisa fundamental é ter humildade e diálogo para fazer o ajuste econômico. Aprendemos com o plano cruzado então sabíamos o que fazer. Nossa estratégia foi expor o futuro à população e a mídia foi fundamental. Não existe êxito econômico sem uma boa gestão e comando político”, ressaltou.

Comentando a liberação da maconha no Uruguai, FHC afirmou que quando se proíbe, floresce o mercado negro e não se reduz o consumo. O pior é a violência gerada pelos controladores do contrabando da droga. “Deve haver regulação e fortes campanhas para redução do consumo. É preciso ter coragem para enfrentar o problema, rever políticas e isso leva tempo”, finalizou.

No final do evento, os ex-presidentes reforçaram seu repúdio pelos arbítrios da Venezuela e clamaram pela integração.

 

Fernando Henrique: o país ficou isolado do ponto de vista de acordos

Dando início às apresentações, João Doria Jr. se referiu ao ex-presidente FHC como um dos maiores nomes da vida pública de todos os tempos, cuja visão de grandeza é apartidária, de se governar para todos. “Não nos orgulhamos do Brasil que ai está. E essas lideranças estão aqui para compartilhar experiências e mostrar que é possível administrar sem roubar”, afirmou.

Fernando Henrique Cardoso em sua exposição reforçou que “antes de mais nada queremos mais e não menos democracia; mais integração; e mais liberdade para viver melhor”. À época do seu governo, lembra, tinha uma proposta desafiadora e o Brasil custou muito a entender e se organizar. Hoje, o mundo econômico e político está muito diferente. “Neste momento, tenho a sensação que a visão que o Brasil tem perante o mundo encolheu. O País ficou isolado do ponto de vista de acordos bilaterais, nossa liderança não teve capacidade de escolher, ficando submetida à defesa – a culpa é desse ou daquele país. O que vemos agora é que a população não reconhece a legitimidade do governo ou pelo menos não confia nela”, salientou.

“A maneira de crescer e desenvolver mudou. Quem falava em meio ambiente? Hoje, não basta crescer, tem que crescer certo de maneira que se respeite a natureza, o meio ambiente”, exemplificou.  FHC foi enfático ao afirmar que para liderar é preciso tomar partido, escolher, ter coragem e lutar pelo que se acredita, mas acima de tudo, com sinceridade, almejando um bem maior e não pessoal. “Democracia é fundamental, mas as pessoas querem melhorar de vida: ter saúde, educação, segurança, bons serviços públicos”, concluiu.

O ex-presidente da Colômbia, e senador Álvaro Uribe, que não conseguiu estar presente ao Fórum este ano, enviou uma mensagem onde afirmava: a América Latina tem várias oportunidades e grandes desafios. O mundo vai necessitar de 50% mais de alimentos até 2030, em relação ao produzido em 2010. A oferta de água potável e energia deverá ser 40% maior. A América tem capacidade para atender essas grandes demandas da humanidade e o Brasil, em especial, tem muito potencial para supri-las. “Proponho  uma reflexão para abandonar a ideia de uma AL dividida em esquerda e direita. Falemos de valores democráticos caracterizados por segurança, políticas sociais, instituições independentes e pluralismo participativo para a expressão da sociedade. A segurança é um direito da sociedade – não é da esquerda, nem da direita”.

Em seu discurso, o ex-presidente da Bolívia, Jorge Quiroga, lembrou que todos os países da América Latina têm problemas internos semelhantes. “Temos que enfrentar desafios que envolvem a integração regional, trabalhar o valor agregado dos produtos a serem comercializados em diferentes mercados e incentivar a capacidade que temos de gerar e fornecer energia barata. E nesse contexto o Brasil exerce um papel central”, disse. Segundo Quiroga, é necessária a integração regional para promover uma revolução nos acordos comerciais, mas isso deve ser rápido. “Integração pelo Mercosul não funciona”, afirmou. “Para crescer é preciso subir a montanha para se conseguir ver o amanhecer e o nascer do sol, com liderança. E que o Brasil recupere seu tamanho e pujança como na época de FHC”, finalizou.

Segundo Vicente Fox, ex-presidente do México, dois pilares são fundamentais no exercício da democracia: propósito e desempenho. “Temos que ser líderes compassivos, ter espírito empreendedor, sempre com o propósito de uma causa superior. Batalhamos muito com os mesmos problemas para vencer a pobreza e gerar riquezas. Temos que ser rápidos, exportar mais, educar mais, ter mais infraestrutura. Nossas democracias têm que ser mais eficazes e cada um tem que assumir o compromisso com a educação,  geração de empregos  para ter eficiência de gestão”.

O ex-presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle, afirmou que governar não é encontrar soluções fáceis. “Não é preto ou branco – temos diferentes tons de cinza”, disse. “Não cultivo a modéstia e sim a humildade. A humildade do governante é saber que não terminará algo que iniciou. E o poder político se exerce sozinho, pois a última palavra é a do líder”, destacou. O ex-presidente também sugeriu acabar com o Mercosul e criar uma integração mais perene e finalizou afirmando que a liderança requer participação, não ser egoísta e ter clara a concepção de bem e serviço públicos.

Octavio Neto faz uma entrevista exclusiva com FHC
Octavio Neto faz uma entrevista exclusiva com FHC

No próximo Radar Television Octavio Neto trará a cobertura completa de tudo o que aconteceu no Fórum de Comandatuba e como ex-presidentes de importantes países do Mercosul compartilharam suas ações à frente do governo de seus países, entre eles Fernando Henrique Cardoso. O ex-presidente deu uma entrevista exclusiva ao Radar Television, e falou sobre a atual crise do governo, economia e muitos outros assuntos.

 

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